Assustado
no início, aliviado com o resultado dos exames e com a certeza de que vai
continuar normalmente a carreira de treinador no São Paulo pelo menos até o final
de 2015, quando vence o seu contrato. Esse é Muricy Ramalho que, após ficar 10 dias afastado por causa de uma arritmia cardíaca, sofrida no último dia 25, voltou a
trabalhar com os jogadores na tarde desta segunda-feira, no CT da Barra Funda. No início da tarde, ele concedeu entrevista à
rádio "Jovem Pan", de São Paulo, e falou sobre os momentos difíceis que passou no hospital. Mais tarde, concedeu entrevista à São Paulo FC TV (veja vídeo acima).
O
treinador foi enfático: vai até o fim do seu contrato com o Tricolor. Até lá, ele se tornará o treinador que mais vezes comandou a
equipe do Morumbi.
-
Como foram feitos todos os exames e nada foi descoberto, vou
continuar minha carreira normalmente. Se tivesse acusado algo, teria pensado em
parar. Tenho contrato até o fim de 2015, e os exames mostraram que estou bem, mas vou ter de diminuir a intensidade das coisas. Mas vou até o fim no São Paulo -
disse o técnico, que voltará ao banco de reservas na partida de quarta-feira, contra o Atlético-PR, pelo Campeonato Brasileiro.
Veja
abaixo os outros tópicos da entrevista do treinador:
SUSTO
- Realmente foi um susto. Eu nunca tive problema cardíaco. O que mais me deixa preocupado é que quando você chega ao hospital
para fazer exame e começa a te colocar um monte de coisa. Não acharam nada. O
motivo desse mal-estar foi o estresse. Trabalho muito duro, ainda mais nessa fase
de domingo a domingo, não tem descanso, pressão enorme. Estou melhorando, fazendo
exercícios, tomando remédios que os médicos pediram.
COMO
APARECEU O PROBLEMA
- Estava
em casa pela manhã, tinha treino à tarde. Comecei a suar frio, ter tonturas e
sentir o coração bater descompassado. Como nunca tive nada, não dei atenção e
continuei a fazer minhas coisas. Almocei e fui embora para o CT. Nesse
intervalo, o quadro não mudou. Quando cheguei, fiz o que tinha de fazer, defini
lista de concentração, treinamentos, outras coisas, e o incômodo não passava.
Conversei com o médico e, ele ao me examinar, falou que deveríamos ir
rapidamente para o hospital.
POR
QUE NÃO DEU ATENÇÃO EM CASA?
- A
gente acha que é médico, né. Comentei com a minha esposa, e ela falou: vai para o
hospital ver o que é isso. Na hora, achei que era apenas um mal-estar, algo que
havia comido e que não tinha caído bem.
ASSUSTOU
NO HOSPITAL?
- Demais.
Não pensava que era tão grave. Fui levado a uma sala e começaram a me
entubar. Oxigênio no nariz, remédio na veia, eletrodos para ver os batimentos.
Sai médico, entra médico, conversa e volta. Eles fizeram várias reuniões do
lado de fora do quarto. Depois, me falaram que tinha de ir para a UTI. Aí,
fiquei muito assustado. Até porque se os batimentos não voltam ao normal em
dois dias você toma um choque para que tudo volte ao normal. Graças a Deus, isso
não foi preciso.
QUAL
O DIAGNÓSTICO?
Estresse.
O que me deixou mais tranquilo é que fiz todos os exames possíveis e não foi
encontrado nenhum problema no coração. Os médicos falaram que tenho de diminuir
o ritmo. Esses dias em que fiquei no hospital serviram para pensar em um monte de
coisas. Preciso diminuir. Eu me envolvo com tudo. Além do mais, ser
técnico no Brasil não é fácil. Outro dia, teve técnico na Inglaterra (Arsène
Wenger) que completou 18 anos no Arsenal, e, mesmo ganhando poucos títulos, está lá,
com seu terninho e seu cabelo impecável. Aqui, ganhou é tudo festa, perdeu você
não presta. Realmente, vou mudar algumas atitudes daqui para frente.
(Foto: Marcelo Prado)
CHANCE
DE ABREVIAR A CARREIRA?
- Não.
Como foram feitos todos os exames e nada foi descoberto, vou continuar minha
carreira normalmente. Se tivesse acusado algo, teria pensado em parar. Tenho
contrato até o fim de 2015, e os exames mostraram que estou bem. Vou ter que
diminuir a intensidade das coisas, mas vou até o fim no São Paulo.
FAMÍLIA
PRESSIONA PARA APOSENTAR?
- Converso
muito com minha esposa. Dessa vez, todo mundo ficou assustado em casa, já que
era problema de coração. Mas minha esposa sabe o que eu penso e ela não fala
que eu devo parar. Isso aqui é minha vida. Se parar, aí que vou ficar doente
mesmo. Mas serviu para mudar algumas atitudes daqui para frente.
MILTON
CRUZ E TATA FIZERAM BOM TRABALHO?
- Milton
e Tata (auxiliares-técnicos) são pessoas especiais, da minha confiança, sabem o que eu penso, deram
segmento ao trabalho. Tiveram um problema contra o Fluminense, mas o importante
é que nosso time se recuperou.