06/11/2015 16h24 - Atualizado em 06/11/2015 16h31

No Pará, moradores de Igarapé-Miri denunciam abandono de escola

Alunos precisam assistir às aulas no pátio de uma casa.
Prefeitura da cidade não se manifestou sobre o assunto.

Do G1 PA

Os moradores da comunidade de Mocajuteua, localizada a 5 km do município de Igarapé-Miri, no nordeste do Pará, denunciam o abandono de uma escola municipal. Os alunos assistem às aulas no pátio de uma residência, pois, segundo a população, a unidade escolar apresenta vários problemas na estrutura e também está repleta de morcegos. A prefeitura da cidade não se manifestou sobre o assunto.

Para atender todas as idades, o método de ensino da escola é de multissérie, funcionando do infantil até o quinto ano do ensino fundamental. Os alunos têm apenas uma professora, que precisa dar conta de todas as crianças e ainda lecionar vários conteúdos ao mesmo tempo.“Eu faço atividade adequada para cada nível e tento trabalhar com eles. As dinâmicas são diferentes e as metodologias diferentes para cada série”, explica a docente.

O prédio onde a unidade de ensino deveria funcionar está totalmente abandonado e sem condições nenhuma de uso. A escola foi inaugurada em 1981 e, segundo os moradores da comunidade, há pelo menos 20 anos o prédio não recebe reforma completa, acumulando os problemas.

Segundo a população, o mato envolta da escola está tão alto que até virou abrigo de insetos e cobras. “Eu não vou abandonar a escola por causa das crianças”, conta a servente Nazaré Santos, que toma conta da escola, mas não recebe nenhum pagamento por isso.

Nas salas de aulas têm fezes de morcego pelo chão, as paredes estão infiltradas e o banheiro está repleto de cupins. Na área da cozinha, não tem merenda escolar. “As crianças tem merenda escolar dez dias no mês e 20 dias elas não têm merenda. Além do mais, a merenda é precária”, conta a lavradora Iranilde Lopes.

O outro espaço que também deveria ser uma sala de aula virou um depósito de materiais de construção. O material foi mandado pela Secretaria de Educação de Igarapé-Miri no final de outubro.“Chegaram aqui três sacos de cimento, três dúzias de tábuas e alguns pequenos materiais. Só que era uma reforma que eles iam fazer e não dá para fazer nada com isso”, conta o caseiro Adelson Quaresma.

Protesto
Revoltados com a situação, os moradores da comunidade de Mocajuteua se reuniram na frente da Secretaria de Educação de Igarapé-Miri para protestar e pedir agilidade no processo de melhorias para a comunidade, porém, antes do meio dia, os portões da secretaria foram fechados.

“Isso é muito estranho, muito estranho mesmo. Eu não se é porque eles estão sabendo desse movimento lá em Mocajuteua e por isso se retiraram”, conta a dona de casa Sandra Elizabeth.

Enquanto as autoridades não tomam providências, as crianças continuam sonhando com uma escola melhor. ”Eu gostaria que tivesse borracha , lápis e mais tinta”, declara a estudante de 9 anos, Ane Silva.