Johnny Depp deixa de lado as perucas e acessórios dos últimos anos para estrelar "Transcendance", um "thriller nanotecnológico e cerebral", segundo seus produtores.
O ator, de 50 anos e que nos últimos anos foi visto em "Piratas do Caribe", "Alice no país das maravilhas" e "O Cavaleiro Solitário", encarna um cientista que passa a ter o cérebro guiado por um computador pouco antes de sua morte.
Com inteligência humana, a força digital e uma quase imortalidade, o personagem cai rapidamente na tentação de dominar o mundo, o que leva sua esposa, interpretada por Rebecca Hall, ao desespero.
Na apresentação do filme, que estreia nesta quinta-feira (17) nos Estados Unidos e deve chegar aos cinemas brasileiros em 1º de maio, Depp foi extremamente simpático com a imprensa na apresentação do filme.
Questionado sobre o possível interesse nas pesquisas sobre inteligência artificial, o ator foi irônico: "Como eu não tenho inteligência, a única coisa que posso esperar é adquirir de forma artificial ou superficial".
Em seguida, em um tom mais sério, admitiu que "sempre é mais difícil interpretar um personagem próximo de você mesmo fisicamente". "Sempre tento esconder-me, porque não suporto minha imagem", revelou.
"Acredito que é importante mudar e fazer com que as coisas sejam mais interessantes para o personagem". Depp disse ainda que o filme não é reduzido apenas aos atores. "Existe a proposta do autor, a visão do diretor e depois você [o ator], com ideias e desejos próprios. É uma colaboração", afirmou.
O ator disse que entendeu que "não precisaria de cabelos rosa, um nariz de palhaço e sapatos de Ronald McDonald" para fazer "Transcendance".
O filme tem direção de Wally Pfister, em sua estreia como cineasta, depois de ter trabalhado como diretor de fotografia de Christopher Nolan nos três filmes de "Batman" e em "A origem", que lhe rendeu um Oscar em 2011.
"O que me deu mais medo foi a escolha de um bom tema", disse Pfister à AFP. "Quando você toma uma decisão tão arriscada na vida tem que prestar muita atenção ao tema que deseja tratar e à história que vai contar."
Para o cineasta estreante, o núcleo do filme é baseado nos extremos entre o humano e a máquina, assim como entre o digital e o analógico. Além disso, existe um ingrediente ecológico, graças à personagem de Rebecca Hall, convencida de que a tecnologia deveria ajudar a salvar o planeta.
"Se criamos as nanotecnologias, se teremos as máquinas mais potentes do mundo, por quê não utilizá-las para remediar alguns erros que cometemos?", questiona Pfister.
Depp admitiu que não tem proximidade com o personagem que interpreta. "Há algo que não funciona comigo e a tecnologia", confessou, com um sorriso. "É algo com que não estou familiarizado e meu cérebro é muito velho para entender alguma coisa."
E completou, rindo, enquanto simulava escrever algo como celular: "Me sinto um idiota quando tento fazer algo com meus dedos. Então eu tento evitar o máximo possível. Para proteger meus dedos, obviamente".