O dólar fechou em alta sobre o real nesta terça-feira (1º), com investidores atentos ao embate fiscal nos Estados Unidos e à perspectiva para os juros domésticos.
A moeda norte-americana teve alta de 0,55%, cotada a R$ 2,2286 para a venda. Veja cotação
Durante o dia, contudo, a moeda operava sem tendência definida ante o real, alternando movimentos de alta e baixa.
A moeda norte-americana chegou a cair até R$ 2,1971 na mínima da manhã devido à expectativa de que o impasse orçamentário nos Estados Unidos leve o Federal Reserve a manter seu programa de estímulo monetário por mais tempo.
"Está se caracterizando um piso informal em torno de R$ 2,20. Toda vez que bate nesse patamar, o dólar logo volta a subir", disse o superintendente de câmbio da Advanced Corretora, Reginaldo Siaca, à Reuters.
A queda inicial do dólar também refletia o interesse de investidores estrangeiros pelo rendimento de ativos brasileiros. Na véspera, o Banco Central elevou sua previsão de inflação para o ano que vem, sugerindo que os juros básicos podem subir mais do que se esperava.
Além disso, a atividade industrial da China registrou crescimento abaixo do esperado em setembro, deixando os investidores mais cautelosos em relação aos ativos dos principais parceiros comerciais do país, entre eles, o Brasil.
Incertezas nos EUA
As discussões em torno do orçamento norte-americano devem continuar a ditar o ritmo dos negócios nos próximos dias. "Os investidores associaram as notícias dos EUA a um atraso na redução dos estímulos norte-americanos", afirmou à Reuters o economista-chefe do Espirito Santo Investment Bank, Jankiel Santos.
A disputa política em torno do orçamento dos EUA levou à paralisação parcial do governo norte-americano, elevando as preocupações com o futuro fiscal do país. Nas próximas semanas, o Congresso norte-americano terá de discutir a elevação do teto da dívida do país para evitar um default (calote).
Na semana passada, o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Jack Lew, alertou o Congresso que o país irá esgotar a capacidade de empréstimo até no máximo 17 de outubro, data em que o Tesouro terá apenas cerca de US$ 30 bilhões na mão.
Um dos argumentos utilizados pelo Federal Reserve para manter o ritmo mensal de compra de ativos em US$ 85 bilhões tem sido justamente as incertezas fiscais, que podem criar mais obstáculos para a recuperação econômica do país.
Parte dos recursos do afrouxamento monetária do Fed costuma migrar para países emergentes em busca de rendimentos mais elevados. A perspectiva de uma Selic mais elevada no ano que vem torna o Brasil um destino ainda mais atraente para estes recursos.
De acordo com o Relatório Trimestral de Inflação do BC, divulgado na segunda-feira, a inflação oficial deve subir 5,7%, ante estimativa anterior de 5,4%.
"A possibilidade de aumento da Selic leva a um ajuste no dólar, devido ao posicionamento de um juros um pouco maior", afirmou o gerente de câmbio da Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo, à Reuters.