11/02/2016 09h15 - Atualizado em 11/02/2016 09h15

Menores e mulheres estão cada vez mais ligados a crimes em Uberlândia

Infiltração dos dois perfis no tráfico de drogas aumentou, segundo a PM.
Impunidade é uma das principais motivações ao envolvimento de menores.

Caroline AleixoDo G1 Triângulo Mineiro

Operação Jogador prende traficante e sócio de boate Gaeco Uberlândia (Foto: Caroline Aleixo/G1)Mulheres e adolescentes estão na maior parte
envolvidos com tráfico (Foto: Caroline Aleixo/G1)

O envolvimento de adolescentes, crianças e mulheres em crimes de variadas naturezas está se tornando mais expressivo em Uberlândiaa cada ano. Conforme os dados apresentados pela Polícia Militar (PM), geralmente os crimes de maior incidência dos dois públicos são tráfico de drogas, agressão, roubo e furto. (Confira tabela abaixo)

Em 2014, a polícia fez 1.997 apreensões de menores e, no ano passado, foram 2.029 adolescentes apreendidos. Até a publicação da matéria, o departamento de estatísticas da 9ª Região Integrada de Segurança Pública (Risp) não havia enviado o levantamento de mulheres presas nos dois anos.

A PM informou que vem sendo comum a infiltração dos dois perfis na criminalidade, principalmente no tráfico ilícito de drogas, em virtude de os criminosos acharem que não despertaria tanto a atenção da polícia. No último biênio, foram 1.393 crianças e adolescentes envolvidos no crime e 485 mulheres.

CRIMES ENVOLVENDO MENORES E MULHERES 2014/2015 - UBERLÂNDIA
MENORESMULHERES
Tráfico de drogas: 1393 envolvidos Agressão: 961 envolvidas
Roubo: 623 envolvidos Ameaça: 948 envolvidas
Furto: 487 envolvidos Lesão corporal: 844 envolvidas
Ameaça: 352 envolvidos Atrito Verbal: 644 envolvidas
Agressão: 332 envolvidos Tráfico de drogas: 485 envolvidas
Lesão corporal: 311 envolvidos Furto: 463 envolvidas
Uso e consumo de drogas: 283 envolvidos Dano: 151 envolvidas
Receptação: 250 Roubo: 125 envolvidas

De acordo com o assessor de imprensa da 9ª RPM, major Julio Cesar Cerizze Cerazo de Oliveira, na hora da abordagem independe a idade e o gênero dos suspeitos e todos os envolvidos são revistados, detidos e apreendidos no caso dos menores.

Na percepção da polícia, as mulheres na maioria das vezes se envolvem em crimes induzidas pelos parceiros. Quanto à participação de menores, que é ainda maior, geralmente se trata de infratores reincidentes, que foram apreendidos e retornaram às ruas sem qualquer punição.

Durante o carnaval fizemos a apreensão de dois adolescentes que confessaram ter cometido mais de 15 roubos em apenas três dias".
Major Julio Cesar Cerizze

“Esse aumento é perceptível, principalmente de menores por causa da impunidade. Durante o carnaval fizemos a apreensão de dois adolescentes que confessaram ter cometido mais de 15 roubos em apenas três dias. A própria Justiça entendeu que não era pertinente mantê-los apreendidos e foram soltos para cometer novos crimes”, relatou o major.

Na Área Integrada de Segurança Pública (Aisp) 88, que abrange a zona leste de Uberlândia, é comum o envolvimento dos dois públicos nos crimes de tráfico, roubo e furto. A delegada responsável pela área, Paula Andressa de Freitas Mariano, concordou que a falta de punição é realmente um dos agravantes.

Já ouvi menores dizendo que não adianta nada apreendermos porque amanhã estão na rua".
Paula Freitas, delegada

“A impressão que tenho quando pego casos envolvendo menores é que eles acabam sendo mais violentos e aproveitam dessa questão da impunidade. Já ouvi menores dizendo que não adianta nada apreendermos porque amanhã estão na rua, infelizmente é verdade. Entendo que enquanto não houver punição, esses crimes continuarão aumentando”, opinou.

Quando há maiores de idade envolvidos, a delegada relatou que acrescenta no inquérito dele que houve o crime de corrupção de menores com o intuito de aumentar a pena do envolvido.

Outra questão, no caso de mulheres, é a sensação que a infratora tem de que não irá despertar a atenção da polícia durante uma abordagem. “Teve uma detida por tráfico que guardou a droga dentro do sutiã e achou que a polícia não iria desconfiar por se tratar de uma mulher”, contou Paula de Freitas.

 

tópicos:
veja também