• Edson Caldas
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Jornalistas serão substituídos? Máquinas já escrevem matérias (Foto: stanjourdan/Flickr/Creative Commons)

Jornalistas serão substituídos? Máquinas já escrevem matérias (Foto: stanjourdan/Flickr/Creative Commons)

O jornalismo passa por um período de transição — afinal, a internet mudou completamente a forma como consumimos conteúdo. Agora, Christer Clerwall, professor de mídia e comunicações da Karlstad University, na Suécia, estuda mais um novo personagem neste cenário de transformações: o robô.

Segundo a Wired, tudo começou quando Clerwall se perguntou se máquinas seriam capazes de escrever matérias melhores do que um repórter humano. Então, ele pediu para 46 alunos de graduação em jornalismo lerem duas notas sobre um jogo de futebol americano — um texto produzido por um programa de computador e outro feito por um jornalista do LA Times.

A única alteração realizada pelo professor foi no tamanho: o último texto foi reduzido para coincidir com o comprimento do primeiro. Clerwall defende, no entanto, eles foram cortados de uma forma que "fizesse sentido", para não induzir os resultados.

Os estudantes leram os dois os artigos como parte do que seria uma pesquisa simples na internet. Em seguida, tiveram de avaliar a qualidade e credibilidade das notas, utilizando 12 expressões: objetiva, confiável, precisa, chata, interessante, agradável de ler, clara, informativa, bem escrita, útil, descritiva e coerente.

O texto escrito pelo jornalista ganhou avaliações como "bem escrito" e "claro", além de "agradável de ler". Já a notícia gerada pelo software, por sua vez, ganhou nos quesitos "descritivo", "informativo", "preciso", "confiável" e "objetivo".

"Embora as diferenças sejam pequenas, o conteúdo gerado pelo software teve a pontuação mais elevada por ser descritivo, o que o relaciona com a noção de credibilidade", diz o pesquisador. "Fiquei surpreso com os resultados, até certo ponto. Mesmo que eu soubesse que os textos automáticos eram realmente muito legíveis, pensei que eles seriam considerados piores do que os escritos por um jornalista."

Por fim, ao responder um questionário, das 27 pessoas que leram o texto do software, dez disseram acreditar que um jornalista era o autor. E curiosamente, dos 18 que leram a matéria do LA Times, dez pensaram que o texto tinha sido escrito pelo programa.

Por enquanto, é pouco provável que os robôs tomem o lugar dos repórteres nas redações. As máquinas só conseguem produzir textos sobre temas bem específicos. Ainda assim, o professor prevê:  "estou bastante certo de que em um futuro não tão distante, mais conteúdo jornalístico provavelmente será produzido por computadores".