Política Eleições 2014

Rossetto critica Marina e diz que pré-sal é conquista da população brasileira

Ministro compara candidata a Collor e diz que ela passa por ‘mimetizações’

BRASÍLIA — Ministro do Desenvolvimento Agrário e ex-presidente da Petrobras Biocombustível, Miguel Rossetto, considerou um "erro estratégico grave para o país" a proposta da candidata Marina Silva (PSB) de reduzir a importância da exploração do petróleo da camada do pré-sal na produção de combustíveis. Rossetto disse que com esses investimentos, o país contratou o futuro da educação e da saúde. A estimativa é que, nos próximos dez anos, US$ 112,25 bilhões serão destinados a essas áreas.

— É um erro estratégico grave. O pré-sal é uma conquista do povo brasileiro que foi transformado em recursos para a educação e para a saúde. A fala da candidata é um erro estratégico grave para o país e representa a recusa de Marina em dar esses recursos ao povo — disse o ministro.

Segundo ele, a ex-senadora vende uma ideia falsa de que o governo Dilma escolheu o pré-sal em detrimento da energia renovável. Ainda de acordo com ele, não há essa “polarização”:

— Nosso governo tem compromisso com energia renovável, com energia limpa. O etanol passa por uma questão conjuntural. O governo zerou todos os tributos. Claro que temos que avançar para ter um preço mais baixo no etanol, ampliar esforços para baixar o custo do etanol e do biodiesel. Agora, o governo vem apoiando e financiando o setor para que isso ocorra — afirmou.

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Rossetto ironizou a aproximação de Marina com os produtores de etanol. A candidata do PSB deu uma palestra anteontem na Feira Internacional de Tecnologia Sucro-energética (Fenasucro), em Sertãozinho, no interior de São Paulo:

— Surpresa é a Marina, depois de 20 anos como senadora e ministra do Meio Ambiente, conhecer Ribeirão Preto. Nós conhecemos Ribeirão Preto, temos diálogo com o setor sucroalcooleiro, temos apoiado com financiamento e redução de tributos federais — disse.

Ele ressaltou ainda que o governo está aguardando um parecer técnico para aumentar até 27,5% a mistura do etanol na gasolina. Atualmente esse percentual é até 25%.

NOVO COLLOR

O ministro disse que Marina não representa “terceira via” na disputa, tendo assumido o lugar que era ocupado pelo candidato do PSDB, Aécio Neves, como candidata “do pólo conservador”. Citou a proposta de autonomia do Banco Central e o fato de, segundo ele, passar a defender os transgênicos como símbolos da suposta guinada:

— É absolutamente escandalosa, causa perplexidade a defesa do Banco Central independente, uma tese ultraconservadora. Que candidata é essa que os bancos apoiam com tanto entusiasmo? Que candidata é essa que faz apologia das elites? Marina diz agora que não é contra os transgênicos, se molda e oferece compromissos diferentes dos que defendeu na sua história — disse.

Para Rossetto, Aécio foi “descartado” como alternativa viável de poder e substituído por Marina. O ministro comparou-a ao ex-presidente Fernando Collor de Mello, eleito em 1989.

— Ela passa por um mimetismo, é uma trajetória semelhante a do Collor. Aparece revestida como uma novidade, mas é um recurso de poder das elites. A candidatura de Aécio foi descartada por parte importante dos setores conservadores. Marina não é terceira via, ela faz parte do pólo conservador — avaliou.

Rossetto reassumiu o Ministério de Desenvolvimento Agrário em abril, após presidir a Petrobras Biocombustíveis por cinco anos. É um dos ministros mais próximos à Dilma.