A Polícia Civil de Patrocínio Paulista (SP) abriu inquérito nesta quinta-feira (23) para apurar o descarte de restos humanos no aterro da cidade. Na terça-feira (21), moradores do bairro Ederval José dos Reis encontraram um feto de aproximadamente 5 meses, além de potes com amostras de tecidos e órgãos. O material possuía identificação da Santa Casa de Franca, que negou envolvimento no descarte do material, proveniente da Santa Casa de Patrocínio Paulista. O hospital informou que abriu processo administrativo para apurar o caso.
Os restos humanos foram encontrados por um menino de 10 anos, que recolhia latas no aterro. Segundo a mãe do garoto, Elisângela Soares, a criança chegou a levar o material para a casa. “Uns dois dias antes ele já tinha falado que encontrou umas coisas estranhas, mas não levamos a sério, aí ele trouxe o que achou dentro de um saquinho, eu tomei um susto”, diz a dona de casa.
Além do feto, que aparentava ser de um bebê do sexo feminino, havia pedaços de mamas e próteses mamárias. Parte do material estava em potes com etiquetas da Santa Casa de Franca com nomes de pacientes, datadas de 2012. Segundo o delegado Marcelo Rodrigues, os restos humanos foram recolhidos e enviados para o Instituto Médico Legal (IML) para serem identificados. “Após a chegada do laudo, vamos encaminhar uma cópia para a Santa Casa de Franca, que é uma das suspeitas, para apurar a origem”, disse.
Responsabilidade
Em nota enviada ao G1, a Santa Casa de Franca negou ser responsável pelo descarte, mas informou que o Laboratório de Patologia do hospital prestou serviços de análises de materiais biológicos para a Santa Casa de Patrocínio Paulista até março de 2012.
Segundo a instituição, vidros etiquetados e com formol preparado, sem nenhum conteúdo biológico, eram enviados para Patrocínio Paulista, que posteriormente devolvia material para análise em Franca. Após ser usado, o material era armazenado por três meses e depois incinerado. Ainda segundo a Santa Casa de Franca, os vidros encontrados no aterro “podem ser de remanescentes de lote enviado para coleta em Patrocínio e, possivelmente utilizado após a recisão do contrato em março de 2012”.
'Incógnita'
O diretor da Santa Casa de Patrocínio Paulista, Geter Ferreira, afirmou ao G1 que foi aberto um processo administrativo para apurar o descarte que, segundo ele, é uma “incógnita”. “Até abril de 2012 esse tipo de material era enviado para Franca, mas cancelamos o contrato e eu não sei como isso foi chegar ao aterro, é uma verdadeira incógnita”, afirmou.
Pelos nomes encontrados nas etiquetas, a direção confirmou que o material foi colhido na Santa Casa de Patrocínio Paulista. “Já identificamos os prontuários e as fichas correspondem aos restos de mamas coletadas, foi feita a cirurgia aqui”, afirma Ferreira. O material teria sido retirado para implante de próteses de silicone. A identificação do feto, entretanto, ainda não foi feita porque o hospital não teve acesso ao material.