A 21ª edição da Feira de Tecnologia Agrícola em Ação (Agrishow) terminou nesta sexta-feira (2), em Ribeirão Preto (SP), e manteve o faturamento de R$ 2,6 bilhões, registrado na edição do ano passado, segundo os dados divulgados pelo presidente do evento, Maurílio Biagi Filho. “Os números estão entre R$ 2,6 bilhões e R$ 2,7 bilhões”, afirmou em entrevista coletiva no encerramento da feira, que reuniu 161 mil visitantes. Os dados consolidados devem ser divulgados na próxima semana, mas são compatíveis com a realidade observada pelos fabricantes de máquinas agrícolas, que registraram queda na quantidade de equipamentos vendidos durante a feira, puxada pela crise no setor sucroalcooleiro.
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“O setor canavieiro puxou a quantidade de máquinas vendidas para baixo, mas o faturamento foi um pouco maior. Não fosse esse problema teríamos uma venda maior que a registrada”, disse Biagi Filho, que no lançamento da edição afirmou esperar um crescimento de 10% em relação a 2013.
A estiagem entre 2013 e 2014 também foi responsável pelo baixo crescimento. “O motivo para isso é 80% do setor de cana, que passa por uma fase atípica, mas há ainda as condições de clima, que fizeram muita gente perder colheitas”.
Apesar de anunciar no início da feira uma expectativa de crescimento 15% maior em comparação com o ano passado, Biagi Filho disse na coletiva de encerramento que já estava preocupado com o faturamento de 2014. “Estava temendo que talvez tivéssemos um ano mais difícil, mas foi uma surpresa grata ver o resultado”, comentou o presidente da feira.
Fabricantes
Os fabricantes de colheitadeiras e tratores expostos na Agrishow são unânimes em dizer que em 2014 houve retração no volume de negócios, puxada pela crise no setor sucroalcooleiro. “A crise já nos tinha dado perspectivas de que os negócios não seriam iguais aos outros anos”, afirmou Leonel Oliveira, gerente de vendas da Massey Ferguson, fabricante que registrou até o penúltimo dia de Agrishow uma queda de 11% no número de máquinas vendidas.
vendas para baixo (Foto: Érico Andrade/G1)
No maquinário específico para o corte e colheita de cana, a New Holland teve uma redução de 40% na quantidade de equipamentos vendidos, segundo o gerente comercial Carlos Rodrigues. “Os investimentos para renovação de frota no setor canavieiro estão sendo prorrogados, apesar da necessidade no campo”, comentou.
Mesmo com a queda na venda de máquinas, o movimento financeiro ainda foi alto e manteve o ritmo registrado em 2013, segundo os fabricantes. O setor de grãos, o alto valor agregado dos novos equipamentos e também os investimentos dos pequenos agricultores incrementaram as finanças. “Os pequenos estão mecanizando cada vez mais, buscando ganhar produtividade, assim como os grandes, e aproveitam as oportunidades de crédito e os incentivos federais para isso”, afirmou Alexandre Vinicius Assis, gerente comercial da Valtra.
Telecomunicação falha
Durante a apresentação do balanço comercial, o presidente da Agrishow, Maurílio Biagi Filho, endossou as críticas feitas ao sistema de telecomunicações. Nos cinco dias de feira os visitantes e profissionais que passaram pelo local tiveram dificuldades para realizar ligações e conectar o sinal 3G dentro do parque tecnológico.
“Eu sou o maior reclamão”, disse Biagi Filho, ao utilizar uma palavra de baixo calão para reclamar do sistema de telefonia. “O sinal é ótimo, mas não se fala, precisamos melhorar isso, juro que não sei como, mas tenho certeza que vamos fazer isso”.
José Danghesi, diretor da BTS, uma das organizadoras da feira, afirmou durante a coletiva que vai protocolar um ofício na Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) para pedir melhorias para o próximo ano. “Todas as operadoras estão com antenas aqui e o problema é de concentração e volume, que empata e não funciona”, explicou.