Economia Imóveis

Cai a intenção de compra de imóvel como investimento, revela pesquisa do Zap

Segundo especialista, o equilíbrio entre a aquisição de propriedades para moradia e para renda mantém os preços estáveis

As intenções de compra para investimento ficaram em torno dos 34%, percentual mais baixo desde o primeiro trimestre do ano passado
Foto:
Guilherme Leporace
/
As intenções de compra para investimento ficaram em torno dos 34%, percentual mais baixo desde o primeiro trimestre do ano passado Foto: Guilherme Leporace /

RIO - Após oito meses consecutivos de desaceleração nos preços dos imóveis, o comportamento dos compradores começa a mudar no Brasil. Pesquisa inédita realizada pelo portal Zap Imóveis, em parceria com a Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas da USP), mostra uma tendência de queda na compra de imóveis para investimento. As intenções de compra com esse objetivo ficaram em torno dos 34%, segundo o estudo que traçou um raio X do comprador de imóveis no país. O número é o menor registrado desde o primeiro trimestre de 2013.

E quanto mais caro o imóvel, maior o interesse em compra para moradia. Ou seja, aos investidores interessa imóveis mais baratos, com maior demanda para o aluguel. Enquanto 100% daqueles que compram imóveis acima dos R$ 2 milhões pretendem morar, nos imóveis até R$ 200 mil a proporção é de 53% de investidores e 47% para a casa própria. Por outro lado, quando perguntados sobre a expectativa de valorização dos seus imóveis, 51% dos proprietários disseram acreditar que o preço deve subir acima da inflação no longo prazo (acima de dez anos). Juntos, os dois dados mostram o amadurecimento do mercado brasileiro.

— Esse equilíbrio entre o número de imóveis vendidos para investimento e para moradia é saudável pois não permite que haja nem um um aumento muito grande da oferta para aluguel, o que poderia causar uma queda acentuada dos valores de locação; nem uma queda substancial, que teria o efeito contrário — explica Eduardo Schaeffer, CEO do Zap Imóveis, acrescentando ainda que quando a expectativa de valorização é muito alta, o risco de bolha é maior. — Nos Estados Unidos pré-bolha, a expectativa de valorização chegava a 95%. Estamos em 51% no longo prazo (daqui a dez anos) e 41% no curto prazo (período de até um ano).

O terceiro ponto avaliado pelo estudo foi o desconto na compra do imóvel. O valor efetivamente pago ficou em torno de 6,5% menor que o anunciado, mas 40% dos compradores recentes não tiveram qualquer desconto. Realizado pela primeira vez, o estudo ouviu 3.277 pessoas entre proprietários, que compraram recentemente, e interessados em comprar nos próximos meses. Mas a partir de agora passa a ser trimestral. O objetivo é oferecer ao mercado um volume relevante de informações.

— Até pouco tempo, não tínhamos qualquer informação sobre o mercado. Essa é uma continuidade do trabalho que já vinha sendo feito pelo FipeZap e vai permitir uma análise mais precisa do mercado. Até agora as informações eram baseadas apenas na oferta. Esse estudo começa a analisar a demanda, mostra o interesse no imóvel e ajuda até a analisar a questão da bolha imobiliária — comemora Schaeffer, que também anunciou a ampliação do FipeZap.

A partir de agora serão analisados os preços de imóveis em 25 cidades e não mais 16. Com a inclusão de Campinas, Contagem, Goiânia, Guarulhos, Guarujá, Osasco, Praia Grande, Santos e São Vicente, o índice FipeZap atinge agora uma cobertura de 35% do PIB que inclui 13 dos 15 maiores municípios do país.

— Com isso, já podemos considerar o FipeZap um índice nacional — avalia Schaeffer.