Reforma de baixo custo traz estilo brutalista para apartamento
Luz natural, verde exuberante, texturas despojadas. Com esses elementos, o arquiteto Rogério Gurgel deu jeito de casa a este apartamento. Tem bônus: ele uniu estilos opostos, com baixo orçamento e histórias interessantes
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Texto Carol Scolforo | Realização Nuria Uliana
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O ano era 2009 e Rogério Gurgel, estudante de arquitetura em São Paulo, viajava a Berlim sozinho. Ao pousar no minúsculo aeroporto, esbarrou em um grupo de brasileiros. Lá estava Rafael Trindade, com quem a conversa fluiu. Entraram no metrô, na mesma direção, já encantados um pelo outro, trocaram e-mails e se despediram. Durante a volta ao Brasil, Rogério perdeu o papel em que estavam os contatos do desconhecido. E, naturalmente, essa história acabaria aqui... não fossem os enredos que o destino produz. Um ano depois, em conversa com uma amiga, veio o inesperado. “Falamos sobre a viagem que eu havia feito e ela disse que um amigo dela conheceu uma pessoa em Berlim com toda a descrição do meu perfil! Ela ligou as coisas e percebemos que era a vida facilitando. Pronto: eu e o Rafa nos encontraríamos de novo”, conta Rogério, hoje arquiteto. Há seis anos eles estão juntos e agradecem os acasos.
Três anos atrás, veio o sonho de juntar as histórias em um apartamento próprio. Rafael, que é dono da empresa de papéis de parede Branco, percorreu mais de 100 imóveis na capital paulista, ao lado do arquiteto. “Foi uma busca difícil. Quando chegamos a este, vi uma boa base para que ficasse como ele queria”, diz Rogério. O imóvel de 110 m², em Pinheiros, era bem compartimentado, mas isso era possível contornar. Havia um pedido do “cliente”: a reforma deveria ter baixo custo. A solução foi demolir as divisões e expor com orgulho as paredes descascadas – até na cozinha os negativos dos azulejos se exibem. “Fizemos apenas uma marcenaria, o que reduziu bem o custo”, conta Rogério. No piso, ladrilho hidráulico com efeito de concreto. E, por todos os lados, a vegetação exuberante do paisagismo projetado por Dani Ruiz se impõe.
A base neutra permite que joias de design assinado, como poltronas de Paulo Mendes da Rocha e de Sergio Rodrigues, apareçam. Em ângulos diversos, histórias de família, de viagens ou garimpos de antiquários são achados que ganham valor nas paredes. Agora com luz natural farta, tudo convida a sentar no chão e brincar com o cão Sauro, um dos momentos que o casal ama. “O importante era ter cara de casa”, conta Rogério. Na visão do autor, essa arquitetura crua, próxima do brutalismo que ele admira, entra em choque com o estilo clássico, do mundo de Rafael e o resultado se equilibra entre descontração e nobreza.