Série ASérie BEuropa

- Atualizado em

Mano aprova atuação do Timão e mira duelo com Cruzeiro: "Bom para jogar"

Técnico do Corinthians aponta calma como virtude do time para criar mais jogadas no 3 a 0 sobre o Sport, na Arena, e projeta duelo com líder do Brasileiro, fora de casa

Por São Paulo

 

O Corinthians venceu o Sport e convenceu com o 3 a 0 deste sábado à noite, na Arena, em São Paulo, pela 26ª rodada do Brasileirão. Após perder duas seguidas fora de casa, o Timão bateu o Leão com gols de Anderson Martins, Guerrero e Luciano. Mais do que o resultado, a atuação da equipe deixou o técnico Mano Menezes satisfeito.

- Gostei da maneira como o time jogou, de como procurou construir a vitória. Foi consistente. Aproveitamos a posse a favor e traduzimos em gols. No segundo tempo fomos melhores nisso. No primeiro tempo ficou um pouco aquém. Poderíamos ter sido mais objetivos. Voltamos bem e fizemos o 3 a 0. Poderia ter sido até maior o placar, tal foi o nosso domínio sobre o Sport - analisou.

Na visão de Mano, o Corinthians voltou a criar várias chances de gol por ter calma na construção dos lances. Segundo o treinador, o time estava acelerando em momentos errados anteriormente, fator que prejudicava a equipe.

Com o time na sexta posição, com 43 pontos, colado no G-4, o treinador projetou o duelo contra o líder Cruzeiro, quarta-feira, no Mineirão. Mano não acredita que haja euforia no lado mineiro, mesmo com a ótima pontuação na tabela. A Raposa tem 56 pontos, nove na frente do Internacional, vice-líder.

- Não vejo por parte do comando do Cruzeiro uma euforia que possa nos trazer benefícios. E aí está um mérito deles. Sempre olham cada jogo como uma decisão e por isso eles ficam mais fortalecidos a cada partida. Mas é um jogo bom de se jogar. Claro que é. Nós vencemos o Cruzeiro aqui no Canindé. Sabemos como é esse tipo de jogo e como seremos vistos agora por ser adversário do Cruzeiro. Temos capacidade de vencer e vamos atrás disso em Belo Horizonte - finalizou.

Mano Menezes, Corinthians X Sport (Foto: Marcos Ribolli)Mano Menezes aprova atuação do Corinthians na vitória por 3 a 0 sobre o Sport (Foto: Marcos Ribolli)

Confira a entrevista coletiva do técnico Mano Menezes:

VITÓRIA CONVINCENTE
- Gostei da maneira como o time jogou, de como procurou construir a vitória. Foi consistente. Aproveitamos a posse a favor e traduzimos em gols. No segundo tempo fomos melhores nisso. No primeiro tempo ficou um pouco aquém. Poderíamos ter sido mais objetivos. Voltamos bem e fizemos o 3 a 0. Poderia ter sido até maior o placar, tal foi o nosso domínio sobre o Sport. E futebol é cobrança sempre. Temos de estar preparados. Voltar a vencer fora de casa vai depender do que produzirmos como equipe fora de casa. O resultado não cai no colo. Precisamos fazer um jogo parecido com o do Atlético-PR, transformando aquele controle de jogo em oportunidades claras, como fizemos outras vezes.

O QUE TIME GANHA COM BRUNO HENRIQUE 
- Não faço análise de um jogador por outro. Futebol não é assim. Tivemos o retorno de Petros, que não vinha jogando. Temos de estabelecer um conjunto para ser justo com todos. Sabemos o que ganha e perde com um (Ralf) e outro (Bruno Henrique). Cada hora é importante ter uma característica. Às vezes teremos os dois, porque logo mais o Elias estará na Seleção, como foi contra o São Paulo e funcionou bem. Vamos tomar as decisões para o time sair ganhando.

POR QUE A CRIAÇÃO MELHOROU
- Tem a ver com calma. Nosso time apressava demais, e não dá para criar apressando sempre. Quando há espaço e contra-ataques rápidos, você acelera o jogo e termina bem. Mas quando o adversário está mais atrás, essa velocidade não existe. Precisa ter mais paciência e ter mais posicionamento. Às vezes, na ânsia de construir, a gente encurtava e errava. Aí não criava. Depende muito da tomada de decisão do jogador. Pode treinar sem pressão, torcida e funcionar, mas no jogo não. Porque eles decidem lá na hora. E para decidir bem, ter confiança ajuda muito. Voltamos a sofrer poucos gols e isso também aumenta confiança.

 

TROCAS ENTRE MALCOM E LUCIANO
- Há jogadores que entram bem e outros que não entram tão bem no decorrer do jogo. Ele mostrou que quando entra a qualquer momento, rende bem. Luciano é um desses jogadores. Malcom tem mais recurso técnico de formação. Ele tem fundamentos melhores trabalhados. Iniciou vários jogos porque precisávamos dessa armação, e o Luciano finaliza mais. No segundo momento do jogo é mais adequado para ele, porque o adversário está mais desgastado, não recompõe bem. Estamos contentes porque os dois estão rendendo bem. Estamos fazendo o mesmo com Renato Augusto e Danilo. Renato rende muito bem, mas Danilo sempre que entra dá preenchimento para o término dos jogos. Um time se constrói assim. É importante ter o que somar. E nós temos.

GUERRERO ESTÁ EM QUE NÍVEL
- Eu o conheci com mais detalhes, eu o vi jogando pelo Peru na Copa América em que eu dirigia a seleção brasileira. Não o via só jogando como central, de costas, e sim um atleta mais completo, caindo pelos lados, criando as jogadas, puxando contra-ataques, como tem feito agora. Cheguei aqui e queria mudar a formação da característica do ataque, porque senão sempre precisaria de dois homens de lado e, para ele ser um central, e aí perde um no meio de campo, e não adianta ter três na frente porque a bola não chega. Prefiro o time jogando assim. Ele é um jogador com essa capacidade, se doa para o time.

PERDA DE MANDO NA ARENA
- Perdemos um mando. É um jogo. Vamos jogar longe do nosso estádio, mas com presença do nosso torcedor a favor. Isso minimiza um pouco essa perda de mando. O resto é continuar trabalhando muito para o time melhorar. Com essas vitórias, o ambiente interno, que já era bom, fica mais confiante. E voltaremos a vencer fora de casa logo, talvez na quarta-feira.

IGUALAR DESEMPENHO FORA DE CASA
- É o que falta para a maioria dos times. Se fizer um levantamento, verá que a maioria tem mesmo número de vitorias, uma a mais, outra a menos.

GOL DO ANDERSON MARTINS
- Tinha confiança nele, vimos a passagem dele pelo Vasco, fez dupla com Dedé no melhor momento do Vasco nos últimos anos. Ficou escondido fora do país, mas surgiu chance como qualificação de grupo, porque não sabíamos que perderíamos o Cléber. Dá muita qualidade para o time na saída de bola. Deu tranquilidade ao setor porque a característica dele combina com o Gil, de mais combate direto. E o gol premia essa dedicação e profissionalismo dele. Quem trabalha, logo logo colhe os frutos. 

MATA-MATA X PONTOS CORRIDOS
- Se for legislar em causa própria, ia querer mata-mata. Sem termos de resultado, acho que lidero em técnicos de mata-mata. Mas não acho que o Brasileiro deva ser assim nesse sistema. É mais justo o pontos corridos. Temos uma competição assim, Copa do Brasil. O Campeonato deve premiar o mais regular nas 38 rodadas. Já discutimos no passado o contrário. Time que se arrastava na primeira fase e depois eliminava o primeiro. Falavam que era injusto. Prefiro essa justiça, mesmo correndo risco de alguém disparar. 

CAMPEONATO DECIDE NOS JOGOS FORA
- Vamos trabalhar para vencer, mesmos sabendo a dificuldade que é. Um deles fora de casa será contra o segundo virtual campeão brasileiro, clara dificuldade, mas vamos confiantes para fazer um bom jogo. Tentar aproveitar a primeira oportunidade.

RECONCILIAÇÃO COM EMERSON SHEIK
- Não me envolvo em questão de jogadores de outros clubes. Quando estiver no meu plantel, comigo, respondo o que quiserem. Qualquer outra coisa, depende do que a diretoria decidir. Aí quando decidirem, respondo e não vou fugir de me posicionar

RELAÇÃO COM TORCIDA: SELOU A PAZ?
- O técnico vai junto com o time. Entendo a reclamação do torcedor, mas às vezes não podemos dar o que eles querem. Tenho a responsabilidade. Não pode desorganizar o time ofensivamente, porque não vai dar vitória, vai dar vexame, e aí eles sofrem mais com isso. Tomei uma vaia surpreendente, porque não comemorei o gol como deveria ter comemorado, e o torcedor me vaiou, mas estamos contentes, como estivemos na quarta-feira. Queremos compartilhar essa alegria com o torcedor, que é a razão de o futebol existir. Peço compreensão na hora mais difícil. Não há técnico que não goste de futebol ofensivo, mas quando for possível faremos. Nem sempre dá.

POR QUE A DIFERENÇA GRANDE PARA O CRUZEIRO?
- O Cruzeiro é o melhor time do Brasil desde o ano passado. Manteve a maioria dos jogadores. Largou bem, e nós estamos nos construindo dentro do campeonato. Isso causa queda de rendimento. Dificilmente o Cruzeiro tem. Quando acontece, nós também apresentamos, e não há aproximação. Os números mostram o que se fala: tem de manter trabalho. Manter um grupo por três temporadas com poucas variações. Isso é capaz de produzir um futebol prático, bonito como do Cruzeiro, e que ainda não vemos na maioria dos times. A diferença está aí

TIRAR PROVEITO DA EUFORIA CRUZEIRO
- A alegria do torcedor se justifica, porque o time deles está a cada rodada mais perto e confirmando chance de titulo, de ser bicampeão brasileiro. Mas um time não faz isso dois anos se não é bem comandado. E não vejo por parte do comando uma euforia que possa trazer benefício para nós. E aí está um mérito deles. Sempre olham como decisão e ficam mais fortalecidos. Mas é um jogo bom de jogar. Claro que é. Vencemos o Cruzeiro aqui no Canindé. Sabemos como é esse tipo de jogo, como seremos vistos agora como adversário do Cruzeiro, mas temos capacidade de vencer, e vamos atrás disso em BH.