Política

Dilma diz que acabar com Mercosul é dar 'tiro no pé'

Para rebater Marina Silva, presidente defendeu o bloco e afirmou que pretende ampliar as relações com China e Rússia

BRASÍLIA — Rebatendo a candidata do PSB à Presidência da República, Marina Silva, a presidente Dilma Rousseff defendeu, nesta segunda-feira, a importância das transações comerciais com o Mercosul; disse que o Brasil tem responsabilidade com a América Latina por ser a maior economia da região; e afirmou que ninguém vai fazer política externa "com base em ideologia".

Em entrevista coletiva no Palácio da Alvorada, a presidente afirmou que o mercado internacional encolheu, o que cria dificuldades para as exportações, e que os Estados Unidos estão fazendo uma política protecionista. Nesse contexto, ela ressaltou a suposta importância do Mercosul:

— Por que é importante o Mercosul, apesar de ter gente achando que Mercosul e América Latina são uma questão ideológica? Porque 80% das exportações que fazemos para a América Latina são de manufaturas, é valor agregado. Acabar com o Mercosul é dar um tiro no pé.

Em seu programa de governo, Marina propõe priorizar a assinatura de acordos bilaterais, em vez do Mercosul. “Como hoje 40% do comércio mundial de alimentos se dão no âmbito de acordos bilaterais, é imperioso que o Brasil firme acordos dessa natureza com países importantes ou grupos de países como a União Europeia, independentemente do Mercosul”, diz trecho do documento do PSB.

Dilma afirmou que o Brasil tem responsabilidade com a América Latina e disse que “temos sorte”, porque todos os países da região são democracias:

— Somos a maior economia da América Latina, somos importante na região, temos que ter responsabilidade. Temos que perceber o tamanho desse mercado. Todos são democracias, temos essa sorte.

Ao dizer que pretende ampliar as relações com a China e a Rússia, Dilma afirmou que ninguém vai fazer política externa “com base em ideologia”:

— Ninguém vai fazer política externa com base em ideologia. Eu não posso sentar com nenhum país e colocar na pauta só duas coisas que me separam deles. Exemplo: não posso sentar nos Estados Unidos e falar só de Guantánamo. Também não posso sentar com a China e falar só de direitos humanos, porque ou vamos ter uma política de direitos humanos clara, que não se use ideologicamente para dividir de um lado ou de outro. Defendo em todos os fóruns multilaterais a posição que direitos humanos não são negociáveis.