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Javalis da Alemanha ainda carregam radioatividade de Chernobyl

Segundo secretaria da Saxônia, um em cada três javalis da região tem altos níveis de césio 137 e não podem ser consumidos
Alimentação dos javalis pode ser responsável por altos índices de contaminação por césio 137 na Alemanha Foto: Wikimidia Commons
Alimentação dos javalis pode ser responsável por altos índices de contaminação por césio 137 na Alemanha Foto: Wikimidia Commons

BERLIM — Os javalis que vagam pelos bosques do Leste da Alemanha são considerados uma iguaria, o que faz deles um dos principais alvos dos caçadores. Mas, segundo a Secretaria de Meio Ambiente do Estado da Saxônia, um em cada três javalis tem altos níveis de césio 137, um elemento radioativo, e não está apto para o consumo humano. E a origem de sua contaminação parece estar a mais de mil quilômetros de distância, na Ucrânia.

Segundo especialistas, o material radioativo teria chegado à região da Saxônia após a explosão do reator nuclear de Chernobyl, em 1986, graças aos ventos e à chuva.

Enquanto elementos de menor volatilidade desapareceram, o césio 137 permaneceu.

Trufas radioativas

De acordo com os especialistas, os javalis são especialmente vulneráveis porque escavam o solo em busca de comida, e se alimentam de fungos e trufas que armazenam radiação.

No entanto, essa dieta depende da temporada, e por isso os níveis de radioatividade flutuam durante o ano, e entre o outono e a primavera é especialmente alto.

— Por outro lado, durante a primavera e o verão, a dieta dos javalis é principalmente vegetariana, e eles se alimentam nos campos de cereais e milharais — afirmou Steffen Richter, presidente da Associação Estatal de Caçadores da Saxônia, que contou que os caçadores têm que realizar obrigatoriamente o teste de radiação em todos os javalis que matam. — O governo da Saxônia formou uma rede de vigilância na região desde 2012, porque na Saxônia choveu logo após o desastre radioativo.

Os javalis que excedem o limite de segurança de 600 becquereles por quilo devem ser destruídos, segundo a página do organismo estatal de meio ambiente na internet. Para compensar os caçadores, as autoridades pagam o custo de eliminação dos cadáveres contaminados.

Especialistas estimam que, com os níveis de césio 137 que ainda são encontrados, o problema deve se estender por muitos anos. O césio 137 é perigoso porque, além de sua longevidade, é facilmente transmitido pela cadeia alimentar, sem deixar de emitir partículas radioativas por séculos, e por isso seu dano ao meio ambiente pode ser de grande alcance.