CARACAS — Os 4.116 protestos registrados nos três primeiros meses do ano na Venezuela fizeram do trimestre o líder em número de manifestações no país nos últimos 10 anos — um aumento de 3.483 em relação ao mesmo período de 2013. De acordo com o Observatório Venezuelano de Conflito Social (SVCO), apenas em março foram 1.423 protestos, 31% deles reprimidos com violência por grupos paramilitares pró-governo.
Os números, publicados nesta quarta-feira, revelam que, em três meses, foi registrado quase o equivalente a um de ano de manifestações em 2013 (4.410), e mais de 50% dos doze meses de 2012, ano de alta tensão social e, até então, o mais violento da última década.
O OVCS divulgou dados bem acima dos confirmados oficialmente: 20 mortos apenas em março, além de 2.904 feridos e 1.428 detidos. Em fevereiro, teriam sido registradas 35 mortes. Segundo números oficiais, 39 pessoas morreram e mais de 600 ficaram feridas desde o início dos protestos, em fevereiro.
Ainda de acordo com a pesquisa, grupos paramilitares atuaram com permissividade e em coordenação com funcionários do Estado, o que é negado pelo governo de Nicolás Maduro.
Diante do aumento da violência, nesta quarta-feira, o governo venezuelano formalmente convidou o secretário de Estado do Vaticano e ex-núncio na Venezuela, Pietro Parolin, para mediar as negociações com a oposição.
Os protestos começaram em fevereiro na cidade de San Cristóbal, no estado de Táchira. Ao longo dos meses, no entanto, as manifestações se proliferaram por todo o país somando reclamações contra a crise econômica, a repressão policial, a escassez e a detenção de líderes políticos.