• Por Igor Tasic
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Afinal, quem é o empreendedor? Este ser amorfo, que muitos acreditam ser um super-herói das histórias em quadrinhos - e, portanto, dotado de características únicas que os mortais não detêm - , nada mais é do que uma grande ficção. Por ignorância ou pouca compreensão da realidade, muitos pesquisadores considerados “especialistas” no tema acabam criando mitos em torno do ato de empreender.

Fico particularmente incomodado quando percebo que uma informação errada é capaz de fazer alguém perder o brilho nos olhos e deixar de vislumbrar a possibilidade de se tornar um empreendedor. Essas pessoas acabam perdendo a motivação por causa de questões que são irrelevantes em um primeiro momento: “qual será a idéia de R$ 1 milhão?”; “como deve ser feito o plano de negócio ideal?”; “quais capitalistas de risco devo buscar?”.

Acho que qualquer dúvida é saudável, pois representa o ponto de partida para o conhecimento. Mas também é verdade que algumas dúvidas típicas de quem quer abrir uma empresa mais atrapalham do que ajudam. Afinal, acabam afastando o potencial empreendedor daquilo que realmente interessa: iniciar o novo negócio.

Longe de ser exaustivo em minha análise, deixo aqui como fonte de inspiração algumas atitudes que são comuns aos empreendedores de sucesso em qualquer parte do mundo, e diante de qualquer situação econômica.

1. Flexibilidade Estudos demonstram que grande parte dos empreendedores não possuem objetivos claros sobre o que será o negócio. Tipicamente, aqueles mais bem-sucedidos encaram o ato de empreender em um negócio específico como uma das infinitas possibilidades que lhe são apresentadas. Na medida em que a empresa se desenvolve, novas idéias, novos recursos, novos parceiros entram em jogo - e, com isso, evoluem também os objetivos pensados inicialmente. Pouco a pouco, o empreendedor passa a entender cada vez mais de seu negócio, o que viabiliza a definição de estratégias mais adaptadas aos novos ambientes que se apresentam. Para usar um termo chique, gradualmente, o empreendedor maximiza suas probabilidades de sucesso, dando pequenos passos por vez.

2. Conservadorismo Não existe nada mais distante da  realidade do que acreditar que um empreendedor adora riscos - até hoje, não conheci nenhum que gostasse! O que empreendedores bem-sucedidos fazem é arriscar apenas aquilo que estão dispostos a perder. Gastam o mínimo possível no começo, apenas para testar uma idéia, ganhar um pouco de confiança e ir em frente. Nesse primeiro momento, não pensam nas taxas internas de retorno (TIR) ou no valor presente líquido (VPL) de seus projetos. O que ocupa suas mentes são as lições aprendidas, as pequenas perdas toleráveis, o primeiro cliente atendido. Enfim, eles colecionam recursos que servirão de base para algo muito maior lá na frente - quando, aí sim, TIR e VPL farão todo sentido e deverão ser calculados.

3. Bons relacionamentos A tropa de elite do empreendedorismo tem algo em comum: contatos. Não me refiro ao networker que sai disparando cartões de visita como metralhadora, mas sim a pessoas como eu e você, que têm amigos, família, vizinhos e colegas de trabalho. A diferença, para este grupo, nunca está na quantidade de contatos, mas no fato de que conseguem criar relações frutíferas com indivíduos que podem trazer uma informação inédita, estão dispostos a comprar o seu produto/serviço ou podem até mesmo dar uma dica para mudar a cor do website. Nesse sentido, os empreendedores não têm vergonha de contar para as pessoas o que fazem. Depois de contar sobre o negócio, dão muita atenção a qualquer dica ou conselho que lhes é dado.

4. Confiabilidade A regra é simples. Os empreendedores de sucesso prometem aquilo que podem entregar – e entregam. Este é um dos elementos mais cruciais para os donos de negócio - em particular, para aqueles que começam a crescer aceleradamente e se esquecem da regra de ouro (“um ano para criar uma relação de confiança, um minuto para perdê-la”). A confiança é um dos maiores recursos que empreendedores utilizam para cultivar qualquer tipo de relação.

5. Proatividade Os empreendedores de sucesso dão a largada. Para eles, “mais vale um único cliente real (que paga, deve etc) que mil potenciais”. É com este cliente real que a empresa vai realizar o seu primeiro e grande objetivo: ganhar dinheiro. É este cliente que vai fazer desabar o “castelinho de cartas” armado na fase de planejamento (neste momento, qualquer planilha perdeu a utilidade). E é ele também que vai ensinar o novo empreendedor a ser de facto um empreendedor. Esse ser que, entre outras coisas, pensa no texto do site e na campanha de e-mail marketing, limpa o escritório (se já tiver saído do quarto), empacota e entrega o produto, emite fatura, consulta histórico de crédito, faz a cobrança, gerencia a conta do banco, pede prazo de financiamento para fornecedores etc.

As informações deste artigo refletem apenas as opiniões do autor, e não da Pequenas Empresas & Grandes Negócios.