23/05/2014 21h22 - Atualizado em 23/05/2014 21h22

Americano relembra tempo em que morou no RN na 2ª Guerra Mundial

Capital do Rio Grande do Norte vai ser a sede da primeira partida da seleção dos Estados Unidos - contra Gana

Nesta Copa, a capital do Rio Grande do Norte vai ser a sede da primeira partida da seleção dos Estados Unidos - contra Gana. É uma coincidência histórica, porque a cidade de Natal foi o endereço de muitos militares americanos 70 anos atrás, durante a 2ª Guerra Mundial.
Um período que o Jornal Nacional relembra na reportagem de Alan Severiano e Orlando Moreira.

Nesta Copa, a capital do Rio Grande do Norte vai ser a sede da primeira partida da seleção dos Estados Unidos - contra Gana. É uma coincidência histórica, porque a cidade de Natal foi o endereço de muitos militares americanos 70 anos atrás, durante a Segunda Guerra Mundial.

"Boy", em inglês mesmo, é como muita gente chama os meninos em Natal. Uma herança da presença americana na Segunda Guerra.

Nessa casa no estado de Delaware, encontramos uma testemunha viva dessa história: John Harrison era fotógrafo da Marinha. Em 1943, ele foi enviado para Natal, que na época tinha a maior base aérea dos Estados Unidos fora do país.

Foi no subsolo da casa que, durante quase 60 anos, John guardou um tesouro: uma caixa cheia de negativos de fotos que ele tirou no Brasil na época da Segunda Guerra Mundial. Ele só resolveu revelar essas fotos no ano 2000. São mais de 200 imagens.

Elas mostram o dia-a-dia da base, que abrigava 5 mil americanos e tinha até cinema. Em uma foto, os militares jogam beisebol.

John, na época com 19 anos, registrou a visita da primeira-dama Eleanor Roosevelt, em 1944. Um ano antes, o marido Franklin Roosevelt se reuniu com o presidente Getúlio Vargas em Natal.

Pressionado pelos Estados Unidos, Vargas resolveu mandar tropas pra lutar na Itália. John conta que naquela época, com centenas de voos por dia, o aeroporto de Natal era o mais movimentado do mundo.

Os aviões precisavam de uma escala pra cruzar o Atlântico. Eles vinham da Flórida e, de Natal, seguiam pra África, Europa e Ásia levando tropas, jipes e armas para os aliados que combatiam as forças de Hitler.

John também fotografou o cotidiano de Natal nos anos 40. A interação com os moradores mudou hábitos.

“Sundae, banana split, hambúrguer. Essas pessoas realmente conheceram o fast-food antes do resto do Brasil”, contou o pesquisador Fred Nicolau, da Fundação Rampa.

O documentário “Natal – Encruzilhada do Mundo”, da Fundação Rampa, mostra os pontos positivos e negativos. John transformou as memórias em livro. Ele diz que Natal, que agora vai receber a primeira partida da seleção americana na Copa, foi decisiva pra vitória dos aliados: “Fui muito feliz lá. Muita gente aqui não tem a mínima ideia do quanto o Brasil nos ajudou na Segunda Guerra".