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Mundial de luta olímpica é degrau para Jaoude levar nome da família em 2016

Cobrado pelo irmão Antoine, Adrian quer participar das próximas Olimpíadas "a todo custo". Brasil tem corte na greco-romana e preparação de equipe feminina no Japão

Por Rio de Janeiro

A história da família Jaoude na luta olímpica começou por acaso. Em uma viagem no fim dos anos 70 ao Líbano para um reencontro com parentes, os brasileiros tiveram seu retorno adiado por conta de guerra civil e tiveram que estender a permanência em Beirute, onde conheceram o esporte. Hoje, os cinco filhos praticam a modalidade, e dois deles têm carreiras internacionais construídas. Antoine, mais velho e que esteve nas Olimpíadas de Atenas 2004, serve de inspiração e é fonte de cobranças para o irmão Adrian, um dos dois representantes masculinos - são seis ao todo - do Brasil no Mundial, que tem início no próximo dia 8 de setembro, em Tashkent, no Uzbequistão.

Adrian Jaoude luta olímpica (Foto: Thiago Benevenutte)Adrian Jaoude posa com foto do irmão ao fundo: sonho olímpico é incentivado por Antoine (Foto: Thiago Benevenutte)


Para a disputa do importante torneio, primeiro a ser praticado com as novas regras após a votação feita pelo COI pela permanência do esporte nos Jogos Olímpicos, Adrian Jaoude revela o incentivo natural que sempre teve em casa e demonstra muita vontade de fazer bonito para iniciar trajetória rumo a 2016 e igualar um feito do irmão, responsável por sua entrada na luta livre há cerca de 20 anos, quando trouxe de uma disputa no Irã uma sapatilha de presente.

Representantes do Brasil no Mundial de luta olímpica:

Estilo livre masculino
Adrian Jaoude - até 86kg 

Estilo greco-romano 
Antonio dos Santos - até 130kg

Luta feminina
Giullia Penalber - até 55kg 
Joice Silva - até 58kg
Aline Silva - até 75kg 
Lais Nunes - até 63kg
 

- Ele me disse: "Agora não tem saída, ou vai ou racha". Aí tempo depois disputei meu primeiro campeonato brasileiro, com 17 anos, e não parei mais. Antoine me cobra muito. Ele é inúmeras vezes campeão, me cobra nesse aspecto e puxa minha orelha: "Você ainda não foi para Olimpíada". Então tenho que estar em 2016 a todo custo, minha vida é voltada para isso. Como, durmo e respiro voltado para as Olimpíadas. Tenho ele como referência, por já ter competido em Atenas, classificado para Pequim, mas sem disputar. Busco o meu melhor para tentar uma medalha histórica para o Brasil. 

O lutador de 32 anos, vencedor do campeonato brasileiro em 14 ocasiões, bicampeão sul-americano e com outras conquistas fora do país no currículo, também comemora as melhorias pelas quais a confederação passou.

- Estou buscando a vaga nas Olimpíadas para levar o nome da família. São muitos anos na estrada e, agora, temos patrocínio, a Marinha apoiando e a confederação fazendo um trabalho muito bom, o que antes não existia. O trabalho está com nível internacional e esperamos colher os frutos - conclui.

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após corte, greco-romana tem um representante

Antônio da Silva, Luta Olímpica  (Foto: Divulgação / CBLA)Antonio dos Santos representa o Brasil na luta greco-romana (Foto: Divulgação / CBLA)

A categoria masculina divide-se entre a luta livre, com Jaoude como representante, e a greco-romana - onde somente o uso de braços e tronco são permitidos -, que a princípio contaria com dois competidores. Mas, pouco tempo antes do início do Mundial, uma entorse no tornozelo direito tirou Diego Romanelli. Restou a Antonio dos Santos defender as cores do país na modalidade. Justamente ele, que nos últimos torneios conviveu com a iminência de afastamento por conta de lesões.

Policial, Antonio chegou a largar o emprego para dedicar-se ao esporte, e começou no judô antes de migrar para a luta olímpica. Só em 2014, foram dois episódios curiosos de superação. A uma semana dos Jogos Sul-americanos, um companheiro de treino caiu sobre sua cabeça, mas ele nada sentiu. No dia seguinte, porém, acordou mal e não conseguiu sequer levantar da cama. Foi socorrido por um colega e por pouco não acabou cortado. Depois, antes do Pan no México, sentiu dores na coluna e foi para a competição desacreditado. Com um forte trabalho de fisioterapia, no entanto, recuperou-se e conquistou o bronze.

 No Mundial vou ver quem é quem. Chegar lá e descer a porrada.
Antonio dos Santos

 Agora, sem sustos, foco voltado para a estreia em mundiais.

- Estou mais preocupado com a viagem do que com a competição. Não estou acostumado, só falo português (risos). Quero dar meu melhor, estou tranquilo e empolgado por seu meu primeiro Mundial. Represento muita gente que está por trás da minha preparação, e minha meta é estar nas Olimpíadas. Estou com 36 anos e nas cabeças. Desde pequeno, desde quando estava no judô, de onde sou oriundo, eu penso nisso. No Mundial vou ver quem é quem. Chegar lá e descer a porrada. É minha última chance. Depois, com 40 anos, fica difícil ir para uma Olimpíada. Não estou indo nem para passear, nem fazer compras. Muito menos para apanhar.

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equipe feminina faz preparação no japão

Isolamento na montanha e convívio diário com algumas das adversárias mais fortes. Assim foi a preparação das quatro brasileiras antes do Mundial do Uzbequistão. Em solo japonês, as mulheres passaram cerca de um mês treinando com a equipe local e chegaram a ficar sem contato com familiares quando estiveram em Niigata, mais precisamente na cidade de Tokamachi. Após o período na região montanhosa, mais tempo no Japão. Desta vez em Tóquio, até a data da viagem.

Giulia Penalber, Laís Nunes, Aline Silva e Joice Silva são as representantes. Todas começaram a carreira em outros esporte - as três primeiras no judô e a última no jiu-jitsu - antes de migrarem para a luta olímpica. São responsáveis por grande esperança para competições futuras. Giulia, campeã brasileira pela primeira vez em 2014, é vista como joia a ser lapidada para os Jogos de 2020. Laís ficou no quase ao ser prata no Sul-americano de Santiago e no Pan da categoria no México na atual temporada. Aline, com vaga certa em Toronto 2015, tem uma prata em Guadalajara 2011 no currículo. Por fim, Joice aparece como a melhor brasileira já ranqueada internacionalmente. Foi ela a representante do Brasil nas Olimpíadas de Londres.

Joice Silva, Aline Silva, Lais Nunes e Giullia Penalber, Luta Olímpica  (Foto: Divulgação / CBLA)Joice Silva, Aline Silva, Lais Nunes e Giullia Penalber representam equipe feminina (Foto: Divulgação / CBLA)

* Thiago Benevenutte, estagiário, sob a supervisão de Lydia Gismondi.