23/05/2016 21h15 - Atualizado em 24/05/2016 12h23

Recriação do MinC é publicada em edição extra do Diário Oficial

Ministro será Marcelo Calero, que já havia sido anunciado como secretário.
Diário Oficial também trouxe a nomeação de Mendonça Filho na Educação.

Do G1, em São Paulo

O presidente em exercício Michel Temer publicou, nesta segunda-feira (23), a recriação do Ministério da Cultura em edição extra do "Diário Oficial da União". Temer voltou atrás sobre o fechamento da pasta após diversos protestos e críticas da classe artística.

O novo ministro nomeado foi Marcelo Calero, que já havia sido anunciado na última quarta (18) como secretário nacional de Cultura. Com a decisão, a Cultura deixa de ser uma secretaria e não ficará mais subordinada ao Ministério da Educação. Em nota à imprensa neste sábado (21), Calero comentou a medida de Temer e afirmou que ela mostra o "protagonismo" do setor.

A edição extra do Diário Oficial também trouxe a nomeação de José Mendonça Filho como ministro da Educação e a designação de Luís Carlos Alves Júnior como substituto eventual do Advogado-Geral da União.

 

Protestos
A decisão de fundir as pastas de Educação e Cultura foi tomada com base no princípio adotado por Michel Temer ao assumir de reduzir o número de ministérios. O corte da Cultura, contudo, foi alvo de críticas por parte da classe artística.

Na sexta (20), por exemplo, músicos como Caetano Veloso, Erasmo Carlos, Seu Jorge e Marcelo Jeneci participaram de um ato cultural no pilotis do Palácio Gustavo Capanema, no Centro do Rio de Janeiro. O prédio, que já sediou o Ministério da Cultura e hoje abriga a Funarte, foi ocupado em protesto contra a extinção da pasta.

Diante dos protestos de parte dos artistas e de servidores do Ministério da Cultura, Temer já havia anunciado que, mesmo como secretaria, a estrutura da pasta seria mantida. Na sexta-feira (20), edição extra do "Diário Oficial da União" publicou medida que dava status de "natureza especial" ao cargo de secretário da Cultura.

A decisão de recriar o Minc é um gesto do presidente Temer no sentido de serenar os ânimos e focar no objetivo maior: a cultura brasileira"
Mendonça Filho, ministro da Educação

No último dia 12, ao assumir como presidente em exercício, Michel Temer editou uma medida provisória (726/2016) na qual determinou mudanças na composição do governo.

Entre essas mudanças, a pasta da Cultura foi incorporada pelo Ministério da Educação, que voltou a ser o Ministério da Educação e Cultura, nomenclatura que manteve até 1985, quando o então presidente José Sarney criou o Ministério da Cultura.

Antes de indicação de Calero, a intenção do presidente em exercício era nomear uma mulher para a comandar a área e assim responder às críticas por um ministério exclusivamente de homens.

Repercussão entre os artistas
Em entrevista ao jornal "O Globo", artistas repercutiram, ao longo deste sábado, a decisão de Temer de recriar o Ministério da Cultura.

A atriz Fernanda Torres, por exemplo, avaliou que o presidente em exercício "deve ter se arrependido".

A empresária e produtora Paula Lavigne, por sua vez, disse estar "contente" e classificou Marcelo Calero como alguém que "chegou bem, procurando as pessoas e querendo conversar".
 

Além delas, Eduardo Barata, presidente da Associação de Produtores de Teatro (APTr), afirmou estar "muito feliz" com a "conquista" da classe artística.

"Achei um erro tirar e achei de bom senso voltar. Se volta atrás tudo bem. A gente tem que ter esse entendimento: tirou, errou, consertou", disse o cantor Ney Matogrosso.

"Não podia nem ter havido a possibilidade e não existir Ministério da Cultura. Somos um país continental com uma diversidade muito grande de cultura que comporta um ministério, e não uma secretaria. Vamos parar com esse vacilo, é Ministério da Cultura. Graças a Deus que eles pensaram bem agora", disse a cantora Alcione.

Repercussão política
Líder do governo Dilma na Câmara, o deputado José Guimarães (PT-CE) afirmou ao G1 que a gestão Temer tem um "problema" porque "diz uma coisa de manhã, volta atrás à tarde e recua de novo à noite".

"É um governo que não mantém posições, quer dizer, age conforme a pressão. E agora, naturalmente, vão começar as pressões pelos ministérios das mulheres e do MDA [Desenvolvimento Agrário]. Um governo não pode ficar assim. Quando decidir alguma coisa, decide. Isso mostra que o governo interino tem dificuldades políticas de governar", declarou Guimarães.

Por outro lado, o líder do governo Temer, André Moura (PSC-SE), disse ao G1 que a decisão do presidente em exercício é um "sinal positivo" para a classe artística, pois atende aos pedidos do setor e mostra a "sensibilidade" de Temer ao ouvir a sociedade.

"Acho que o presidente avaliou todas as recentes manifestações, os pleitos e as solicitações em torno do Ministério da Cultura. É uma decisão importante, acho que mostra a importância que o presidente dá à cultura e demonstra a maior característica dele que é de discutir sempre, debater e ser aberto ao diálogo. [...] Mostra ainda a sensibilidade do presidente, que soube ouvir o setor e tomar esta decisão", disse.

Marcelo Calero
O novo ministro da Cultura, o carioca Marcelo Calero, 33 anos, é diplomata, estudou no Colégio Santo Inácio e se formou em direito na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).

Tem passagens pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e pela Petrobras. Em 2007, passou a atuar como diplomata e chegou a trabalhar na embaixada do Brasil no México.

Calero trabalhou na assessoria internacional da Prefeitura do Rio e chegou a acumular a Secretaria Municipal de Cultura e a presidência do Comitê Rio450, órgão criado para organizar a celebração do aniversário da cidade.

Marcelo Calero (Gnews) (Foto: Reprodução GloboNews)Marcelo Calero, em imagem de arquivo (Foto: Reprodução GloboNews)

 

 

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