05/12/2013 08h46 - Atualizado em 05/12/2013 13h43

Inflação perdeu força, mas segue acima da meta, aponta BC

Meta do governo para a inflação é de 4,5% para este ano.
Expectativa do mercado é que BC reduza ritmo de alta da Selic.

Alexandro MartelloDo G1, em Brasília

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central afirmou nesta quinta-feira (5), em ata da sua última reunião, que elevou a taxa de juros para 10%, que a projeção para a inflação deste ano caiu, mas permanece acima da meta do governo, de 4,5% .

"A projeção para a inflação de 2013 diminuiu em relação ao valor considerado na última reunião, porém, permanece acima da meta de 4,5% fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN)", diz o BC na ata.

(Correção: ao ser publicada, esta reportagem informou incorretamente que o BC havia retirado da ata o trecho "O Copom entende ser apropriada a continuidade do ritmo de ajuste das condições monetárias ora em curso". A frase deixou de ser destacada na ata, como nas edições anteriores, mas continua no texto. A reportagem foi corrigida às 9h26.)

Para 2014, a projeção se manteve estável no cenário de referência (que considera taxas de câmbio e juros estáveis), acima da meta de 4,5%. Para o terceiro trimestre de 2015, a inflação também se posiciona acima da meta.

Juros
Após elevar seis vezes a taxa básica de juros, o Copom manteve a avaliação de que a política monetária (definição dos juros básicos da economia) segue "especialmente vigilante", de modo a minimizar riscos de que níveis elevados de inflação, como o observado nos últimos doze meses, persistam no horizonte relevante para a política monetária.

No documento, o BC também manteve a avaliação de que considera apropriada "a continuidade do ritmo de ajuste das condições monetárias ora em curso". A frase, no entanto, perdeu destaque no texto.

Porém, acrescentou a seguinte observação: "Ao mesmo tempo, o Comitê pondera que a transmissão dos efeitos das ações de política monetária para a inflação ocorre com defasagens".

A taxa básica da economia vem subindo desde abril, quando estava em 7,25% ao ano (mínima histórica). Até o momento, foram seis elevações seguidas que, ao todo, somaram 2,75 pontos percentuais – visto que a taxa está, atualmente, em 10% ao ano.

O mercado financeiro acredita, até o momento, em duas novas altas de juros em 2014, sendo a primeira delas justamente em janeiro do ano que vem. Entretanto, os próprios analistas já preveem uma redução do ritmo de crescimento do juro básico.

A expectativa é que o Copom suba a taxa Selic, em janeiro, de 10% para 10,25% ao ano – uma elevação de 0,25 ponto percentual (metade do ritmo implementado nos últimos meses). A outra elevação aconteceria, na estimativa dos analistas do mercado, somente em dezembro do ano que vem – quando a taxa subiria para 10,50% ao ano, patamar no qual encerraria 2014.

Comunicado do Copom
No comunicado divulgado após a reunião do Copom, na semana passada, a autoridade monetária alterou um pouco o discurso ao retirar a avaliação de que a alta de juros contribuiria para "colocar a inflação em declínio e assegurar que essa tendência persista no próximo ano". Essa frase constava nos últimos quatro comunicados (reuniões entre maio e outubro deste ano).

selic-10-materia (Foto: Arte/G1)

 

Repasse da alta do dólar
O Copom manteve a avaliação, porém, de que a alta do dólar e a volatilidade (sobe e desce) da taxa de câmbio, verificadas nos últimos trimestres "ensejam uma natural e esperada correção de preços relativos" (alta da inflação).

"Para o Comitê, esses movimentos nos mercados domésticos de divisas, em certa medida, refletem perspectivas de transição dos mercados financeiros internacionais na direção da normalidade, entre outras dimensões, em termos de liquidez (quantidade de dólar disponível) e de taxas de juros. Importa destacar ainda que, para o Comitê, a citada depreciação cambial constitui fonte de pressão inflacionária em prazos mais curtos. No entanto, os efeitos secundários dela decorrentes, e que tenderiam a se materializar em prazos mais longos, podem e devem ser limitados pela adequada condução da política monetária", repetiu o BC.

Metas de inflação
Pelo sistema de metas que vigora no Brasil, o BC tem de calibrar os juros para atingir as metas pré-estabelecidas, tendo por base o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), apurado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Para 2013 e 2014, a meta central de inflação é de 4,5%, com um intervalo de tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo. Deste modo, o IPCA pode ficar entre 2,5% e 6,5% sem que a meta seja formalmente descumprida.

O presidente do BC, Alexandre Tombini, tem afirmado, porém, que a inflação teria queda neste ano frente ao patamar registrado em 2012 (5,84%) e novo recuo no ano de 2014.

Shopping
    busca de produtoscompare preços de