Economia

Mensalidades de escolas do Rio terão aumento de até 11,5% em 2014

Reajuste acima da inflação é justificado, principalmente, por custos trabalhistas, dizem escolas

Osair Victor de Oliveira Junior gasta mais de R$ 2 mil com as mensalidades das duas filhas, que estudam no Sagrado Coração de Maria, em Copacabana.
Foto: Hudson Pontes / Agência O Globo
Osair Victor de Oliveira Junior gasta mais de R$ 2 mil com as mensalidades das duas filhas, que estudam no Sagrado Coração de Maria, em Copacabana. Foto: Hudson Pontes / Agência O Globo

RIO - As mensalidades das escolas do Rio ficarão até 11,5% mais caras em 2014. Segundo levantamento do GLOBO em sete estabelecimentos, o reajuste para o ano que vem será de, no mínimo, 8%, percentual acima da inflação prevista para o fim de 2013.

A maior alta, de 11,5%, ocorrerá no Colégio São Vicente de Paulo, no Cosme Velho. O percentual será aplicado sobre as mensalidades do Ensino Fundamental. No Ensino Médio, o aumento será menor (10,4%), mas também acima da média. Com isso, a mensalidade dos cursos de 1ª a 5ª série, hoje em R$ 1.375,73, passará a R$ 1.534 no ano que vem. Já no último ano do Ensino Médio, aumentará de R$ 1.691,79 para R$ 1.867,73.

Apesar de apresentar o maior reajuste, o São Vicente não é a escola mais cara da lista. No Colégio Cruzeiro, no Centro do Rio, a mensalidade aumentará 9,98% para todas as séries. No Ensino Médio, chegará a R$ 2.777,59 no ano que vem. Já o Colégio São Bento, cuja mensalidade, em 2013, não saiu por menos de R$ 2.540 (no Ensino Fundamental), só revelará os percentuais de reajuste em dezembro.

As menores altas ocorrerão nas escolas mais baratas. O Pentágono, na Vila Valqueire, onde a mensalidade do Ensino Fundamental saía por cerca de R$ 590 em 2013, deve anunciar aumento de cerca de 8%. A escola, no entanto, ainda não fechou se esse será mesmo o percentual. Já o Martins, em Vila Isabel, onde os valores partem de R$ 838,75 em 2013, deve reajustar em 8,9% sua tabela de preços.

Segundo o sindicato das escolas particulares do Rio (Sinepe Rio), os custos com funcionários são o que mais pesa na conta do aumento anual. O presidente da entidade, Victor Notrica, argumenta que a carga tributária influencia no custo de operação.

- A folha de salários é muito onerosa, principalmente por causa da tributação. Aqui no município do Rio, o imposto sobre serviço (ISS) é de 5%. Se você tem aluno cuja família não paga, a escola tem que pagar (o imposto) de qualquer forma - afirma Notrica.

De acordo com o sindicato dos professores do ensino privado, a categoria ainda não negociou com as escolas qual será o reajuste para o ano que vem.

Família com dois filhos: até R$ 4 mil com educação

Apesar do aumento acima da inflação, o juiz federal Osair Victor de Oliveira Júnior acredita que vale a pena investir na educação das duas filhas, Ana Beatriz, de 14 anos, e Victória, de 16, que estudam no Sagrado Coração de Maria. Apenas com mensalidades, ele gasta cerca de R$ 2 mil todo mês. No ano que vem, além do reajuste anual, que será de 9,5% na escola, ele pagará, para a mais velha, cerca de 30% a mais, já que a mensalidade fica mais cara no último ano do Ensino Médio.

- Eu acho que vale sim (o investimento). Na Zona Sul, todas as escolas são caras. A gente avalia o serviço prestado e vê se tem melhoria ano a ano. Tenho observado isso - conta Oliveira Júnior, que já vê resultados: neste ano, Victória, fez o exame da Uerj, como treinamento para o vestibular do ano que vem, e tirou conceito A, a nota máxima.

A advogada Rejane Fonseca também destina grande parte do orçamento para o ensino dos dois filhos, um de 7 anos e outro de 16. O mais velho, João, está na 2ª série do Ensino Médio, matriculado no pH de Niterói. A mensalidade é R$ 2.442, mas, com desconto, Rejane paga cerca de R$ 1,3 mil. Segundo ela, entre mensalidades, cursos e aulas de reforço, chega a gastar R$ 4 mil por mês com a educação dos meninos.

- Eles (o pH) têm uma meta muito clara, de ficar entre os cinco primeiros colocados do Enem. Eles exigem bastante das crianças, e isso é bom - explica a advogada.

Para o ano que vem, no entanto, Rejane buscará uma melhor relação custo-benefício e pode transferir João para o Instituto Abel, cuja mensalidade do 3º ano do Ensino Médio ficará em R$ 1442. A decisão depende da negociação no pH, que ainda não divulgou o valor para 2014.

Segundo Maria Inês Dolci, coordenadora da Proteste - Associação de Consumidores, os pais devem ficar atentos para tentar descontos como o que Rejane conseguiu. Caso a família tenha mais de um filho na escola, por exemplo, vale pedir um abatimento. Além disso, as escolas devem ter uma planilha de custos que justifique o aumento das mensalidades, que pode ser acessada pelos responsáveis.

- Se o pai sentir que está sendo prejudicado, em tese ele teria direito a acesso a essas planilhas. Mas as pessoas não conseguem ter acesso a isso. Principalmente para os filhos não sofrerem qualquer tipo de constrangimento - afirma Maria Inês.

Por lei, os colégios só podem reajustar as mensalidades uma vez por ano. A legislação também obriga os estabelecimentos a divulgar, em local visível, as informações sobre reajuste, com, no mínimo, 45 dias de antecedência em relação à data final para matrícula.