08/05/2016 10h20 - Atualizado em 08/05/2016 10h20

Voluntária cuida de 22 crianças em abrigo e se sente 'mãe de muitos'

Guardiã provisória, Tuti é responsável por garantir amor e esperança.
Com dois filhos e quatro netos, ela diz que é 'louca' pelos pequenos.

Thays EstarqueDo G1 PE

Tuti Fernandes (Foto: Aldo Carneiro/Pernambuco Press)Com um filho de 36 anos e uma filha de 34 que mora na Alemanha, Tuti confessa que transfere esse amor aos pequenos (Foto: Aldo Carneiro/Pernambuco Press)

Casada, com dois filhos e quatro netos, a empresária Tuti Fernandes, 62 anos, ainda dedica sua vida a cuidar de 22 crianças do Lar do Neném, uma instituição beneficente e sem fins lucrativos no Recife. Há 15 anos, a diretora presidente do abrigo é a guardiã provisória dos pequenos, que chegam ao abrigo vítimas de abandono ou por uma situação grave de risco. "Mãe" de muitos, ela é responsável por garantir segurança, conforto, amor e esperança aos meninos e meninas da casa.

“Eu me apego a esses meninos. Quando falam ‘mãe’ eu me emociono, mesmo já tendo idade para ser avó deles. Nesse momento, sinto como se fosse um chamado maior, que eu tenho que cuidar deles. Não posso deixar esses meninos sofrerem”.

Tuti Fernandes (Foto: Aldo Carneiro/Pernambuco Press)Tuti relembra que sentiu 'algo diferente' na primeira
vez que entrou no Lar do Neném
(Foto: Aldo Carneiro/Pernambuco Press)

O voluntariado sempre chamou a atenção de Tuti. Ela começou a destinar seu tempo extra em trabalhos no Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip), mas achava uma vez por semana muito pouco para os que tanto precisavam. Foi então que ficou sabendo do Lar do Neném através de uma amiga. Foi paixão à primeira vista.

“Entrei por essa porta e senti algo diferente. Apresentei minha vontade e comecei a trabalhar como voluntária aqui. No começo, vinha apenas para brincar com as crianças.  Em um ano e meio, me tornaria diretora. Outras pessoas já tomaram esse cargo, mas eu sempre acabo voltando”, relembra.

Fundada em 1978 por um grupo de senhoras, a casa atende apenas crianças de 0 a 3 anos. A intenção do local é, primordialmente, tentar reinserir esses pequenos no próprio núcleo familiar. Mesmo sabendo disso, Tuti confessa que fica sempre com o coração partido na hora do adeus.

É chegar aqui que meu coração dá um nó "
Tuti

“É muito difícil para mim. Eu tento não me apegar tanto, mas não consigo. É chegar aqui que meu coração dá um nó. São crianças que trazem uma bagagem muito pesada e nós temos que garantir a felicidade deles. Aqui é a casinha deles, essa passagem por aqui não pode ser triste e nem apagada. Eles precisam lembrar que estiveram aqui, lembrar dos coleguinhas e da gente. Tem que ser uma passagem feliz dentro do possível. Eu preciso ajudar”, menciona com os olhos cheios de lágrimas.

As crianças ficam sob os cuidados de Tuti até que as suas situações judiciais sejam resolvidas. E ela comenta que não costuma demorar muito. Enquanto isso, as famílias dos pequenos também são atendidas em um anexo do abrigo. Lá, eles realizam trabalhos manuais como o artesanato e entram em contato com o mundo da música.

Com um filho de 36 anos e uma filha de 34 anos, que mora na Alemanha, Tuti faz um desabafo. “Amo muito minha família e sinto muita saudade dela. Uma saudade que tenho que transferir para cá, só assim para aguentar. Considero essas crianças meus filhos e filhas. Você não tem ideia da satisfação que me dá. Eu sou louca por elas [crianças]”.

Tuti Fernandes (Foto: Aldo Carneiro/Pernambuco Press)Para dar conta do recado, Tuti tem 28 funcionários e 40 voluntários (Foto: Aldo Carneiro/Pernambuco Press)

Com psicóloga, nutricionista, médica e sala de brincar, Tuti conta que nem sempre foi assim. A casa chegou a abrigar 40 crianças, quando o limite aceitável é 20 – podendo passar um pouco disso. Para dar conta do recado e cuidar de todos com muito zelo, a diretora presidente tem 28 funcionárias e 40 voluntários.

“Por isso me emociono muito aqui. Foi muita luta para deixar o Lar do Neném do jeito que está. Por isso também que nunca vou sair daqui. Acho que mesmo se me botarem para fora eu não sairei. Mesmo quando eu não estou aqui, o Lar do Neném não sai da minha cabeça”, conclui, ao dizer que faria tudo do mesmo jeito e novamente.

 

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