• Alexandre Teixeira
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Dialogos - Alexandre Teixeira (Foto: Marcelo Calenda)

Dialogos - Alexandre Teixeira (Foto: Marcelo Calenda)

Se você ainda não desistiu de sua resolução de Ano-Novo, considere-se vitorioso – mas não se anime demais. Um quarto de nós abandona esse tipo de promessa na primeira semana de janeiro. A partir daí, as desistências vão aumentando até atingir um pico no dia 18 de fevereiro, a data em que há a maior incidência de quebra da disciplina no comparecimento a academias – pelo menos nos Estados Unidos, de onde vem a maioria dessas estatísticas. Até o final do ano, só 8% das pessoas terão mantido suas resoluções, por dois motivos principais: metas irrealistas e uso do medo como motivação. Não por acaso, os mesmos fatores tornam inúteis muitos dos planejamentos estratégicos feitos em meio a uma crise econômica.

Nos 17 anos em que passou à frente da Serasa, Elcio Anibal de Lucca adotou um modelo de motivação para seu time de executivos que combinava sabiamente objetivos pessoais e profissionais. Uma das práticas curiosas que ele adotou na companhia foi, ao final das reuniões de fim de ano para planejamento do exercício seguinte, convidar os gestores participantes a introduzir numa urna uma lista de metas pessoais. Curar-se de uma doença, emagrecer, seguir uma religião de modo mais estrito, aprender um esporte, qualquer coisa. A urna era lacrada até o ano seguinte, na hora da apresentação dos resultados da empresa. Cada um, então, lia suas metas e tinha o direito (mas não a obrigação) de se manifestar, contando aos colegas se atingira ou não seus objetivos. Normalmente, se havia 200 pessoas na sala, umas 20 falavam. “Mas todo mundo entendia o que é uma meta”, me contou Elcio.


Unir objetivos pessoais e profissionais pode ser benéfico para os dois tipos de desafio. Se você vai tratar sua resolução de Ano-Novo como uma meta, sabe que precisará quebrá-la em objetivos menores, específicos, mensuráveis, passíveis de revisão a cada mês ou trimestre: precisamente o que os psicólogos afirmam aumentar nossas chances de, tipicamente, perder peso, parar de fumar, beber menos ou saldar nossas dívidas. Dizem os especialistas que cada resolução deve ter um cronograma de execução com submetas específicas para duas, seis, 12 semanas e um ano. Convenhamos que definir três ou quatro passos intermediários para uma meta de longo prazo não é novidade nenhuma para alunos de MBA.

Por outro lado, se vai tratar seu plano de negócios para 2016 como resolução de fim de ano, é improvável que você se imponha (ou imponha aos outros) metas obviamente inatingíveis. Elevar as vendas em dois dígitos em 2016 pode ser um objetivo tão pouco factível como correr uma maratona no final do ano, se passou o Réveillon sedentário.

Tomas Chamorro-Premuzic, professor de psicologia dos negócios na University College London, sugeriu à Harvard Business Review um roteiro para fazer as resoluções vingarem: seja realista, foque no positivo, comprometa-se publicamente, crie um plano de ação, recrute apoio (colegas, mentores ou um coach), defina marcos no caminho e não seja duro demais consigo mesmo.