• Maria Clara Vieira
Atualizado em
manifestacao_adelir_sp (Foto: Samuel Esteves)

Manifestantes protestam no Largo São Francisco em São Paulo (SP). (Foto: Samuel Esteves)

Um ato nacional tomou as ruas de 32 cidades brasileiras nesta sexta (11). Batizada de “Somos todas Adelir”, a manifestação foi convocada por meio do site somostodxsadelir.wordpress.com, em solidariedade ao caso de Adelir de Goés, 29 anos, que, no último dia 1º, foi obrigada pela justiça do Rio Grande do Sul a fazer uma cesárea.

Em São Paulo (SP), o protesto começou às 13h no Largo São Francisco e contou com cerca de 150 pessoas. "Eu estou aqui por minha filha que vai nascer e por tantas mulheres que sofrem violência obstétrica. Acho um abuso o Brasil ter um número tão alto de cesáreas", contou Raquel Franz, 27 anos, grávida de 22 semanas e uma das manifestantes.

Em meio a grávidas e mães, alguns pais também resolveram comparecer: "Eu vim porque acho que na nossa sociedade os homens ainda têm mais direitos do que as mulheres. Acho que é uma violência psicológica você dizer que a mulher é incapaz de fazer uma coisa que a natureza permite que ela faça. Acho que a família é que tem que decidir o que é melhor para a hora do parto", diz Luiz Mauro Franco, 34 anos, consultor, pai de Tarsila, 2 meses. 

manifestacao_adelir_sp (Foto: Samuel Esteves)

O movimento promete durar 24 horas. Durante a tarde, já havia barracas de acampamento armadas. Uma estrutura com um grande telão também foi montada em meio ao Largo, para a exibição do documentário "O Renascimento do Parto"

A principal reivindicação é uma ampla discussão nos Ministérios Públicos sobre a violência obstétrica, de acordo com Ana Lúcia Keunecke, advogada da Artemis, ONG voltada para a promoção da autonomia feminina. “No caso de Adelir, foram desrespeitados tratados internacionais de direitos humanos. É um precedente perigoso a justiça interferir dessa forma na autonomia do indivíduo”, diz.

Segundo a advogada, violência obstétrica é a apropriação do corpo e dos processos reprodutivos das mulheres pelos profissionais de saúde, por meio do tratamento desumanizado, abuso da medicalização e patologização dos processos naturais.

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