Saúde

Cientistas conseguem ‘limpar’ DNA infectado de HIV

Estudo de cultura em células indica que é possível extrair vestígios do vírus do organismo humano
FILE - This April 12, 2011 electron microscope image made available by the National Institute of Allergy and Infectious Diseases shows an H9 T cell, blue, infected with the human immunodeficiency virus (HIV), yellow. Research suggests that a shot every one to three months may someday give an alternative to the daily pills that some people take now to cut their risk of getting HIV from sex with an infected partner. An experimental drug given in periodic shots completely protected monkeys from infection in two studies reported at an AIDS conference on Tuesday, March 4, 2014. (AP Photo/NIAID) Foto: AP
FILE - This April 12, 2011 electron microscope image made available by the National Institute of Allergy and Infectious Diseases shows an H9 T cell, blue, infected with the human immunodeficiency virus (HIV), yellow. Research suggests that a shot every one to three months may someday give an alternative to the daily pills that some people take now to cut their risk of getting HIV from sex with an infected partner. An experimental drug given in periodic shots completely protected monkeys from infection in two studies reported at an AIDS conference on Tuesday, March 4, 2014. (AP Photo/NIAID) Foto: AP

RIO - Um estudo de cientistas da Universidade de Temple, na Filadélfia, publicado na revista da Academia Americana de Ciências, surge com uma nova esperança de cura para vítimas da Aids e mostra que é possível erradicar todos os vestígios de HIV a partir de uma cultura de células infectadas. Apesar de ainda não ser possível aplicar a técnica em humanos, o método é considerado uma “prova de conceito” de que pode existir cura para a doença.

O ensaio pode derrubar a tese de que, uma vez infectada com o HIV, a pessoa nunca deixa de ter o vírus, forçando o uso de medicação por toda a vida. Isso porque o vírus não existe apenas no organismo. Em algumas células (chamadas de “reservatórios”), ele é camuflado da forma mais eficaz possível: desaparece, mas também se insere nos genes no DNA do hospedeiro. Até então, os tratamentos antirretroviral eram capazes de evitar que o vírus circulasse no corpo, mas uma vez inserido no DNA, não havia nenhuma maneira de tirá-lo. A medicação conseguia apenas abortar as tentativas de o vírus se reconstruir.

Agora, o trabalho desses cientistas mostra que é possível retirar o HIV do código genético. Para isso, eles introduziram enzimas células infectadas capazes de cortar fragmentos malignos do DNA. Em um segundo momento, o próprio sistema de reparo do genoma faz o trabalho de recuperar genes como eram antes da infecção. Segundo os especialistas, o processo seria semelhante ao de apagar trechos de um texto escrito em tiras de papel.

Apesar de positivo, os cientistas ressaltam que esse é apenas um primeiro e pequeno passo. O tratamento ainda não pode ser aplicado aos seres humanos em larga escala, já que existem milhares de tipos de células infectadas, sendo o processo complexo demais para ser usado em todo o organismo.