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Israel inicia invasão terrestre à Faixa de Gaza

Movimento ocorre após fim do cessar-fogo temporário para permitir envio de ajuda humanitária ao território palestino

Merkava, tanques israelenses, se aproximam da Faixa de Gaza após o cessar-fogo temporário
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JACK GUEZ
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Merkava, tanques israelenses, se aproximam da Faixa de Gaza após o cessar-fogo temporário Foto: JACK GUEZ / AFP

JERUSALÉM — As Forças Armadas de Israel iniciaram uma invasão terrestre à Faixa de Gaza nesta quinta-feira, 10 dias após o início da operação "Limite Protetor", que matou ao menos  240  pessoas, incluindo mulheres e dezenas de crianças. O movimento ocorre após o fim de um cessar-fogo temporário para levar ajuda humanitária à Gaza. Áreas no Norte, no Sul e no Centro de Gaza já foram tomadas pelas forças israelenses, de acordo com o Exército.

Segundo o gabinete do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, o objetivo da invasão terrestre é destruir os túneis palestinos que levam a Israel e que poderiam ser utilizados para ataques terroristas. Apesar da trégua, foguetes foram disparados de Gaza em direção ao Estado vizinho por cerca de duas horas após o início do cessar-fogo, segundo a mídia israelense. A quebra do pacto faz parte da justificativa israelense para a invasão.

“Somos forçados a defender nossos cidadãos”, disse o governo em comunicado.  O Exército israelense afirma já ter destruído cerca de 30 alvos em Gaza que seriam utilizados para atividades terroristas.

O Hamas disse nos últimos dias que todos os israelenses eram alvos em potencial para seus ataques e prometeu cobrar um "preço alto" pela invasão terrestre.

A ofensiva está "condenada ao fracasso" disse um líder do Hamas, Khaled Mechaal.

- O que o ocupante israelense não conseguiu realizar com seus ataques aéreos e navais não obterá com sua ofensiva terrestre, que está condenada ao fracasso -  disse Mechaal, que tem sua base em Doha. - Temos reivindicações claras: o fim da agressão e das punições coletivas contra nosso povo na Faixa de Gaza e na Cisjordânia, e a suspensão total do cerco a Gaza.

A invasão terrestre ao território palestino que sofreu mais de mil ataques nos últimos dias ocorre após um reforço da “Limite Protetor” com uma onda de ataques aéreos e de artilharia combinados.  Segundo a mídia israelense, moradores de Gaza relataram que as tropas israelenses "atiravam para todos os lados" e que "tudo estava tremendo".

EGITO CULPA HAMAS POR FRACASSO DE CESSAR-FOGO

O gabinete de defesa de Israel se reunirá na sexta-feira para discutir a expansão da "Limite Protetor". Segundo a mídia israelense, o Exército recebeu a autorização de convocar mais 18 mil reservistas para a campanha militar. Cerca de  56 mil já haviam sido autorizados desde o início da ofensiva.

Na manhã de quinta-feira, um grupo de 13 militantes do Hamas, armados com metralhadoras e granadas tentou invadir Israel. Eles entraram  através de um túnel subterrâneo perto do kibutz Sufa. O grupo foi identificado e alvejado. Segundo israelenses, oito militantes morreram, mas a liderança do Hamas alega que todos retornaram vivos. A existência de túneis subterrâneos levou a cúpula militar e política a aprovar a ação.

— Começamos a segunda fase depois do sucesso da primeira, durante a qual alvejamos por ar a infraestrutura e militantes do Hamas. Estamos dominando grandes partes de Gaza e destruindo túneis — afirmou o porta-voz do Exército, Motti Almoz. — Peço aos cidadãos de Gaza que saiam das regiões onde estamos atuando fortemente.

A expansão da ação militar de Israel aconteceu horas depois de mais um fracasso nas negociações de um cessar-fogo duradouro, rejeitado pelo Hamas. No Cairo, o ministro do Exterior do Egito, Sameh Shoukry, culpou os extremistas pela crise:

— Aqueles que se opuseram à proposta de cessar-fogo egípcia são responsáveis pelo sangue palestino derramado agora.

A escalada começou com o sequestro de três jovens israelenses em um assentamento na Cisjordânia. Ao menos seis palestinos morreram em operações de busca pelos adolescentes e centenas foram presos. Logo após os corpos serem encontrados um jovem palestino foi sequestrado e assassinado em Israel, despertando a indignação dos palestinos.