18/09/2014 07h22 - Atualizado em 18/09/2014 12h57

Isabela Freitas, do best-seller 'Não se apega, não', celebra autoajuda juvenil

Autora de 23 anos explica ao G1 como foi vender 80 mil livros em 3 meses.
Obra junta ficção, realidade e tom motivacional ao abordar relacionamentos.

Cauê MuraroDo G1, em São Paulo

A escritora Isabela Freitas, autora de 'Não se apega, não' (Foto: Divulgação/Intrínseca)A escritora Isabela Freitas, autora de 'Não se
apega, não' (Foto: Divulgação/Intrínseca)

Isabela Freitas demorou para ter internet em casa: até 2010, não fazia noção do que eram redes sociais. Mas aí resolveu criar um perfil no Twitter e arrebanhou milhares de seguidores. Eles gostaram tanto que pediram mais, talvez um site. Ela jogou no Google "o que é blog e como criar", deu certo de novo, e uma editora a convidou a escrever um livro. E Isabela escreveu.

"Não se apega, não" (Intrínseca) fala de relacionamentos, ou mais precisamente da vida após o término. Mas a abordagem é positiva e otimista. A obra saiu no final de junho e virou líder nas listas de best-sellers. Já vendeu mais de 80 mil exemplares. Isabela tem 23 anos e trancou a faculdade de Direito no oitavo período. Quer um dia retomar os estudos e pensa ainda em cursar publicidade ou jornalismo. Ou psicologia. Certeza ela só tem de que "mora em Juiz de Fora, mas vive mesmo no mundo da Lua". O site de Isabela soma mais de 60 milhões de visualizações. E ela tem 163 mil seguidores no Twitter. Eles adoram saber detalhes da vida pessoal da autora. E também adoram o teor motivacional dos posts, atributo que a jovem sabidamente transporta para livro. "O 'Não se apega, não" tem o lado ficção, e tem o lado autoajuda. Dei uma mesclada nos dois, e esperei para ver a reação do público. Eles gostaram! E pediram por mais!", explicou ao G1 em entrevista por e-mail. Assim: com exclamações.

G1 – Você se diz: 'escritora, blogueira e exagerada'. Exagerada em que sentido?
Isabela Freitas –
Em todos. Eu sinto muito e a todo momento, quando gosto de alguém – gosto muito. Quando gosto de alguma coisa – gosto muito. Quando quero alguma coisa – quero muito. Sou aquele tipo de pessoa que vive aos extremos, se me matriculo em uma academia, eu me matriculo para ir todos os dias, ser a melhor. Quando entrei na faculdade, só aceitava notas altas. Quando amo, eu amo muito. Quando fico triste, você vê no meu semblante a tristeza. Aqui não tem muito meio termo, nem equilíbrio.

G1 – Também diz que você é 'louca por histórias de amor, desenhos animados, e bichinhos de rua'. Qual a sua história de amor favorita? E o seu desenho?
Isabela Freitas –
Minha história de amor favorita é Tristão e Isolda – amo histórias de amor trágicas e… exageradas. E meu desenho favorito é Mulan, porque foi o primeiro da Disney em que vi uma princesa que se salva sozinha, e é independente. Quando pequena assisti esse filme e fiquei pensando: "Quero ser igual a ela!".

Isabela Freitas (Foto: Divulgação/Intrinseca)

G1 – O livro é descrito como 'não ficção'. Mas no site a editora já chegou a informar que seria 'ficção young adults'. Afinal, o 'Não se apega, não' é o quê?
Isabela Freitas –
Uma mistura de tudo, pode? O "Não se apega, não" tem o lado ficção, e tem o lado autoajuda. Dei uma mesclada nos dois, e esperei para ver a reação do público. Eles gostaram! E pediram por mais! Então no próximo livro, continuação do primeiro, pretendo continuar com essa fórmula. Vou ver se foco mais na ficção, porque percebi que os leitores gostaram bastante dos personagens. Mas é claro, sem perder a essência da personagem que vem ajudando tantas pessoas por aí.

G1 – Tem diferença entre a Isabela que narra o livro e a Isabela com que está respondendo essas perguntas?
Isabela Freitas –
Ah, tem. A Isabela do livro é um "ideal", tento colocá-la de forma bem madura (em alguns momentos, rs!). Coisa que muitas vezes na vida real, é difícil. Ela é mais o que eu queria ser. Nós somos duas pessoas diferentes, apesar de bem iguais. É o que sempre digo quando alguém me diz "você escreveu sobre minha vida!", sim! Eu escrevi sobre a vida de uma garota comum. O nome é o que menos importa.

G1 – O material do livro é fruto de experiência pessoal ou mistura relatos?
Isabela Freitas –
Um pouco dos dois. Tem coisas que já vivi, e modifiquei para ficção, e tem relatos de amigos que tive vontade de incluir na ficção. Minha vida não é tão interessante, e tão intensa. Mas quis que a da Isabela fosse, afinal, existem muitas Isabelas por aí.

G1 – Acha que, se não fosse considerada bonita, o seu sucesso seria o mesmo?
Isabela Freitas –
Seria, sim. As pessoas não gostam do que escrevo, ou falo, pela minha aparência. Eu não vendo minha imagem, sabe? Isso é irrelevante. Até porque não me considero bonita! Minha mãe talvez me ache a mais linda do mundo (risos).

Isabela Freitas (Foto: Divulgação/Intrinseca)

G1 – Você começou no Twitter, em 2010, inspirada pela série 'Gossip girl'?
Isabela Freitas –
Sim, foi isso mesmo. Gosto de ressaltar que meu pai demorou a colocar internet aqui em casa, então eu fui ter uma noção e prazer por redes sociais em 2010 só! Rs. Criei a personagem de "Gossip girl", e postava frases ácidas, e sinceras. Os temas que rendiam eram sempre sobre relacionamentos no geral, a Blair falava o que todo mundo pensava, mas por algum receio, não falava.

G1 – Por que o seu Twitter fez tanto sucesso?
Isabela Freitas –
Olha, porque desde o início eu fugi do padrão "mais do mesmo". Eu não pedia para me seguirem de volta, não pedia indicação, e não escrevia frases simplesmente para fazer sucesso e ganhar RTs. Eu postava porque gostava de escrever, e porque queria distrair minha mente com alguma coisa. Acho que para fazer sucesso você tem que fazer por paixão, e não por fama.

G1 – Como foi a criação para o blog? Foi 'atendendo a pedidos' ou era uma ideia que você já tinha?
Isabela Freitas –
Foi atendendo a pedidos mesmo. Eu não sabia o que era um blog, para você ter uma noção… Não visitava nenhum, não conhecia nenhum. Joguei no Google "o que é blog e como criar um", e fiz. Desse jeito!

Isabela Freitas (Foto: Divulgação/Intrinseca)

G1 – Você se incomoda quando dizem que o livro é 'autoajuda juvenil'?
Isabela Freitas –
Claro que não, fico muito honrada. "Seu livro mudou minha vida", "depois do seu livro sou outra pessoa", "você me ajuda demais", "você se tornou minha melhor amiga" – são frases que escuto por aí. E se isso é uma autoajuda juvenil, olha que beleza? Um orgulho! Sempre quis que meu livro fosse além da ficção, porque meu blog tem esse cunho de ajudar quem o lê. O "Não se apega, não" veio para ser um refúgio para o leitor.No Twitter é fácil, são pensamentos rápidos. No blog já são textos maiores. Mas um livro, nossa! Como senti dificuldade no início. Uma história, mais de 200 páginas. Você pensa "nunca vou conseguir preenchê-las com um pensamento contínuo", e quando vê, já se foram quatro capítulos… Cinco, o livro todo. Você precisa encontrar a voz do seu personagem.

G1 – No livro, há '20 regras do desapego'. A número 6 diz: 'As pessoas são falsas, e sempre que tiverem uma oportunidade vão te apunhalar pelas costas'. Já a número 19 diz: 'É preciso acreditar nas pessoas, mesmo quando nem elas mesmas acreditam'. Mas como 'acreditar nas pessoas' se elas são 'falsas e sempre que puderem vão te apunhalar pelas costas'?
Isabela Freitas –
Então vamos lá. Na regra número 6, eu me refiro a algumas pessoas, que estão sempre ali, por perto, esperando por uma oportunidade para te apunhalar pelas costas. Na 19, o significado do acreditar é diferente. Eu digo para você acreditar que a pessoa é capaz de alguma coisa. Acreditar que seu amigo pode se tornar o médico que tanto sonha, acreditar que seu irmão vai sim, passar naquele concurso tão disputado, entende? É algo que parte de você, não das outras pessoas. Você precisa acreditar no outro, torcer por ele. Se ele te decepcionar, quem está perdendo? Ele. Mas você fez de tudo. Você foi verdadeiro. Mesmo que as outras pessoas não tenham sido. Certo?

G1 – O seu livro foi inicialmente pensado para mulheres?
Isabela Freitas –
Claro. Meu público é 90% composto por mulheres. Mas eu adoro ver que alguns homens se rendem a leitura, e vem me elogiar. Alguns gostam de entender a mente das mulheres, e nada melhor do que o meu livro, né? Nós somos complicadas.Homens podem aprender a entender as mulheres, e claro, desapegar. Porque quando falamos de amor... não existe gênero.

G1 – Você costuma se comunicar bastante com o público, falar do seu dia a dia. Compartilhar esses assuntos banais é essencial para o sucessos?
Isabela Freitas –
Essencial. Os leitores gostam de saber o que você fez, o que usou no dia, o que comeu, onde foi, com quem foi, o que fez. Isso nos torna (mais) próximos, somos quase como melhores amigos distantes. Gosto bastante disso, de compartilhar com eles meus sentimentos, o que estou pensando, sentindo, comentar sobre os assuntos que estão em pauta no momento. Acho muito importante.

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