24/11/2013 09h00 - Atualizado em 25/11/2013 10h53

Condições de trabalho rural melhoraram, mas ainda há problemas

Cortadores de cana migram para São Paulo nos meses de safra.
Apesar da mecanização, cerca de 1/4 da cana ainda é colhida no braço.

Do Globo Rural

Em São Paulo, a colheita da cana vai de abril a novembro. Nesse período, os canaviais recebem uma multidão de trabalhadores, que vem do Nordeste, de estados como Ceará, Maranhão e Pernambuco.

No município paulista de Piracicaba, os cortadores de cana são todos contratados por um consórcio de agricultores, que são fornecedores das usinas. É gente que tem lavouras pequenas ou médias e, muitas vezes, em terreno acidentado, onde colheitadeira não entra.

Segundo o administrador do consórcio, José Francisco da Silva Filho, os colhedores são contratados antes de vir para São Paulo com as explicações sobre o salário, transporte e moradia.

Neste local já não se faz mais a tradicional queimada da cana, antes da colheita e a partir do ano que vem, a prática será proibida em todas as lavouras mecanizáveis de São Paulo para evitar fumaça e poluição. Sem queimada, o canavial fica cheio de palha, o que dificulta o serviço.

Nascido e criado em Jatobá, no Maranhão, Danilo da Silva está em sua primeira temporada de corte. Ele veio para São Paulo incentivado por um tio, Francisco da Silva, conhecido como Fernandes, que está na sexta safra.

Um cortador experiente como Fernandes consegue uma renda mensal de R$ 1,4 mil. Já um principiante, como Danilo, ganha perto de R$ 1,1 mil. A diferença é porque, aqui também, o salário depende da produção.

Com uma ferramenta, um fiscal da turma vai medindo as linhas de cana que foram cortadas por cada volante. Por cada metro colhido, o trabalhador recebe R$ 0,30.

Como o trabalho na lavoura começa cedo, o almoço não pode demorar. Pouco mais de 11 da manhã e todo mundo já está reunido comendo e descansando um pouquinho.

A comida foi preparada cedinho pelos próprios cortadores. Todos almoçam a sombra e sentados. Além do salário, cada volante recebe uma cesta básica por mês.

Seguindo as leis trabalhistas, o almoço dura pelo menos uma hora e a jornada toda de trabalho, não passa de 7 horas e 20 minutos. Além disso, os trabalhadores contam com banheiro, que fica no ônibus, têm direito a água fresca e algumas pausas ao longo do dia.

Adair Lobato, do Ceará, já cortou 15 safras de cana e lembra que no passado a situação era outra.

A evolução nas condições de trabalho se espalha pela maior parte dos canaviais brasileiros, mas o setor ainda convive com sérios problemas.

Confira o vídeo com a reportagem completa e os problemas encontrados pelo Ministério Público do Trabalho nas colheitas da cana, do café e da laranja e ainda as dificuldades da vida de migrante: a saudade da família.

 

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