01/10/2014 12h24 - Atualizado em 01/10/2014 14h45

Chico Cavalcanti, cineasta da Boca do Lixo em SP, morre aos 72 anos

Amigo do José Mojica Marins, o Zé do Caixão, ele tinha câncer no intestino.
Segundo filho, obra do diretor foi marcada por 'tiroteio e sensualidade'.

Do G1, em São Paulo

O cineasta Chico Cavalcanti, um dos principais nomes da Boca do Lixo em SP, que morreu nesta quarta-feira (1º) em SP (Foto: Fabricio Cavalcanti/Divulgação)O cineasta Chico Cavalcanti, um dos principais nomes da Boca do Lixo em SP, que morreu nesta quarta-feira (1º) em SP (Foto: Fabricio Cavalcanti/Divulgação)

O cineasta Chico Cavalcanti, conhecido por filmes produzidos na Boca do Lixo, região central de São Paulo, morreu aos 72 anos na madrugada desta quarta-feira (1º). O filho de Cavalcanti, Fabricio Cavalcanti, afirmou que o diretor estava internado há 20 dias no Hospital do Servidor Público Estadual de SP e que recentemente tinha sido diagnosticado com câncer no intestino. O velório está previsto para começar às 18h desta quarta no cemitério da Vila Alpina, na Zona Leste. O corpo vai ser cremado às 9h desta quinta-feira (2) no Crematório Vila Alpina.

Amigo de José Mojica Marins, conhecido pelo personagem de Zé do Caixão, Fracisco de Almeida Cavalcanti nasceu em Cabrália Paulista e ao longo da carreira, que se destacou nos anos 1970 e 1980, lançou mais de 30 filmes. Em entrevista ao G1 por telefone, Fabricio, que também é diretor, avaliou que o pai trabalhou "com todos os gêneros", especialmente o policial com teor erótico. Chegou ainda a fazer longas de sexo explícito.

No geral, a produção de Cavalvanti era de baixo orçamento e popular, características essenciais da Boca do Lixo. Fabricio destaca no currículo do pai obras que, segundo ele, atingiram "1 milhão, 1,5 milhão de pessoas". Dentre elas, cita "Instrumento da máfia" (1970), "Mulheres violentadas" (1976), "O porão das condenadas" (1979), "Ivone, a rainha do pecado" (1984) e "Horas fatais" (1985).

"Como sempre teve coprodução com os distribuidores, eles falavam: 'Tem que ter sensualidade e tiroteio'", lembrou Fabricio, que se refere ao pai como Chico. "Mas ele dirigiu também documentário, comédia, fez pornochanchada, filme erótico... A maioria desses filmes policiais tinha cenas de sexo. Mas, na época, existia censura, e homem e mulher não podiam ficar pelados. Então, apareciam de calcinha e cueca."

Sobre as produções de sexo explícito, Fabricio diz que "o Chico mais produziu do que dirigiu". "Deve ter dirigido uns quatro filmes desses. Isso, já bem no final dos anos 1980, quase início dos anos 1990."

Fabricio conta que pretende lançar, no ano que vem, um documentário sobre Chico Cavalcanti, chamado "Meu pai a 24 quadros". "O documentário frisa bastante essa paixão pelo cinema. Tem depoimentos dele, do Mojica...", adianta.

"Pelo material, fica bem evidente o esforço que essas pessoas fizeram para produzir os filmes, e eles se pagaram muito bem. Não precisavam de incentivo à cultura. E, mesmo com as dificuldaes, sem o mercado de distribuição, continuaram trabalhando. Se não fosse isso, teriam morrido mais cedo."

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