No agreste de Alagoas, as chuvas estão voltando lentamente. No povoado Folha Miúda, no município de Craíbas, choveu nos 20 dias de novembro pouco mais de 20 milímetros, números considerados dentro da média histórica.
Na propriedade de Valdemar da Silva, a chuva que caiu nas últimas semanas trouxe de volta a esperança. Até dá pra ver o pasto despontando nas roças, mas o criador sabe que ainda não pode contar com isso para alimentar o rebanho de 30 vacas. Valdemar conta que segue investindo cerca de R$ 500 por semana na compra de ração.
Por toda a propriedade é possível encontrar ossadas de gado espalhadas em vários pontos. Quinze vacas do produtor rural morreram nos dois últimos anos em consequência da seca e ele não descarta a possibilidade de vender o restante dos animais.
Em Pernambuco, esta semana, o céu até escureceu, mas não deixou cair uma gota sequer de chuva na zona rural de Petrolina, sertão do estado.
Uma das maiores barragens da região, quando estava cheia, abastecia milhares de famílias. Hoje resta apenas um pequeno espelho de pura lama e nem os animais conseguem aliviar a sede.
Nos pastos, o capim secou e o único alimento disponível é o milho subsidiado pelo governo, que não é suficiente. Das 245 cabeças de caprinos que o criador Mário Nonato tinha antes da seca, ficaram menos de 50. Só esta semana morreram mais 16.
As cabras que sobreviveram estão muito magras, algumas sem força, mal conseguem ficar de pé. As vacas também perderam peso e há mais de um mês, a ordenha não é feita. O risco é de que falte leite para os bezerros. "A perda é grande, inclusive a perda emocional. A gente fica sem conseguir dormir", diz.
Em Brasília, o meteorologista Fabrício Silva, do Inemet, Instituto Nacional de Meteorologia, explica a previsão de chuva para os próximos meses. Confira a entrevista no vídeo com a reportagem completa.