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Rio

Morre policial militar baleado durante confronto com bandidos no Complexo do Alemão

Dois suspeitos morreram e duas pessoas ficaram feridas, entre elas, outro PM
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Policiais da UPP da Fazendinha aguardavam por notícias dos companheiros baleados no Alemão Foto: Gabriel de Paiva / Agência O Globo
Policiais da UPP da Fazendinha aguardavam por notícias dos companheiros baleados no Alemão Foto: Gabriel de Paiva / Agência O Globo

RIO - O policial militar Fábio Gomes da Silva, que tinha sido baleado durante tiroteio com bandidos no Morro do Alemão, na Zona Norte do Rio, morreu na manhã desta segunda-feira. O policial, que faria 31 anos na próxima quarta-feira, era lotado na Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Fazendinha, no complexo de favelas da Zona Norte.

Fábio foi atingido no rosto quando patrulhava, com outros dois policiais, por volta das 19h30m, a Rua Desabamento. Ele chegou a ser levado para o Hospital estadual Getúlio Vargas, na Penha, mas não resistiu aos ferimentos. Um outro policial que estava com Fábio teve a mão ferida por estilhaços. De acordo com a polícia, homens armados, abrigados em uma área conhecida como Beco do Dimas, fizeram cerca de 30 disparos contra os policiais.

Após os PMs serem atingidos, outro confronto na região, pouco depois da meia-noite, deixou dois suspeitos mortos e outro ferido na Rua Joaquim de Queiroz, na altura da localidade conhecida como Areal. Segundo moradores da comunidade, os dois jovens mortos foram identificados como Gabriel Ferreira e Lucas Lima, que teriam sido atingidos num tiroteio entre PMs e bandidos na Rua Joaquim de Queiroz . O terceiro homem, não identificado, foi levado para o Hospital Getúlio Vargas. Não há informações sobre o estado de saúde dele. Ainda de acordo com a polícia, os três são suspeitos de ligação com o tráfico de drogas na região. Com eles, a polícia apreendeu um revólver calibre 45 com a numeração raspada, um carregador de pistola 9mm e um radiotransmissor. A ocorrência foi registrada na 22ª DP (Penha), e o policiamento foi reforçado na região. Policiais de outras UPPs e do Batalhão de Operações Especiais (Bope) fizeram uma operação para tentar localizar os responsáveis pelos disparos.

Transtornado com a morte do colega PM, e sem se identificar, um policial da UPP da Fazendinha contou que os traficantes estão usando uma estratégia covarde para atacar policiais.

— Eles ficam se comunicando por rádios para avisar onde tem patrulhamento. Quando há uma divisão do efetivo e eles descobrem um grupo pequeno de policiais, como aconteceu no domingo à noite, eles, por rádio, mandam atacar. É uma situação muito desigual — disse ele, logo após saber da morte do soldado.

O comandante da UPP da Fazendinha, tenente Guarani, chegou ao Hospital Getúlio Vargas, na manhã desta segunda-feira, para saber oficialmente sobre a morte do Fábio. Parentes da vítima aguardavam notícias em frente ao hospital e, até as 9h15m, não tinham ainda sido informados sobre a morte do policial.

Segundo a assessoria da Coordenadoria de Polícia Pacificadora, o outro militar atingido na mão já foi liberado da unidade de saúde. Ainda de acordo com a coordenadoria, os corpos dos dois jovens mortos em confronto com a polícia ainda estão no Getúlio Vargas.

TIROTEIOS CONSTANTES NO ALEMÃO

Confrontos têm sido constantes no conjunto de favelas do Alemão, que ganharam UPPs em maio de 2012. No início de junho, dois PMs foram baleados durante troca de tiros com bandidos. De acordo com a assessoria de imprensa das UPPs, os policiais foram recebidos a tiros por criminosos armados na localidade conhecida como Largo do Bulufa, na Rua Joaquim de Queiroz. Os PMs revidaram, e os bandidos fugiram.

Em maio, um policial militar da UPP Nova Brasília foi baleado quando passava pelo local conhecido como Escadão do Loteamento. Em abril, três soldados da UPP do Alemão ficaram impedidos de deixar a favela de Nova Brasília, por causa de uma troca de tiros. Segundo os PMs, o tiroteio começou quando os soldados trocavam de posto para o almoço e, no deslocamento, se depararam com criminosos. O grupo de PMs, com uma mulher e apenas um policial armado com fuzil, abrigou-se na base do AfroReggae, que chegou a ser atingida por um disparo. Na ocasião, o governador Luiz Fernando Pezão disse, pelo Twitter, que os ataques só o deixavam mais convicto de que o governo “tem que reforçar a ocupação”.

Em março deste ano, o tenente Leidson Acácio Alves Silva, de 27 anos, subcomandante da UPP Vila Cruzeiro, foi morto após ser baleado na Penha. Ele foi atingido por um tiro na cabeça, ao ser surpreendido por bandidos armados no Parque Proletário. No início do ano outros três PMs morreram na região: Rodrigo Paes Leme, Wagner Vieira da Costa e Alda Rafael Castilho.

Em 2012, a soldado Fabiana Aparecida de Souza, de 30 anos, foi atingida por um tiro de fuzil dentro da UPP de Nova Brasília. A policial estava há um ano e quatro meses na PM. O trabalho na UPP da Nova Brasília era o primeiro da soldado. Após a morte, as favelas da região foram ocupadas pelas tropas de elite da PM, mas isso não foi suficiente para conter a onda de violência.