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Em Niterói, um jeito divertido de acompanhar notícias

Projeto Recontando transforma reportagens em desenho animado

Na Grota. Crianças separam lixo reciclável, depois de verem um desenho animado sobre o tema
Foto: Leo Martins
Na Grota. Crianças separam lixo reciclável, depois de verem um desenho animado sobre o tema Foto: Leo Martins

NITERÓI — Notícias de política na TV fazem seu filho bocejar? As reportagens do cotidiano o levam a tapar os ouvidos e as de economia lhe dão a impressão que estão falando em javanês? A jornalista Simone Ronzani acredita — e prova — que não precisa ser assim. Há pouco mais de um ano, ela bolou o projeto Recontando, que tem um objetivo específico: ajudar crianças e adolescentes a entender o que se passa mundo afora.

A ideia funciona da seguinte forma: notícias do dia a dia, de diferentes assuntos, são transformadas em desenho animado. A partir daí, Simone inventa jogos e questionários para que o assunto seja esmiuçado de maneira lúdica. O projeto, que foi criado em forma de página na internet (recontando.com), foi aplicado em sala de aula na Escola Nossa, em Pendotiba, e acaba de ganhar uma segunda turma no Espaço Cultural da Grota.

— O que eu percebi, primeiramente com a Escola Nossa e, agora, com as crianças da comunidade da Grota do Surucucu, é que as crianças têm acesso à informação. Elas ouvem falar de tudo, tem sempre alguém que faz um comentário. Mas o conhecimento não é proporcional ao entendimento, porque a capacidade cognitiva das crianças ainda está em formação. Essa geração já está superexposta, e não queremos que fique alienada — explica Simone.

Com linguagem compreensível, nenhum assunto é censurado. Entre os 25 desenhos animados já produzidos, há assuntos difíceis de serem abordados, como a enchente de Xerém, o incêndio da Boate Kiss e o mensalão. Antes de serem levadas para a sala de aula, as pautas passam por um conselho editorial mirim, que ajuda a escolher os temas.

Simone conta que crianças de até 7 anos têm mais interesse por assuntos ligados ao meio ambiente. Já as mais velhas preferem notícias de esportes. Independentemente da faixa etária, ela garante que a curiosidade é sempre muito grande.

— Vim para o Espaço Cultural da Grota para fazer aula de flauta e fiquei sabendo do Recontando por uma amiga. A aula que eu mais gostei foi a do Fuleco, a mascote da Copa. Aqui, aprendemos coisas diferentes. Hoje, entendo um pouco de tudo — conta a menina Natália Pereira da Silva, que mora no Badu e vai para a Grota do Surucucu só para participar do projeto.

O Recontando nasceu a partir de uma experiência pessoal de Simone. Ela conta que estava indo ao Plaza Shopping com seu filho, para comprar um presente de Natal, quando ouviu pelo rádio do carro que a loja de brinquedos havia pegado fogo.

— Meu filho começou a fazer várias perguntas e muitas delas eu não sabia responder, porque o incêndio havia acabado de começar. Mesmo assim, percebi sua grande capacidade de entendimento. A partir do dia seguinte, passei a analisar as notícias do jornal com ele — conta Simone.