23/10/2014 15h57 - Atualizado em 23/10/2014 15h57

Polícia investiga descarte de feto e de tecidos humanos em aterro em SP

Potes com restos de mama também foram encontrados em Patrocínio Paulista.
Material tinha identificação da Santa Casa de Franca, que negou envolvimento.

Felipe TurioniDo G1 Ribeirão e Franca

A Polícia Civil de Patrocínio Paulista (SP) abriu inquérito nesta quinta-feira (23) para apurar o descarte de restos humanos no aterro da cidade. Na terça-feira (21), moradores do bairro Ederval José dos Reis encontraram um feto de aproximadamente 5 meses, além de potes com amostras de tecidos e órgãos. O material possuía identificação da Santa Casa de Franca, que negou envolvimento no descarte do material, proveniente da Santa Casa de Patrocínio Paulista. O hospital informou que abriu processo administrativo para apurar o caso.

Os restos humanos foram encontrados por um menino de 10 anos, que recolhia latas no aterro. Segundo a mãe do garoto, Elisângela Soares, a criança chegou a levar o material para a casa. “Uns dois dias antes ele já tinha falado que encontrou umas coisas estranhas, mas não levamos a sério, aí ele trouxe o que achou dentro de um saquinho, eu tomei um susto”, diz a dona de casa.

Além do feto, que aparentava ser de um bebê do sexo feminino, havia pedaços de mamas e próteses mamárias. Parte do material estava em potes com etiquetas da Santa Casa de Franca com nomes de pacientes, datadas de 2012. Segundo o delegado Marcelo Rodrigues, os restos humanos foram recolhidos e enviados para o Instituto Médico Legal (IML) para serem identificados. “Após a chegada do laudo, vamos encaminhar uma cópia para a Santa Casa de Franca, que é uma das suspeitas, para apurar a origem”, disse.

Responsabilidade
Em nota enviada ao G1, a Santa Casa de Franca negou ser responsável pelo descarte, mas informou que o Laboratório de Patologia do hospital prestou serviços de análises de materiais biológicos para a Santa Casa de Patrocínio Paulista até março de 2012.

Segundo a instituição, vidros etiquetados e com formol preparado, sem nenhum conteúdo biológico, eram enviados para Patrocínio Paulista, que posteriormente devolvia material para análise em Franca. Após ser usado, o material era armazenado por três meses e depois incinerado. Ainda segundo a Santa Casa de Franca, os vidros encontrados no aterro “podem ser de remanescentes de lote enviado para coleta em Patrocínio e, possivelmente utilizado após a recisão do contrato em março de 2012”.

'Incógnita'
O diretor da Santa Casa de Patrocínio Paulista, Geter Ferreira, afirmou ao G1 que foi aberto um processo administrativo para apurar o descarte que, segundo ele, é uma “incógnita”. “Até abril de 2012 esse tipo de material era enviado para Franca, mas cancelamos o contrato e eu não sei como isso foi chegar ao aterro, é uma verdadeira incógnita”, afirmou.

Pelos nomes encontrados nas etiquetas, a direção confirmou que o material foi colhido na Santa Casa de Patrocínio Paulista. “Já identificamos os prontuários e as fichas correspondem aos restos de mamas coletadas, foi feita a cirurgia aqui”, afirma Ferreira. O material teria sido retirado para implante de próteses de silicone. A identificação do feto, entretanto, ainda não foi feita porque o hospital não teve acesso ao material.

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