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Trabalho de filosofia em escola estadual classifica PM como ‘grande problema na atualidade’

Cartaz que está exposto em escola de Sorocaba causou polêmica em rede social; PM repudiou trabalho

Cartaz de trabalho escolar causou polêmica
Foto: Reprodução/Twitter PMSP
Cartaz de trabalho escolar causou polêmica Foto: Reprodução/Twitter PMSP

SÃO PAULO - Um cartaz de um trabalho de alunos de uma escola estadual de Sorocaba, interior de São Paulo, classifica a Polícia Militar como um "grande problema na atualidade usando a força para obter melhores resultados" e causa polêmica nas redes sociais. O cartaz é ilustrado com uma charge de um policial com uma cabeça de caveira, com a farda da Rota (Rondas Ostensivas Tobias Aguiar), segurando como prêmio um morto dentro de uma bandeja e traz os dizeres ‘pelos relevantes serviços prestados”. A PM repudiou o banner e classificou a charge como “infeliz”. Alunos, por outro lado, criaram uma hashtag de apoio ao professor de filosofia, que coordenou os trabalhos.

O trabalho, intitulado “Violência Policial”, foi realizado durante as aulas de Filosofia por estudantes da Escola Estadual Professor Aggêo Pereira do Amaral. No cartaz, que detalha as etapas do projeto, cita na conclusão que “os policiais acabam sendo considerados um grande problema na atualidade usando a força para obter melhores resultados". Ainda segundo o cartaz, o trabalho teve como base reportagens publicadas em jornais e em pesquisas na internet. No facebook, a foto do banner teve cerca de 434 compartilhamentos até o momento.

“Não queremos acreditar que, em pleno século XXI, profissionais da área de ensino posicionem-se de maneira discriminatória, propagando e incutindo o discurso de ódio em desfavor de profissionais da segurança, estimulando seus alunos a agirem sem embasamento e direcionando-os de acordo com ideologias anacrônicas, que em nada contribuem para a melhoria da sociedade”, diz trecho da nota da PM.

A corporação diz ainda que “A Polícia Militar de São Paulo e seus policiais, retratados numa infeliz charge, sempre difundida por determinados e conhecidos grupos, sempre foi e será grande defensora dos Direitos Humanos e dos deveres morais, éticos e legais da sociedade. A Polícia Militar está, como sempre esteve, de portas abertas a quem quiser conhecê-la e repudia a postura do infeliz professor, caso efetivamente tenha ocorrido esse erro lastimável”.

Em nota, a Diretoria Reginal de Ensino de Sorocaba informa que o trabalho “apresenta a ideia e conclusão de alunos sobre violência após leitura do livro Vigiar e Punir, do filósofo Michel Foucault, e de reportagens de veículos de comunicação” e que “o trabalho não reflete a opinião do professor ou da instituição de ensino”. O projeto, segundo a diretoria, “tem cunho pedagócio e estabelece a discussão sobre determinado tema, visando orientá-lo sem cercear o direito de livre expressão”.

Contatato por meio de uma rede social, o professor de filosofia não respondeu à mensagem. Em uma rede social, um aluno da escola disse que o cartaz faz parte de um trabalho sobre o sistema penitenciário brasileiro. Pelo direito à liberdade de expressão, os estudantes criaram a hashtag #SomosTodosValdir.