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De bem com a vida, Felipão dá mostras de confiança no grupo: Neymar já fez a parte dele

Treinador não quis revelar substituto do camisa 10 na véspera da semifinal contra Alemanha
Felipão responde perguntas de jornalistas no Mineirão: de bom humor, treinador opta por fazer mistério sobre escalação Foto: Alexandre Cassiano / Agência O Globo
Felipão responde perguntas de jornalistas no Mineirão: de bom humor, treinador opta por fazer mistério sobre escalação Foto: Alexandre Cassiano / Agência O Globo

BELO HORIZONTE — Nem a ausência de Neymar, nem a pressão sobre os jogadores parecem incomodar mais Felipão na véspera do jogo decisivo contra a Alemanha. Em entrevista coletiva nesta segunda-feira, o treinador fez questão de passar a mensagem que a seleção brasileira está de bem com a vida e, como gosta de dizer, a um passo da final da Copa do Mundo. Sem ter o camisa 10 disponível pela primeira vez desde que voltou ao comando da seleção, o técnico admitiu que não demorou muito para escolher seu substituto — só não quis revelar quem será titular. Perguntado se havia quebrado a cabeça para montar o time, Felipão aproveitou para levantar a bola dos reservas, dizendo que eram jogadores especiais para momento especiais. E dividiu com eles a responsabilidade pelo desempenho na semifinal, no Mineirão: 'A parte dele (Neymar) já está feita, agora nós temos que fazer a nossa'.

Confira as respostas do treinador:

MOTIVAÇÃO EXTRA COM AUSÊNCIA DE NEYMAR

“A motivação adicional que nós temos que acrescentar (aos jogadores) é a passagem, a cada jogo, de uma etapa. Naturalmente que o Neymar, aos nos deixar, deixou muito dele conosco e levou muito de nós com ele. Nós terminamos essa fase em que ficamos triste desde o momento que soubemos que não poderíamos mais ter ele, e ele também ficou mais tranquilo depois. O jeito que ele falou com os jogadores fez eles verem que a parte dele está feita. Agora nós temos que fazer a nossa. Esse jogo é importantíssimo, pode nos levar a final. Vamos jogar pelo nosso país, por tudo que sonhamos e um pouco de cada um de nisso pelo Neymar. Então, já está superada essa situação. Dentro do nosso grupo, temos outro foco, outro envolvimento e temos que trabalhar assim.”

SUBSTITUTO DE NEYMAR

“Já tenho, mas não (posso divulgar).”

ESCOLHA FOI FÁCIL?

“Não foi fácil. Mas não esqueça que eu tenho um grupo de trabalho espetacular. O Gallo e o Roque Jr vinham seguindo o trabalho da Alemanha. Nós víamos pela televisão, mas eles nos deram confiança para saber o que fazer amanhã. Quando se tem um grupo de trabalho no qual você confia, a gente fica mais tranquilo para escolher. E pelas características de jogo, já está definido. Quando (o time) entrar em campo, vocês vão entender o motivo das escolhas.”

BRASIL NÃO É FAVORITO

“Desde o início, nós trabalhamos com motivação e superação. Tínhamos uma meta e objetivos a superar para atingir o que queríamos: classificação, passar de fase. Isso vai continuar. Nós temos que nos superar para conseguir o que queremos. O Neymar, que era uma das nossas referências, um dos melhores do mundo, não vai estar presente, mas temos uma equipe de 22 jogadores que foram escolhidos a dedo e sabem que são especiais. Ser reserva é ser alguém especial para um momento especial. Isso é que é ser reserva da seleção. Este é um momento especial. O jogador que está no banco pode ser mais importante determinadas vezes porque entra para decidir o jogo. Temos um grupo com ótimas condições de superar as dificuldades e seguir em frente. Vamos buscar o objetivo do grupo desde o início, que é conseguir a classificação para a final.”

LIBERDADE DOS LATERAIS

“Se eu jogar com três volantes, vou dar mais liberdade ao laterais. E se jogar com dois homens, vou dar um pouquinho menos de liberdade, mas vou criar alguma situação que crie prejuízo para a Alemanha.”

INFORMAÇÕES DE DANTE E LUIZ GUSTAVO

“Eles são importantes com informações sobre alguns jogadores, como se comportam em campo, algumas preferências sobre lados, por exemplo. E nós vamos acrescentando coisas sobre a forma da seleção jogar na hora que orientamos. Claro que eles preenchem algumas informações que nós deixamos de falar.”

PONTO FORTE DA ALEMANHA

“Alemanha mostra equilíbrio em todos os setores. Dentro das imagens que temos, ela é muito equilibrada, tem plano de jogo muito bom. E não se pode pensar em uma situação de tranquilidade porque A ou B jogam em tal situação. O equilíbrio é muito grande. Esse time vem a seis anos sendo organizado para essa Copa. Se eles têm esse tempo, é sinal que tem um bom equilíbrio, bom balanço, trabalho em equipe, e a sequência vem dando resultado. A gente vai respeitar a Alemanha e, justamente por isso, fazer um bom trabalho.”

ÁRBITRO

“Se ele não viu (a mordida de Suárez), não viu. Muitos lances acontecem que o arbitro não vê: uma falta, um lance qualquer que seja diferente. Esse foi um lance inusitado, o juiz acaba seguindo a bola e, muitas vezes, tem um segundo lance e ele não consegue observar tudo. Por isso, tem seus auxiliares. Pelo que nós sabemos, ele (Marco Rodríguez) é um árbitro que está em sua terceira Copa, é experiente, com vivência de campeonato mundial. E deve ter sido uma das escolhas corretas da Fifa para apitar nosso jogo.”

LÖW É CRITICADO

“Não é só na Alemanha que criticam o técnico. Eu também não sou apropriado para ganhar a Copa. Não se preocupe. É tudo igual.”

DIFERENÇAS PARA A FINAL DE 2002

“Nós ganhamos em 2002, mas eu perdi a Eurocopa em 2008, com Portugal. Depois também perdi o terceiro lugar em 2006 lá na Alemanha, com Portugal também. Então, contabilizo duas derrotas e uma vitória. E, para igualar, tenho que ganhar amanhã. Espero que o Brasil jogue, jogue bem e vença. As lembranças (do time de 2002) são muito boas. A amizade, o ambiente que a gente criou. Em 2006, encontrei o (Oliver) Kahm depois do jogo. Eu o parabenizei, e ele disse: “Essa eu não queria, queria a outra”. É sempre diferente, é um jogo muito difícil. Nós lutamos muito para chegar as semifinais. Fomos crescendo de produção. Para chegar à final, nós sabíamos que tínhamos dentro do trajeto até mais do que uma seleção campeã do mundo. Mas, algumas foram superadas pelos adversários, e nós passamos por eles. Já estava no projeto de chegar a final. Temos que passar pela Alemanha e chegar ao objetivo, que é disputar uma final em casa.”

JOGADORES ENTENDEM FELIPÃO PELO OLHAR

“Ontem (domingo), quando fui conversar com os jogadores depois do jantar, eu vi uma série de risadas. Fiquei escondido, e eu vi quanto o David me imitava no jeito de falar, de olhar, de sinalizar. Então, eu acho sim, eles me entendem (pelo olhar). Não é difícil me entender, saber como eu me sinto, se estou bem ou mal. Acho que transparece muito nas minhas feições. Nos jogos também, eles sabem o que a gente deseja ou quando acontece alguma coisa que a gente não gosta. Assim como eu os conheço, eles também me conhecem bem”.