"Quanto mais contraditório o papel, melhor para o ator", diz Tony Ramos sobre o filme "Getúlio", em que interpreta o controverso ex-presidente do Brasil. Ramos, Drica Moraes e Alexandre Borges e o diretor João Jardim participaram de evento de divulgação do filme nesta segunda-feira (14), em São Paulo.
em São Paulo (Foto: Letícia Mendes/G1)
"O roteiro tem que me inquietar muito para eu querer atuar", afirma Tony Ramos. George Moura, roteirista do longa, se concentra nos momentos finais da crise que levou à morte de Getúlio, em agosto de 1954. Para o protagonista, a possibilidade de interpretar uma personalidade polêmica como Getúlio o atraiu ao projeto.
O filme de João Jardim estreia em 1° de maio deste ano. A data foi escolhida por conta dos discursos do Getulio aos trabalhadores, que aconteciam nesse dia. O orçamento do filme foi de R$ 6 milhões.
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Tony Ramos: 'Minha avó chorou'
"No dia que Getulio morreu, minha avó preparava a massa para fazer o bolo do meu aniversário. Eu me lembro de ela falar da morte e começar a chorar. Como bom aluno que fui, sempre li sobre Getúlio. O que mais entrou na minha cabeça quando li o roteiro foi tratar essa imagem de ditador. Sei quem foi Getúlio, também como um homem simples, de família. Ele era politico quando tinha que fazer discurso, mas no dia a dia não", diz Tony.
"O ator tem que ter humor, autocrítica exarcebada, quebrar amarras. Mas tem que ser com muita técnica, senão vira melodrama", diz Tony.
João Jardim: 'Falar do Brasil'
"Queria falar do Brasil, nao só do Getúlio. E essa história ainda ecoa muito forte. Ainda bem que conseguimos lançar num ano de eleição. O filme tem uma discussão contemporânea. Escolhi o Tony porque Getúlio era muito reservado e carismático ao mesmo tempo, exalava simpatia, daí logo pensei nele. Foi um processo de sedução longo. Esperei ele terminar a novela. Sempre vi a Drica como Alzira. Fiz de tudo pra tê-la. E o Alexandre porque precisava de uma pessoa com uma voz e figura poderosas", diz o diretor João Jardim.
"Estudei como fazer o Palácio do Catete e a música serem personagens. A música foi muito dificil de fazer porque não podia deixar o Getúlio tão bonzinho. Tinha que criar o clima e depois parar. A composição da trilha foi o que atrasou a finalização", diz o diretor.
Lacerda no filme 'Getúlio' (Foto: Reprodução)
Alexandre e Drica: Inimigo e família
"Desde que comecei a fazer cinema, pensei que um dia poderia fazer o Lacerda. Era um cara que combatia a corrupção, um jovem que pensava o Brasil de outra maneira e temia o viés ditatorial. A partir do atentado, ganha muita popularidade, e depois do suicídio do Getúlio, foge e é ameaçado, vira um vilão. A cena em que mais me concentrei foi quando ele recebe a noticia do suicídio, que mostra o lado humano e pessoal", diz Alexandre Borges.
Sobre a relação da Alzira com o pai Getúlio, Drica Moraes diz que o filme é uma mistura de thriller político com drama familiar. "Alzira representa um pouco a família Vargas. Foi muito comovente construir essa emoção, com as câmeras ligadas. É um trabalho que tem que estar presente no set."