Eleições

Destino, Oportunidade ou Missão para Marina Silva?

Destino, Oportunidade ou Missão para Marina Silva?

As três formas da ex-senadora encarar a morte trágica de Eduardo Campos e suas consequências

ALBERTO BOMBIG
15/08/2014 - 16h06 - Atualizado 15/08/2014 16h06
Eduardo Campos (PSB) e Marina Silva (PSB) vão formalizar candidatura após o Convenção Nacional do PSB (Foto: Reprodução/Facebook)

Marina Silva anunciou que passará os próximos dias recolhida, sem falar de política, para rezar e refletir sobre a morte do candidato a presidente Eduardo Campos, o ex-governador de Pernambuco e líder do PSB morto, aos 49 anos, num acidente aéreo na quarta-feira (13). É provável que Marina aceite substituir Campos e concorrer novamente ao Palácio do Planalto.  Se isso acontecer e tiver a anuência da coligação que abriga a candidatura, será uma consequência natural e esperada do processo político, da tão batida “marcha da história”. Não é o que me interessa analisar aqui. Neste momento, instiga-me mais refletir sobre que tipo de transformação interna poderá ser desencadeada em Marina Silva nesse processo.

>> O que acontece quando um candidato à Presidência morre?

Destino

Supondo que Marina encare a queda do avião como mais um episódio de seu destino trágico, ela deverá sair do redemoinho emocional mais radical em suas convicções do que era antes da última quarta-feira. Na definição clássica, destino é uma sucessão inevitável de acontecimentos relacionada a uma ordem cósmica. Nem o mais cético dos mortais pode negar que muitos elementos dessa trama que colocou a menina pobre do Acre como sucessora do herdeiro político de Miguel Arraes possuem ares de misticismo. Portanto, caso entenda que a tragédia foi mais um sinal de que sua sina é ser presidente, Marina, “a predestinada”, deverá se ensimesmar e se agarrar ainda mais ao seu universo “marineiro”, sistema no qual ela ocupa o centro gravitacional.

Oportunidade

Se encarar a morte de Campos pela lógica da oportunidade de chegar à Presidência, Marina estará mais flexível a alianças, acordos  e conchavos. Será uma Marina diferente da que foi apresentada ao eleitor em 2010, quando conquistou quase 20 milhões de votos insistindo apenas nas suas convicções políticas. Repetirá, nesse caso, a trajetória de Lula e do PT para chegar o poder, um caminho no qual todas as janelas de oportunidade abertas para os petistas (mesmo as que apresentavam as contradições mais evidentes) foram aproveitadas. Em resumo, nesse caminho, chegar ao poder é o que importa. Caso enverede por ele, Marina agradará de imediato deputados, senadores e muitos dos chamados “formadores de opinião”. Poderá até vencer a eleição, mas perderá o monopólio do discurso da “nova política”.

Missão

Por fim, Marina também poderá encarar a morte de Campos como uma enorme e triste fatalidade que teve a consequência de confiar a ela, Marina, uma missão: levar adiante o projeto concebido por ambos e também por tantos outros para o Brasil. Quem recebe e aceita uma missão, automaticamente se coloca em posição de concordância com o que lhe foi determinado, sejam os deuses ou o próprio destino. Essa visão implica de um lado manter os acordos firmados por Campos e, de outro, respeitar a história do PSB. Significa aceitar que uma das mais tristes tragédias da história do Brasil também pode transformar cada um de nós internamente.

MR








especiais