Política Lava-Jato

MPF denuncia Bumlai, Vaccari e mais nove por corrupção na Petrobras

Investigações apontam que grupo desviou R$ 18 mi para abastecer os cofres do PT

José Carlos Bumlai está preso desde 24 de novembro
Foto: Geraldo Bubniak / Agência O Globo
José Carlos Bumlai está preso desde 24 de novembro Foto: Geraldo Bubniak / Agência O Globo

Curitiba — O Ministério Público Federal denunciou, nesta segunda-feira, o pecuarista José Carlos Bumlai, o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto e outras nove pessoas por envolvimento no esquema de corrupção da Petrobras. De acordo com as investigações, o grupo desviou R$ 18 milhões para abastecer os cofres do PT. O MPF pede a reparação mínima de R$ 53,5 milhões.

Bumlai está preso em Curitiba desde o dia 24 de novembro deste ano, acusado de corrupção e gestão fraudulenta. Ele teria ajudado o Grupo Schahin, para fechar um contrato sem licitação com a Petrobras, no valor de R$ 1,3 bilhão, para a operação do navio-sonda Vitória 10.000.

— Bumlai não é centro dessa investigação. Bumlai nada mais é do que operador de um partido político. Ele é operador do Partido dos Trabalhadores — afirmou o procurador da República Deltan Dallagnol, coordenador da força tarefa da Lava-Jato.

Além de Bumlai e Vaccari, foram indiciados o filho do pecuarista, Mauricio de Barros Bumlai, e sua nora, Cristiane Barbosa Dodero Bumlai. Foram denunciados também Nestor Cerveró, Jorge Zelada, ambos ex-diretores da áera Internacional da Petrobras, o ex-gerente da estatal Eduardo Musa, e os executivos do Banco Schahin: Salim Schahin, Milton Schahin e Fernando Schahin. O lobista Fernando Baiano também foi denunciado.

Na sexta-feira, a PF indiciou o pecuarista por gestão fraudulenta e corrupção passiva .

De acordo com o MPF, o esquema de corrupção ocorreu em três momentos. O primeiro foi em outubro de 2014. Bumlai avalizou, junto ao Banco Schahim, um empréstimo de R$ 12 milhões para o PT. Os investigadores afirmam que a operação financeira não tinha lastro e garantia real. Em troca, o Grupo Schahin conseguiu contratos com a Petrobras.

Para garantir os contratos, entre outubro de 2006 e janeiro de 2009, os irmãos Schahin — Milton, Fernando e Salim — ofereceram US$ 1 milhão a Musa, além da quitação da dívida do PT, que na época já era de R$ 18 milhões. Em troca, eles pediram a garantia da contratação da construtora Schahin como operadora do navio-sonda Vitória 10.000, um contrato de US$ 1,6 bilhão. A negociação foi conduzida por Bumlai e Salim Schahin com a intermediação do lobista Fernando Baiano e pelo ex-tesoureiro do PT.

Em 2009, para ocultar o empréstimo, Bumlai "vendeu" embriões ao Grupo Schahin e, em troca, recebeu notas promissoras do banco e quitou a dívida. A denúncia será analisada pelo juiz Sérgio Moro, que conduz o julgamento da Lava-Jato. Caso aceite a denúncia, o juiz abre uma ação penal.

Em nota, os advogados de Bumlai dizem que é “temerária a apresentação de acusação formal contra quem não foi ouvido, especialmente, quando novos esclarecimentos poderiam contribuir para o esclarecimento da verdade”.

Desde o início das investigações, o PT afirma que “as doações recebidas pelo partido aconteceram estritamente dentro da legalidade e foram posteriormente declaradas à Justiça Eleitoral”. A defesa de Vaccari afirmou que só vai se manifestar depois de ter acesso integral às acusações.

* Enviado especial a Curitiba