22/06/2014 18h45 - Atualizado em 22/06/2014 18h45

Gestor ambiental aposta em forno solar como alternativa energética

Equipamento é capaz de assar e cozinhar todo os tipos de alimentos.
Com a ajuda da energia do sol, aquecimento chega a 200 graus celsius.

Do G1 Piracicaba e Região

Forno solar produzido em Piracicaba (Foto: Thomaz Fernandes/G1)Forno solar produzido por técnico em gestão ambiental em Piracicaba (Foto: Thomaz Fernandes/G1)

O forno solar ainda não é tido como substituto das formas convencionais para cozinhar, mas já pode ser usado como alternativa mais econômica em casa. A opinião é do técnico em gestão ambiental, Nicolau Bussolotti Francine, de 27 anos, que há quatro anos vende os aparelhos que fabrica em casa, em Piracicaba (SP), pela internet. Ele também promove oficinas em todo o país sobre como montar o seu próprio equipamento.

O produto que consiste em converter a luz do sol em calor alcança 200 graus celsius e não serve só para aquecer a comida, segundo o técnico e empresário. "Aquecer dá a impressão de que só serve para descongelar, mas o forno solar tem as funções de um fogão. Cozinha, assa e também descongela", explicou.

Bolo produzido em forno solar em Piracicaba (Foto: Nicolau Francine/Divulgação)Bolo assado com uso de energia solar em forno
a 200 º C (Foto: Nicolau Francine/Divulgação)

Além de um curso técnico, Francine chegou a cursar Gestão Ambiental pela Universidade de São Paulo (USP). Foi no meio acadêmico que ouviu falar e se interessou pelo projeto. "Eu sempre gostei de montar, construir, fazer artesanato, por exemplo. Uma vez fiz um forno solar por curiosidade, mas sem a orientação de ninguém e, anos depois, na faculdade, fiz um para o meu uso", disse.

A eficiência do forno o estimulou a se aprofundar no assunto e a confeccioná-los para outras pessoas. A partir de chapas de alumínio e madeira, o rapaz passou a montá-los. "Vi na ideia também uma chance de ter o meu negócio, pois ninguém faz isso no Brasil. Por um lado é bom, pois não há concorrência, mas por outro a falta de mercado dificulta a entrada do produto", disse.

Além do consumo doméstico, o rapaz crê que o forno solar é uma alternativa sobretudo em lugares remotos, onde não há energia elétrica mas, ao mesmo tempo, há sol abundante. "Eu já vendi forno para o Amazonas, por exemplo. Acredito que o forno poderia ser incluso em editais para que as pessoas mais pobres tenham acesso a essa forma mais barata de produzir alimento. Sobretudo em um país com sol na maioria do ano", afirmou.

Frango assado feito em forno solar, em Piracicaba (Foto: Nicolau Francine/Divulgação)Frango assado feito em forno solar, em Piracicaba (Foto: Nicolau Francine/Divulgação)

Ele disse que estuda ainda tecnologias como o uso de óleo para que o forno consiga armazenar calor por mais tempo e possa ser usado à noite, por exemplo. No dia a dia, ele falou que chega a preparar comidas para dois dias e recorre ao fogão somente para reaquecer o alimento à noite e em dias de chuva.

"É uma questão de programar o tempo de forma diferente, como o forno demora mais que o convencional, a pessoa tem de planejar melhor o almoço, por exemplo. No entanto a vantagem é que se você está preparando um prato, não precisa ficar olhando a panela o tempo inteiro, já que o risco de queimar a comida é menor", disse Francine.

Material
Composto de madeira, metal e vidro, o forno convencional custa R$ 500 e funciona somente sob a luz do sol, pois ainda não há tecnologia para manter o calor por muito tempo. Francine calcula ser o único a fabricar e comercializar o produto. "Não é uma tecnologia criada por mim, mas sou o único a vendê-los. Minha intenção é dar uma alternativa à energia convencional e ao gás, além de ter uma qualidade gastronômica."

Como o aquecimento é mais lento do que o forno convencional, o cozimento de alimentos é mais homogêneo e eles não têm perdas de nutrientes, já que a água é desnecessária no processo. "O aroma e o sabor também ficam mais fortes na própria comida. Dá pra fazer qualquer coisa com o forno, só saber usar."

Nas oficinas, Francine ensina as pessoas a montarem o próprio forno com material mais barato, como papelão. Ainda distante de uma inserção de massa no mercado, o forno ainda é produzido pelo rapaz de forma artesanal em um ateliê em casa e vendido em poucas quantidades. "O mundo inteiro já discute novas formas de energia e eu penso que as pessoas devem buscar alternativas mais híbridas, que se equilibrem com o convencional."

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