Ameaçado, com medo de sair na rua com a família, acuado
pela própria torcida. Faltando 54 dias para o Brasil mostrar ao mundo como os
torcedores se comportam, as atitudes das torcidas organizadas ainda dão o que
falar. O desabafo emocionado de Fred no Esporte Espetacular gerou uma onda de
apoio ao atacante. Além de dirigentes de Fluminense, Cruzeiro e Palmeiras, jogadores
e até os atores Pedro Cardoso e Evandro Mesquita também se manifestaram de
acordo com as declarações de Fred. José Maria Marin, presidente da CBF, ligou
para o jogador e se disse indignado com a situação. Marin prometeu medidas
imediatas para não deixar o caso cair no esquecimento (assista ao vídeo).
- Liguei para o Fred. Ninguém pode aceitar qualquer tipo
de violência. A violência é sempre inoportuna, mas no momento em que a família,
a criança, está frequentando os estádios. É preciso ir muito além, mas cenas de
violência quando o pai procura proteger, abraçar, o seu filho menos para “proteger
da violência no estádio”. E esses maus elementos devem ser afastados da prática
esportiva o mais depressa possível. Mas eu sou favorável a uma punição severa -
afirmou Marin.
Depois da reportagem, o presidente Peter Siemsen, do
Fluminense, suspendeu o dinheiro que era destinado às torcidas organizadas,
seguindo o exemplo de Cruzeiro e Palmeiras. No clube mineiro, Gilvan de Pinho
Tavares enfrentou o problema sem medo, apesar de também receber ameaças pelo
telefone. Depois de uma reunião, o Conselho Deliberativo decidiu que as
torcidas não podem mais usar os símbolos do clube em suas camisas e bandeiras.
- Não rompemos com as torcidas organizadas. Rompemos com
aqueles bandidos, vândalos que faziam parte das organizadas. Chegamos à
conclusão que a própria direção de algumas torcidas organizadas estavam,
brigando entre si. Para você ter uma ideia: telefonavam na minha residência,
ameaçavam minha família, minha esposa. A mim, pessoalmente, não ameaçaram, mas
minha esposa ficou muito assustada a princípio - revelou Gilvan.
O presidente do Palmeiras, Paulo Nobre, passou por
situação semelhante. O clube rompeu qualquer relação com as facções desde o
episódio na Argentina, no ano passado, quando membros da Mancha Alviverde
tentaram bater nos jogadores no aeroparque Jorge Newbery, em Buenos Aires.
- Acredito que o tema torcida organizada é como um
vespeiro. O vespeiro, uma hora ou outra acaba entrando em erupção, saindo
abelha para tudo quanto é lado. O que queremos é que os organizados se provem
organizados. Eles precisam expurgar uma minoria de maus elementos que existem
dentro das torcidas. Esses maus elementos acabam contaminando o todo e aí, cada
vez mais, a opinião pública, o poder público vai acabar ficando contra as
uniformizadas. Hoje não existe briga, não existe nada. Apenas não existe
relação nenhuma - disse Paulo.
Emerson Sheik também se declarou contra as organizadas. A
relação do herói do Corinthians no título da Libertadores com as organizadas
começou muito bem. Mas, quando o rendimento do clube caiu, o jogador sentiu as
represálias. O atacante, recém-contratado pelo Botafogo, também foi ameaçado
durante uma invasão do Centro de Treinamento do Timão, em São Paulo.
- O torcedor acha que tem todo direito de reclamar no
estádio e até na porta do centro de treinamento também. A única coisa que eu
não concordo é quando passa do limite. Quando vira violência é caso de polícia
e aí são as autoridades que tem que resolve. Falei isso na época: acho que o
torcedor tem o direito de reclamar, passou disso, chama a polícia. Porque são
bandidos, não são torcedores.
Durante a semana, Fred participou das gravações da “Grande
Família” e conseguiu descontrair um pouco o clima de tensão. E o atacante percebeu que o assunto era sério
até mesmo para os comediantes Pedro Cardoso e Evandro Mesquita.
- Não tem porque levar o futebol para esse lugar da
violência. O futebol é brincadeira, é diversão, não é lugar para ter raiva de
ninguém. E nada contra o atleta que jogou mal, que perdeu. Não é porque ele
quis! Jogou mal, porque às vezes a gente joga mal. Tem dia que eu atuo mal -
afirmou Pedro, que interpreta Agostinho no seriado.
-Paz nos estádios aos torcedores de boa vontade - completou
Evandro.