26/11/2013 13h47 - Atualizado em 26/11/2013 13h47

OGX deve a loja de carimbo, doceria e cooperativas de táxi; veja credores

Empresários lamentam crise da empresa de Eike Batista.
Dívidas da OGX, em recuperação judicial, passam de R$ 11 bilhões.

Lilian QuainoDo G1, no Rio

O chaveiro Roberto tem R$ 0,50 a receber da OGX (Foto: Lilian Quaino/G1)O chaveiro Roberto Silva tem R$ 0,50 a receber da
OGX (Foto: Lilian Quaino/G1)

Se a dívida de mais de R$ 11 bilhões da OGX, a petrolífera de Eike Batista, agora em recuperação judicial, agitou o mercado e foi parar nas manchetes internacionais, um de seus credores não se abalou: o chaveiro Roberto Pereira Silva, dono de uma lojinha no Centro do Rio, nem sabia que o poderoso empresário lhe devia R$ 0,50, como consta na relação de credores entregue pela empresa à Justiça para documentar o pedido de recuperação judicial.

“A gente faz serviço de chaveiro para eles, deve ter sido a última nota que a gente fez”, disse ele, rindo muito de sua condição.

Mas, na dúvida, foi checar seu caderninho e descobriu:

“Na verdade, está em aberto aqui um valor de R$ 95,70, mas ainda está no prazo. A gente emite a nota depois eles pagam, não estão devendo ainda”, contou ele, que é dono do negócio há muitos anos, segundo disse.

Roberto conta que a OGX sempre deu muito trabalho ao seu serviço de chaveiro.

“Mas agora caiu muito, está bem devagar”

Outra que nem sabia que constava como credora de Eike no pedido de recuperação judicial é a Cristovinho Alimentos, razão social da The Bakers, tradicional loja de doces do Rio. A dívida que consta na Justiça é modesta: R$ 249,32.

“A gente fornece alimentos para coffee breaks de grandes empresas”, disse a gerente administrativa da loja, Isabel Cristina.

A Associação dos Taxistas do Castelinho do Flamengo, também é credora, com uma dívida de R$ R$ 1.953. O presidente e o tesoureiro da cooperativa não estavam disponíveis para comentar a dívida.

Já para a Rádio Táxi 2000, cooperativa do Rio, credora da OGX, a dívida citada na Justiça é de R$ 7.494,20, mas a cooperativa, que confirmou que atende à companhia, diz que as contas com eles estão certas e não há pendências.

E a grande petroleira de Eike tem que prestar contas também à Serasa, credora de R$ 970,67, segundo a relação entregue pela própria OGX à Justiça.

Há 19 anos no mercado, a Copy House Serviços Reprográficos, no Centro do Rio, é outra fornecedora da OGX listada como credora com uma dívida de R$ 1.099,65. Quantia que, segundo um dos sócios da empresa, Nikollas Ramos, é uma pequena fração da média de consumo da empresa em serviços gráficos como cartões de visita, material para treinamento e locação de impressoras.

Nikollas diz que ainda tem contrato com a OGX, mas o excelente movimento iniciado em 2010 caiu 98%, recuo que o empresário começou a perceber em março. Ele lamenta a situação da empresa, hoje em recuperação judicial.

"Se não mandam fazer cartão de visitas é porque não estão fazendo negócios. Uma lástima, o Rio de Janeiro ainda vai sofrer muito  as consequências disso", disse.

Maiores credores
Os maiores credores da OGX, segundo documento anexado ao pedido de recuperação judicial são:

OSX 1 Leasing B.V., subsidiária da OSX, a empresa naval do grupo EBX, e proprietária do FPSO  OSX-1, com uma dívida de R$ 1,6 bilhão e outra de R$ 779 milhões;

Diamond Offshore Netherlands B.V., dívida de R$ 91 milhões; Schlumberger Serviços de Petróleo, R$ 88, milhões;

Souther Schlumberger, R$ 77 milhões;

Perenco, R$ 69 milhões;

Caland Boren B.V., R$ 51 milhões;

OSX Serviços Operacionais, R$ 47 milhões;

Petróleo Brasileiro S.A. (Petrobras), R$ 37 milhões;

Baker Hughes do Brasil LTDA, R$ 33 milhões;

Bram Offshore Transportes Marítimos, R$ 31 milhões.

Recuperação judicial
Na quinta-feira (21), o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro aceitou o pedido de recuperação judicial da OGX, segundo decisão do juiz Gilberto Clóvis Farias Matos, da 4ª Vara Empresarial do TJRJ. Em sua decisão o juiz diz que as empresas OGX Petróleo e Gás Participações S.A. e OGX Petróleo e Gás S.A. devem acrescentar a expressão "em recuperação judicial" em seu nome.

As subsidiárias na Áustria e na Holanda, no entanto, não tiveram o pedido de recuperação aceito por não terem sede no Brasil. Segundo a decisão, falta "fundamento jurídico para se admitir a recuperação judicial em território nacional de empresas sediadas na Áustria e na Holanda, por absoluta ausência de jurisdição".

A decisão determina ainda que as duas empresas que tiveram a recuperação judicial aceita devem apresentar cada uma seu "próprio plano de recuperação judicial, mesmo que sejam idênticos ou interdependentes, e deverão ser analisados separadamente por seus respectivos credores, com absoluto respeito à autonomia patrimonial de cada sociedade".

A petroleira entrou, no dia 30 de outubro, com pedido de recuperação judicial. O pedido foi feito pelo advogado Sergio Bermudes por conta da "situação financeira desfavorável" da empresa, dos prejuízos já acumulados e do vencimento de grande parte de seu endividamento, segundo comunicado da empresa.  A OSX, empresa de construção naval controlada por Eike Batista, também pediu recuperação judicial em 11 de novembro. O pedido, entregue no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, abrange as subsidiárias OSX Construção Naval S.A. e OSX Serviços Operacionais Ltda.

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