Economia

Dilma admite que falta planejamento ao setor naval brasileiro

Operários desocupados com conclusão da P-58 poderão ser reaproveitados, diz presidente da Petrobras

RIO GRANDE – A presidente Dilma Rousseff admitiu nesta sexta-feira, em Rio Grande, durante a entrega da plataforma P-58 à Petrobras, que falta planejamento ao setor naval para evitar desemprego nos períodos de descontinuidade entre projetos. Segundo ela, não é possível haver desemprego no setor porque a demanda por equipamentos e navios é crescente a partir da exploração da camada prá-sal.

- Concordo com vocês. Vamos ter planejar para não ter esse problema de descontinuidade. Mas vocês (operários) têm de fazer esforço para que a gente entregue as coisas na data. Temos de fazer esse acordo: planejamos a construção, mas também planejamos a entrega. Porque não há a menor possibilidade de não haver empregos na indústria naval do Brasil, do Oiapoque ao Chuí - disse a presidente.

Segundo ela, o maior desafio do setor naval é "produzir com prazo e qualidade".

As declarações foram motivadas pelas críticas dos trabalhadores ao período de transição entre os projetos, que pode causar o desemprego de 8 mil operários. Só a P-58 envolveu a contratação de 5 mil trabalhadores diretamente e garantiu ocupação a 15 mil pessoas de forma indireta, segundo a Petrobras.

O diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de Rio Grande, Sandro Barros, citou Lula e Dilma por seis vezes num discurso de pouco mais de cinco minutos e se referiu a ela como "presidente amada". Mesmo assim, criticou a falta de planejamento da Petrobras, que "não evita esses meses (entre um projeto e outro) parados".

A presidente da Petrobras, Graça Foster, também procurou tranquilizar os operários do polo naval sobre a transição entre os projetos.Segundo ela, os trabalhadores liberados com a entrega da P-58 devem ser aproveitados em outros projetos da estatal, especialmente no Estaleiro Rio Grande (ERG).

- A Petrobras é quem define a movimentação das pessoas nesse mercado.Nosso acordo com as empresas é que recebam os trabalhadores lá (no ERG). Se não acontecer, podem falar comigo porque estou sempre aqui no Rio Grande - disse.

Mais 11 unidades serão licitadas em março

O primeiro óleo da área de Franco será produzido em dezembro de 2016, disse nesta sexta-feira a presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, durante discurso na cerimônia de conclusão das obras da P-58, no Estaleiro Honório Bicalho, em Rio Grande (RS).

- Em Franco, o primeiro óleo tem data, é dezembro de 2016 - declarou Graça Foster, como a CEO da Petrobras prefere ser chamada.

A estatal está construindo oito cascos e mais três navios-sondas no ERG. Graça Foster também anunciou que as obras das plataformas P-75 e P-77, que serão construídas no estaleiro Honório Bicalho, de onde foi liberada a P-58,começarão em março de 2014. Mais 11 unidades estacionárias de produção também serão licitadas a partir de março, dentro da meta da estatal de elevar a produção a 4,2 milhões de barris diários de petróleo até 2020.

- Todas (as plataformas) têm nome, endereço e telefone e já estão na nossa curva de produção. (As 11 plataformas) Têm dia e hora para entrar em operação - afirmou a presidente da Petrobras.

Por volta das 10h45min, a presidente chegou ao ERG onde cerca de 4 mil trabalhadores aguardavam a sua visita. No trajeto até o canteiro de obras, pela BR -392, uma faixa pedia que Dilma aproveitasse uma viagem à China para levar os chineses de volta. A faixa foi retirada antes que a comitiva presidencial passasse pelo local.A faixa fazia referência ao grande número de trabalhadores chineses que foram contratados pelas empresas polo naval de Rio Grande, principalmente nas funções de soldadores e moldadores.

No final de agosto, funcionários da Ecovix-Engevix ligados ao Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas, de Material Elétrico e de Construção e Reparo Naval do Rio Grande e São José do Norte fizeram uma paralisação na frente do estaleiro e uma das reivindicações era referente à presença de chineses.

No Estaleiro Rio Rio Grande Dilma esteve a área do Dique Seco, onde está sendo construido o casco da P-66 e, logo após, se dirigiu ao local onde os 4 mil trabalhadores estavam aguardando a sua chegada. A presidente ficou cerca de 15 minutos.

As 11h15 a comitiva presidencial chegou a Quip, onde foi concluida a construção da plataforma P-58.

Na portaria da Quip, um pequeno grupo de representantes do Sindicato dos Metalurgicos estenderam uma faixa de identificação e cartazes com reivindicações em relação a campanha salarial. Na chegada da comitiva presidencial, os representantes do sindicato temtaram ensaiar uma vaia, mas a passagem da comitiva foi bastante rápida.

Contratos na cidade superam R$ 2 bilhões

Antes da solenidade, Dilma inspecionou a plataforma junto com técnicos do consórcio construtor e da Petrobras. A visita da presidente à plataforma P-58 foi transmitida ao vivo para cerca de 2 mil operários, instalados no canteiro de obras do estaleiro, por dois telões. Graça Foster foi ovacionada pelos trabalhadores quando seu nome foi anunciado pelo sistema de som.

Com capacidade para produzir 180 mil barris por dia, a P-58 vai operar no campo de Baleia Azul, na costa do Espírito Santo. É a quarta plataforma a ser concluída no polo naval de  Rio Grande. A Petrobras tem mais três contratos sendo executados na cidade, em investimentos que superam R$ 2 bilhões.

Esta foi a sétima visita de Dilma ao Rio Grande do Sul em 2013, que ainda deve retornar ao estado em dezembro para a inauguração da Rodovia do Parque (BR 448).