Economia Emprego

Ciência sem Fronteiras: aberta a seleção para bolsa de doutorado

Para jovens participantes do programa, estudo no exterior é indutor de inovação e competitividade

Intercâmbio. A estudante de medicina Maria Paula Barbosa, que vai passar um ano na Holanda: em busca de inovação para o Brasil
Foto: Fabio Seixo / Fábio seixo
Intercâmbio. A estudante de medicina Maria Paula Barbosa, que vai passar um ano na Holanda: em busca de inovação para o Brasil Foto: Fabio Seixo / Fábio seixo

RIO — Aos 20 anos, a niteroiense Maria Paula Barbosa se prepara para embarcar, daqui a um mês, para a Holanda, onde ficará um ano. A aluna da faculdade de medicina da Uni-Rio cursará algumas disciplinas na Radboud University Nijmegen, graças a uma bolsa de graduação-sanduíche do programa Ciência sem Fronteiras — que, segundo anunciou o governo federal no fim de junho, concederá mais 100 mil bolsas de graduação e pós-graduação no exterior, entre 2015 e 2018.

Ser selecionada para o Ciência sem Fronteiras, diz a futura médica, foi como receber uma injeção de ânimo.

— Comecei a acreditar mais no meu potencial acadêmico. Agora, minha expectativa é trazer inovação para o Brasil, afinal, estou indo porque o povo do meu país está me financiando.

O programa, que busca promover a internacionalização da ciência e da tecnologia, da inovação e da competitividade por meio do intercâmbio internacional, passa por uma discussão de exigências. No último dia 2, o TRF do Distrito Federal decidiu que deve acabar a necessidade de o candidato à bolsa ter feito o Enem de 2009 para cá. Mas a Advocacia Geral da União ainda vai recorrer. A despeito da guerra entre estudantes e governo, há chamadas abertas para seleção de alunos de doutorado pleno e sanduíche e pós-doutorado, até 22 de agosto, e para pesquisador visitante, até 15 de setembro.

Aluna do 4º ano de engenharia ambiental na UFRJ, Natália Biondo deixa o Rio Comprido, Zona Norte do Rio, para viver por um ano em Estocolmo, Suécia, onde cursará mestrado em tecnologias sustentáveis, também com bolsa de graduação-sanduíche — lá, quem tem 60% da graduação está apto a cursar a pós.

— Minha escolha foi por uma área em que, aqui, não tenho oportunidade de estudar. E na qual, por outro lado, a Suécia é pioneira — diz Natália, que ficará hospedada no alojamento da KTH Royal Institute Technology, e que está empolgada com a oportunidade de vivenciar outra cultura e aperfeiçoar o inglês.

Segundo Eliane Porto, gerente geral da Central de Intercâmbio no Rio de Janeiro, que presta assessoria de viagem para os participantes do programa, os estudantes — a maioria com idade entre 20 e 24 anos — são inteligentes e aplicados, mas muitos chegam “crus”:

— Em muitos casos, estão fazendo sua primeira viagem internacional.

Os cinco países que mais receberam estudantes brasileiros pelo Ciência sem Fronteiras foram Estados Unidos (32%), Reino Unido (11%), Canadá (8%), França (8%) e Alemanha (7%).

Engenharias e demais áreas tecnológicas contam com o maior número de bolsistas, 52%. Já as áreas biomédicas e de saúde agregam 18% das concessões; ciências exatas e da terra somam 8%; computação e TI, 6%; produção agrícola sustentável, 4%; seguidas por fármacos e biotecnologia, com 2% cada. Biodiversidades, bioprospecção e energias renováveis participam com 1% das bolsas. Outras informações estão no www.cienciasemfronteiras.gov.br.