O Pacaembu nunca foi só de palmeirenses ou corintianos, mas foi ali que os
grandes rivais paulistas escreveram boa parte de suas histórias, inclusive
juntos. O estádio municipal foi palco de alguns dos mais importantes Dérbis disputados
a partir de 1940, quando o complexo esportivo foi inaugurado naquele vale até
então pouco habitado.
Neste próximo sábado, Palmeiras e Corinthians disputam ali aquele que
pode ser o último clássico entre eles no estádio, já que, com a já pronta Arena
Corinthians e o Allianz Parque, que será inaugurado nas próximas semanas, os
rivais devem se enfrentar apenas em suas casas próprias. Relembre aqui os mais emblemáticos duelos entre as equipes no Pacaembu.
Primeiro
dérbi, primeira taça
Corinthians e Palmeiras estiveram em campo em 28 de abril de 1940, na
primeira vez que o Pacaembu recebeu jogos de futebol. Os rivais, porém, não se
enfrentaram. Pela Taça Cidade de São Paulo, alviverdes fizeram a primeira
partida e golearam o Coritiba por 6 a 2. Pouco depois, os alvinegros bateram o
Atlético-MG por 4 a 2. O Dérbi aconteceu, finalmente, uma semana depois. Na
final do torneio amistoso, o Palmeiras fez 2 a 1 e se tornou o primeiro a
erguer um troféu na então nova casa do futebol paulistano.
O último do
Palestra, o primeiro do Palmeiras
Em 1942, em meio à Segunda Guerra Mundial, o governo brasileiro, alinhado
aos Aliados, obrigou as agremiações que faziam referências aos países do Eixo a
mudarem de nome. Dessa forma, o então Palestra Itália precisou abandonar o
batismo. Antes, porém, fez um último Dérbi no Pacaembu: derrota por 4 a 2, em 15
de julho. Em outubro, o clube estreou como Palmeiras no clássico de maior
rivalidade do Estado – 3 a 1 para o Corinthians. A
primeira vitória sobre o rival viria apenas no ano seguinte, um 2 a 0 no
estádio municipal, válido pelo Paulista.
O jogo vermelho
Em outubro de
1945, Corinthians e Palmeiras disputaram um amistoso no Pacaembu que por muito
tempo foi considerado só mais um dos numerosos confrontos entre os dois rivais.
A partida, porém, teve uma história peculiar: os Cr$ 114.464 arrecadados naquele dia foram revertidos ao PCB (Partido
Comunista do Brasil), que pouco antes havia saído da ilegalidade. Essa
inclinação política do Dérbi, vencido pelo Palmeiras por 3 a 1, foi contada
pelo atual ministro do Esporte, Aldo Rebelo, torcedor alviverde, no livro “Palmeiras
x Corinthians 1945: O Jogo Vermelho”, de 2010.
a maior goleada
Em 25 de abril de 1948, Corinthians e Palmeiras duelaram no Pacaembu pela
Taça Cidade de São Paulo – e nunca os torcedores alviverdes saíram do estádio
com tantos gritos de gol. Foram seis, na maior goleada do Dérbi no estádio
paulistano – menor apenas que os 8 a 0 aplicados pelo ainda Palestra Itália em
1933. Naquele dia, Bóvio marcou duas vezes, Oswaldinho, Canhotinho, Arturzinho
e Lula completam o placar.
o IV centenário
O Paulista de 1954 ganhou atenção especial por ser comemorativo ao quarto
centenário da cidade de São Paulo – um título, como diziam, que valeria por cem
anos. Palmeiras e Corinthians chegaram à penúltima rodada com chances de ser
campeões. Um empate dava a taça aos alvinegros, enquanto os palestrinos
precisavam vencer para manter a briga. A partida, porém, só foi disputada em
fevereiro de 1955. Por superstição, o Palmeiras foi a campo vestido com camisas
azuis. A aposta não deu certo. Luizinho marcou para o Corinthians no primeiro tempo.
No segundo, Nei empatou. A igualdade levou o desejado troféu para o Parque São
Jorge.
tetra brasileiro
Corinthians e
Palmeiras chegaram às finais do Campeonato Brasileiro de 1994 com a polêmica
decisão do Paulista do ano anterior ainda viva na memória. Dessa vez, porém, a
revanche seria no Pacaembu. Era a oportunidade de o Corinthians devolver ao
rival a derrota que tirou o Palmeiras da fila de 17 anos sem taça. Não deu. No
jogo de ida, 3 a 1 para o time do Parque Antártica, com gols de Rivaldo (2) e
Edmundo – Marques fez o de honra alvinegro. Na volta, o empate em 1 a 1
(Marques e Rivaldo), sacramentou o bicampeonato brasileiro alviverde – a quarta
e última taça da equipe no Nacional.
o troco e o penta
O domingo, 4 de dezembro de 2011, amanheceu triste, e não só para os
corintianos, com a notícia da morte de Sócrates, um dos grandes ídolos da
história alvinegra. Naquela tarde, o Corinthians iria a campo para tentar seu
quinto título brasileiro. Para isso, bastava empatar com o Palmeiras, clássico
que marcava a rodada final do campeonato. Sem qualquer chance, aos palmeirenses
valia tentar estragar a festa do rival, que disputava a taça com o Vasco. Num
Pacaembu recheado de homenagens ao Doutor, o Dérbi terminou sem gols e o
domingo alvinegro recuperou a alegria.