Saúde Ebola

Governo americano confirma primeiro caso de ebola diagnosticado nos EUA

Paciente saiu da Libéria e chegou ao país sem manifestar a doença. Ele está em 'isolamento total' em hospital em Dallas
O vírus causador do ebola: paciente está isolado em centro médico no Texas Foto: Divulgação
O vírus causador do ebola: paciente está isolado em centro médico no Texas Foto: Divulgação

DALLAS E RIO - Num claro sinal de que a epidemia de ebola está totalmente fora de controle na África e pode se espalhar por outras partes do mundo, um caso da doença foi diagnosticado ontem nos Estados Unidos. É a primeira vez que um registro da febre é feito fora do continente africano. Segundo informou o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês) dos EUA, o paciente passou quatro dias doente e mantendo contato com parentes e amigos, tendo sido isolado apenas anteontem. Por isso, o risco de transmissão do vírus é relativamente alto. Especialistas garantem, no entanto, que não se deve temer uma epidemia.

O indivíduo contaminado chegou da Libéria (o país mais afetado pela doença) no último dia 20 para visitar parentes que moram nos EUA. Começou a apresentar sintomas no dia 24, mas só foi internado (e isolado) no domingo, no Hospital Presbiteriano do Texas, em Dallas. O paciente se encontra em estado crítico, segundo o CDC, e a prioridade, agora, é salvar sua vida. Todas as pessoas que mantiveram contato com ele no país serão monitoradas e, caso apresentem febre, serão levadas para isolamento por 21 dias.

CONTÁGIO SOMENTE APÓS SINTOMAS

Diferentemente de outras doenças contagiosas, o ebola só é transmitido quando o paciente já apresenta sintomas da febre (e não na fase assintomática). Por isso, pessoas que viajaram com ele no avião, por exemplo, não estariam em risco. A doença é transmitida por meio do contato direto com fluidos corporais do doente. Não se sabe ainda como o indivíduo contraiu a doença. De acordo com as primeiras informações divulgadas no fim da tarde de ontem, ele não seria um profissional de saúde envolvido na resposta à epidemia.

Diretor do CDC, Thomas Frieden afirmou em entrevista coletiva não ter dúvidas de que as autoridades sanitárias federais e locais são capazes de conter a propagação do vírus.

- Certamente é possível que alguém que tenha tido contato com esse indivíduo desenvolva a doença nas próximas semanas - afirmou. - Mas não tenho dúvidas de que conseguiremos deter a propagação.

O virologista brasileiro Fernando Portela Câmara concorda com o colega americano. Para ele, em qualquer lugar com uma infraestrutura razoável de saúde, saneamento e cuidados básicos de higiene, a propagação de uma epidemia seria quase impossível.

- Na África, a coisa está fora de controle porque as condições são as piores possíveis - disse.

Hospitais americanos (e de alguns países da Europa) receberam outros pacientes de ebola provenientes do Oeste da África, onde a epidemia já matou mais de três mil pessoas. Esses pacientes, no entanto, eram todos profissionais de saúde que trabalhavam na resposta à doença e foram diagnosticados ainda na África. Ou seja, foram transportados para os EUA em condições de total isolamento e levados diretamente para a internação, sem risco algum de transmissão.