13/05/2014 20h36 - Atualizado em 13/05/2014 21h04

Movimento independente de PMs anuncia paralisação em Pernambuco

Categoria reivindica 50% de reajuste sobre o valor do salário-base.
Governo não reconhece manifestação; nova reunião acontece nesta quarta.

Do G1 PE

PMs fizeram ato em frente à sede do Governo de Pernambuco (Foto: Pedro Lins/TV Globo)PMs fizeram ato em frente à sede do Governo de Pernambuco (Foto: Pedro Lins/TV Globo)

Em assembleia realizada na noite desta terça-feira (13), em frente ao Palácio do Campo das Princesas, sede do governo de Pernambuco, no Recife, uma comissão independente de policiais e bombeiros militares decidiu cruzar os braços, após participar de reunião com o secretário da Casa Civil, Luciano Vasquez, e com o chefe da Casa Militar, coronel Mario Cavalcanti de Albuquerque. Não há consenso sobre o número de participantes da assembleia: os representantes do movimento afirmam que 6 mil PMs e bombeiros estavam no local, mas o Batalhão de Polícia de Trânsito informa que não passou de 2 mil o total de presentes.

O governo do estado não reconheceu a paralisação e informou que uma nova reunião com a categoria está marcada para esta quarta (14), com a presença do governador João Lyra Neto -- nesta terça, ele acompanhou a presidente Dilma Rousseff em visita às obras da transposição do Rio São Francisco, no Sertão do estado.

Representantes do movimento foram recebidos pelo secretário Luciano Vasquez (Foto: Pedro Lins/TV Globo)Representantes do movimento foram recebidos pelo
secretário Luciano Vasquez (Foto: Pedro Lins/TV Globo)

"Em nenhum momento, no recebimento da comissão foram colocados esses pontos, são pontos novos [sobre a paralisação]. Estamos analisando uma pauta extensa que foi dada no dia 25 de abril, envolvendo diversas secretarias, o governo irá tomar todas as providências para que esse clima de tranquilidade permaneça. O governador esteve ausente acompanhando a presidente da República e logo que chegar tomará conhecimento e começará as tratativas com os principais órgãos envolvidos", comentou o secretário Luciano Vasquez.

Em nota, a Secretaria da Casa Civil comunicou que os PMs terão reajuste de 14,55% no contracheque de junho. "Todos os pontos reivindicados pelas categorias e pactuados anteriormente estão sendo rigorosamente cumpridos pelo Governo do Estado. Para as novas reivindicações, foi criada uma comissão multissetorial, que envolve as secretarias estaduais de Administração, de Defesa Social, de Planejamento e Gestão e da Fazenda, e os comandos da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros", detalha o documento.

Joel Maurino, soldado da PM e ligado à Associação de Cabos e Soldados, é um dos representantes do movimento independente. "No dia 25 de abril, fizemos uma manifestação, onde foi repassada para o governo a pauta de reivindicações e informado o perigo de possível greve. Durante esses 18 dias, não tivemos retorno. Hoje, a Casa Civil disse que sentaria até amanhã [quarta] com o governador, que daria uma resposta. Mas a categoria esperava que a gente já tivesse uma resposta, por isso decretamos greve", disse. Representantes da Associação de Praças, Policiais e Bombeiros Militares de Pernambuco também estavam no local.

A orientação da comissão independente é que seja mantido 30% do efetivo, que se referem aos serviços essenciais, como o funcionamento do Hospital da PM, as equipes dedicadas ao cuidado com as armas e o policiamento ostensivo para rebeliões e manifestações. Uma nova assembleia da categoria deve ser realizada nesta quarta-feira, após a definição do governo do estado sobre a situação. Procurada pelo G1, a assessoria da Polícia Militar de Pernambuco disse que não foi oficialmente comunicada sobre o movimento.

O reajuste de 14,55%, previsto para a folha de junho, já tinha sido assegurado em acordo firmado entre o governo e a categoria, em 2011. De lá para cá, percentuais gradativos de aumento foram incorporados aos salários dos PMs -- segundo a Casa Civil, já são 134% de reajuste real para a PM, desde 2007. Os representantes do movimento independente pleiteiam reajuste de 50% sobre o salário-base da categoria, a ser pago a partir de janeiro de 2015.

A Associação de Cabos e Soldados (ACS), à qual são filiados 10 mil policiais e bombeiros militares de Pernambuco, está sob intervenção desde o último mês de março, após uma chapa concorrente da atual direção ter questionado a legitimidade do resultado das últimas eleições da entidade. Segundo a ACS, o efetivo total da categoria, hoje, em Pernambuco, soma 20 mil PMs e 2 mil bombeiros militares.

Passeata pelo Centro
Na tarde desta terça, cerca de 500 PMs e bombeiros militares se concentraram para a passeata, na Praça do Derby. O BPTran estimou que 2 mil pessoas participaram da marcha, que seguiu pela Avenida Conde da Boa Vista, Rua da Aurora e Palácio do Campo das Princesas. A organização da caminhada afirmou que policiais de várias cidades, como Petrolina, Nazaré da Mata e Gravatá, participaram do ato.

Ao chegar ao palácio do governo, uma comissão formada por oito policiais foi recebida pelo secretário da Casa Civil, Luciano Vasquez, e pelo chefe da Casa Militar, coronel Mario Cavalcanti de Albuquerque.

No dia 25 de abril, cerca de 300 policiais e bombeiros militares participaram da primeira caminhada da categoria, que terminou com a entrega da pauta de reivindicações na sede da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), na Rua da Aurora.

A pauta de reivindicações da categoria traz 18 itens, entre eles a revisão nas escalas de serviços, no valor da gratificação de risco de vida e no Plano de Cargos e Carreiras; aumento do vale-alimentação; gratificação para motoristas; humanização do código disciplinar; auxílio de invalidez; gratificação para quem possui cursos superiores e qualquer pós-graduação; investimento em especialização profissional e bolsas de estudo, além da implantação do subsídio mais 40% de reajuste.

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