Economia

Dólar fecha em queda de 0,54% a R$ 2,18; Bolsa perde mais de 1% puxada por OGX

Autoridade monetária anunciou mais três leilões para rolar contratos de swap cambial que vencem em 1º de novembro

SÃO PAULO - Com o anúncio de que o Banco Central fará mais três leilões para rolar contratos de swap cambial que vencem no dia 1º de novembro, o dólar comercial fechou em queda frente ao real nesta sexta. A divisa americana se desvalorizou 0,54% frente ao real, sendo negociada a R$ 2,187 na compra e R$ 2,189 na venda. Na máxima do dia, o dólar foi negociado a R$ 2,193 (baixa de 0,36%) e na mínima bateu em R$ 2,182 (queda de 0,86%). Na semana, o dólar terminou com alta de 0,6%, enquanto no ano a moeda americana se valoriza 7,15% frente ao real.

Nesta semana, já foram realizados três leilões de rolagem, mas o BC só havia renovado 33% dos contratos que vão expirar na próxima semana. Isso deixou os investidores temerosos de que a autoridade monetária não rolaria todo o lote de contratos que vence em novembro e totaliza US$ 8,8 bilhões. Com isso, a pressão sobre a moeda americana aumentou e o dólar voltou ao patamar de R$ 2,20 na quinta-feira, pela primeira vez em duas semanas.

- Se o BC não anunciasse novos leilões de rolagem, certamente o dólar abriria a sessão a R$ 2,22. Mas com a notícia o dólar recuou - avalia Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio da corretora Treviso.

Galhardo lembra, entretanto, que o BC anunciou as datas dos leilões, mas ainda não divulgou os lotes a serem renovados. Na prática, isso significa que a autoridade monetária pode não fazer a rolagem total dos contratos que vão vencer e totalizam US$ 5,8 bilhões.

Na visão do mercado, um dólar a R$ 2,20 parece ser tolerado pelo Banco Central, já que alivia pressões inflacionárias.

- Aparentemente há interesse do mercado por todo o lote, mas isso não significa que o BC rolará todos os contratos. Acredito, entretanto, que se forem rolados 60% do total, a pressão altista sobre o dólar será menor do que a que vimos ontem, quando a moeda americana voltou ao patamar de R$ 2,20. O BC pode também rolar apenas parte do lote contando com a entrada de recursos do leilão de Libra - acredita Galhardo.

Os contratos de swap cambial tradicional são usados para fazer hedge (proteção) no mercado futuro contra as oscilações da moeda americana.

Nesta sexta, o BC também realizou mais um leilão de linha, em que oferece dólares no mercado à vista com compromisso de recompra futura. Foi ofertado US$ 1 bilhão ao mercado e a taxa de recompra ficou em R$ 2,296. Realizado em dois lotes, o BC vendeu apenas o segundo lote com data de recompra em 3 de junho de 2014. No primeiro lote, que tinha recompra em 4 de fevereiro do ano que vem, a oferta não foi vendida. O leilão faz parte do programa do BC para reduzir a volatilidade da divisa e que vai até dezembro.

Ações do Banco do Brasil sobem; Ibovespa cai mais de 1%

Na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), o principal índice do mercado de ações brasileiro, o Ibovespa, fechou em queda de 1,32% nesta sexta-feira aos 54.154 pontos e volume negociado de R$ 5,4 bilhões. Não fosse a queda de 19% dos papéis da OGX, o Ibovespa estaria no azul, segundo analistas. Na semana, o índice perdeu 3,4%, enquanto em outubro ainda sobe 3,4%. No ano, o Ibovespa se desvaloriza 11,15%.

- Os papéis da OGX voltaram a pesar sobre o Ibovespa. Hoje, o índice estaria positivo não fosse a queda expressiva da petroleira de Eike Batista - diz um operador de Bolsa.

As ações ordinárias do Banco do Brasil subiram 1,16% a R$ 28,68, no pregão desta sexta-feira, após o governo elevar o limite de participação estrangeira no banco de 20% para 30%. Na máxima do dia, as ações do banco chegaram a ser negociadas a R$ 29,07, uma valorização de 2,57%. No ano, os papéis do banco se valorizam 20,6%, enquanto no mês de outubro o ganho é de 10,94%. Os American Depositary Receipt (ADRs), recibos equivalentes a ações negociados no mercado de balcão americano, subiam 1,81% a US$ 13,26 no final da tarde.

Atualmente, a participação de investidores estrangeiros no capital do banco já estava entre 18% e 19%, tendo atingido um pico neste ano de 19,97%. Essa é a terceira vez que o limite da participação de estrangeiros no capital do banco é ampliado. A primeira vez foi em 2006, quando o teto subiu de 5,6% para 12,5%. Em 2009, o limite foi ampliado para 20% e agora para 30%.

Para o analista de bancos da consultoria Austin Rating, Luis Miguel Santacreu, o aumento do limite da participação dos estrangeiros no BB vai agregar valor às ações, já que amplia o espaço de negociação dos papéis no exterior.

- As ações do Banco do Brasil ganham mais liquidez. O BB está se internacionalizando, expandindo sua atuação na América Latina e nos Estados Unidos. Ampliar a participação dos estrangeiros vai na direção dessa estratégia, já que os papéis ganham mais liquidez lá fora - diz o especialista.

Ele afirma ainda que se o BB precisar fazer um aumento de capital terá mais espaço no exterior para captar os recursos, além do mercado local. O vice-presidente financeiro e de relações com investidores do banco, Ivan Monteiro, informou que não está prevista a emissão de novas ações.

Santacreu lembra que ao ganhar mais valor de mercado com o aumento do fluxo de estrangeiros, o BB também começa a se adequar à mudança de metodologia do Ibovespa, o principal índice de ações do mercado brasileiro.

- Pela nova metodologia do Ibovespa, que começa em 2014, as ações com maior valor de mercado é que farão parte do índice. Atualmente, o critério é de liquidez - diz Santacreu.

Para os analistas da XP Investimentos, a notícia do aumento do limite para estrangeiros é positiva para os papéis do banco.

"A notícia é positiva para o Banco do Brasil, já que pode haver um fluxo maior de recursos de investidores estrangeiros comprando as ações da instituição”, diz o estrategista da XP Investimentos, William Cunha.

Ações da OGX despencam

A maior queda do pregão foi apresentada pelos papéis ON da OGX. Segundo notícia publicada pelo jornal Valor não houve acordo entre os acionistas e os credores internacionais na última reunião. A expectativa era que esses credores transformassem a dívida em participação acionária. Recentemente, a OGX deixou de pagar US$ 45 milhões em juros aos portadores de títulos da empresa no exterior. Se não houver acordo, a empresa será declarada inadimplente. Com isso, fica maior a chance de a empresa entrar com pedido de recuperação judicial. Os papéis da empresa recuaram 19,44% a R$ 0,30.

Segundo o jornal "Wall Street Journal", a empresa deve entrar em recuperação judicial em no máximo uma semana. A situação se agrava já que, sem caixa, fornecedores não estariam assinando novos contratos com a empresa. No processo de recuperação judicial, a OGX terá que apresentar um plano à Justiça mostrando que tem capacidade de se reestruturar.

Entre as demais ações mais negociadas do Ibovespa, Vale PNA terminou o pregão estável a R$ 32,25, enquanto as ações PN do Itaú Unibanco caíram 0,51% a R$ 33,01 e os papéis PN do Bradesco caíram 0,64% a R$ 32,18.

A queda do Ibovespa foi limitada pela alta das ações da Petrobras. Os papéis ON subiram 1,41% a R$ 17,30, a terceira maior alta do Ibovespa, enquanto as ações ON subiram sobe 1,86% a R$ 18,58, a segunda maior alta do Ibovespa, após a empresa ter anunciado que a produção média diária subiu para 1,979 milhões de barris, em setembro, uma elevação de 3,7% em relação a agosto. A Petrobras também divulga seu balanço referente ao terceiro trimestre após o fechamento do mercado e a expectativa é que o lucro fique em torno de R$ 5 bilhões.

No mercado futuro de juros, os contratos de depósitos interfinanceiros (DIs) fecharam em queda, acompanhando o dólar, e o recuo das taxas dos Treasuries, títulos americanos de dez anos. A taxa do DI para janeiro de 2015 caíu de 10,52% para 10,47%, enquanto a taxa do contrato para janeiro de 2017 recuou de 11,37% para 11,28%. Os papéis com vencimento em janeiro de 2014 ficaram estáveis a 9,57%.

Nos EUA, Bolsas abrem em alta

Na Europa, as Bolsas fecharam sem sentido único. O índice Dax, da Bolsa de Frankfurt, subiu 0,02%; o índice Cac, da Bolsa de Paris, caiu 0,22% e o FTSE, principal índice da Bolsa de Londres, teve alta de 0,16%. Dados mais fracos da economia da zona do euro deixaram os investidores cautelosos. Após cinco altas consecutivas, o clima dos negócios na Alemanha recuou em outubro. O índice Ifo atingiu 107,4 pontos no mês passado, um recuo de 0,3% em relação ao mês anterior. O componente que mede o sentimento em relação à situação atual permaneceu praticamente estável; enquanto as expectativas caíram 0,6%.

Além disso, continuam as preocupações com juros mais altos e aperto de liquidez na China, o que refletiria num crescimento menor do país. Na Ásia, a Bolsa japonesa recuou 2,75%.

Nos Estados Unidos, índices acionários estavam em alta no fim da tarde: o S&P500 subia 0,39%; o Dow Jones se valorizava 0,34% e o Nasdaq tinha alta de 0,27%. Balanços mais positivos de empresas como Microsoft e Amazon animaram o pregão da Nasdaq. Também foi divulgado que o índice de confiança do consumidor medido pela Universidade de Michigan recuou para 73,2 em outubro, o mais baixo deste ano, enquanto analistas esperavam que o índice ficasse em 74.