Um ano depois de ter deixado o Corinthians em busca da
atualização profissional e de um possível convite para dirigir a seleção
brasileira, o técnico Tite começa 2015 mais uma vez no clube em que conquistou
os principais títulos da carreira – inclusive Taça Libertadores e Mundial de
Clubes. Após mais de 365 dias longe do Parque São Jorge, o comandante vai
encontrar uma base deixada por seu antecessor, Mano Menezes. A tarefa de Tite é
fazer essa base decolar.
O legado deixado por Mano Menezes inclui uma reformulação
quase completa do elenco campeão mundial, a ascensão de uma revelação (Malcom)
e a contratação de novos nomes que se firmaram rapidamente entre os titulares –
Petros, Elias e Anderson Martins, principalmente. Tite vai aproveitar a
pré-temporada para conhecer melhor os atletas com quem ainda não trabalhou.
Na visão da diretoria, a troca de técnico no fim de 2013 foi
importante para Tite se livrar das “dívidas de gratidão” que tinha com os
campeões mundiais. O julgamento, à época, era de que o técnico poupava demais
os jogadores para evitar conflitos. Nesse contexto, nomes como Emerson Sheik
tiveram polpudas renovações contratuais.
Agora, a cúpula corintiana considera Tite pronto para
iniciar um terceiro ciclo pelo clube, sem tanta ligação com o segundo – o primeiro
foi entre 2004 e 2005. O técnico também se vê renovado. E sem comparações com
Mano Menezes.
– Tenho
a dimensão exata da responsabilidade. Eu me preparei em termos educacionais e
profissionais para isso. Tenho essa dimensão. Também tento evitar comparações.
Meu respeito profissional ao Mano é muito grande. Cada um cria sua própria
etapa e própria história. Comparações não levam a lugar algum – disse Tite, em
sua apresentação.
Sem
boa parte do elenco que deixou para trás em 2013, Tite sinalizou que vai dar
continuidade ao trabalho de “lapidação” de Malcom feito por Mano Menezes. O
técnico é contra a negociação imediata do jogador de 17 anos, que chamou a
atenção de clubes europeus. O Chelsea, por exemplo, cogitou apresentar proposta
de R$ 80 milhões ao Corinthians.
Outro
legado deixado por Mano é Paolo Guerrero, que viveu sua melhor fase técnica sob
o comando do antigo treinador. Garantido no Timão por pelo menos mais seis
meses, o peruano deve continuar sendo utilizado fora da área, saindo para fazer
jogadas e abrindo espaços para os companheiros. Com Tite, ele costumava jogar
mais preso entre os zagueiros.
A
principal herança de Mano, porém, é a vaga na primeira fase da Taça
Libertadores. O Corinthians enfrenta o Once Caldas nos dias 4 e 11 de
fevereiro, em duas partidas que vão decidir logo cedo o destino da temporada
alvinegra. O trabalho de Tite é fazer o atual time decolar.
O lado negativo: o Corinthians já não tem mais dinheiro como antes. Endividado - precisa pagar a primeira parcela do estádio até junho -, sem dinheiro até para pagar o 13º salário do elenco, o clube encontra dificuldades para acertar com reforços.