Na casa de Januário Esnarde nada de água tratada. A água que a família usa para cozinhar, lavar roupa e tomar banho vem de um poço, que também é usado por outras famílias da aldeia Lima Campo, a 50 quilômetros do município de Ponta Porã, no sul de Mato Grosso do Sul.
O ano passado, a comunidade já enfrentava o mesmo problema. Na época, a Secretaria de Saúde Indígena, a Sesai, informou que faria a instalação da tubulação para a água tratada em 2013, mas as obras nem começaram.
Na área com 250 hectares vivem 75 famílias de índios guarani-kaiowá, mas apenas 11 delas recebem água em casa. Adacir é o filho mais velho de Maria Marculina. Ele tem seis anos e pesa menos de 10 quilos. A família também precisa retirar água do poço. A mãe conta que o filho está desnutrido e que a situação de saúde dele se agrava por conta da qualidade da água.
A única caixa d'água fica em um posto de saúde e tem capacidade para 20 mil litros. Apenas as famílias mais próximas recebem água em casa.
A falta de água obriga mais da metade da comunidade a ir até o córrego jatayvary, que significa local onde tem planta de jatobá. Muitos indígenas precisam andar quilômetros para chegar ao córrego.
O jatayvary fica bem na divisa da área indígena e fazendas de produtores de soja. Isso faz com que a preocupação dos indígenas com a qualidade da água aumente ainda mais, por causa do uso de agrotóxicos nas lavouras da região.
A assessoria de imprensa da Secretaria de Saúde Indígena informa que o processo de licitação para implantação da tubulação de água tratada na aldeia Lima Campo está aberta. As obras devem começar em dezembro e no total serão investidos cerca de R$ 300 mil.