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Caracas suspende voos para Aruba em resposta a prisão de oficial chavista

A medida afeta turistas venezuelanos que viajam nesse início de férias escolares para as ilhas da Antilhas holandesas

Avião voa acima de um sinal de estrada, indicando o caminho para o Aeroporto Internacional Simón Bolívar
Foto: JORGE SILVA / REUTERS
Avião voa acima de um sinal de estrada, indicando o caminho para o Aeroporto Internacional Simón Bolívar Foto: JORGE SILVA / REUTERS

ARUBA — O governo da Venezuela decidiu suspender na sexta-feira voos para aos territórios ultramarinos holandeses localizados no Mar do Caribe, em resposta à prisão do do oficial chavista Hugo Carvajal, em Aruba, também parte do reino da Holanda. A medida afeta turistas que viajam nesse início de férias escolares e os efeitos já começaram a ser sentidos neste sábado, quando cerca de 500 passageiros, a maioria venezuelanos, foram impedidos de viajar no Aeroporto de Oranjestad.

Os passageiros afetados começaram a fazer reivindicações oficiais, mas as linhas aéreas informaram que não ofereciam serviço ou hotel ou comida, e só poderiam devolver o imposto de saída. Com exceção de casais com filhos pequenos e idosos, os demais foram desalojados das instalações. As companhias aéreas não querem assumir os gastos decorrentes do contratempo e o controle cambial instaurado pelo regime complica ainda mais o panorama. Os cartões de crédito dos viajantes só podem ser utilizados até o dia previsto para o regresso.

Karelis Rodriguez passou cinco dias na ilha caribenha com o marido e o filho de três anos. Na volta, ela contou ao jornal venezuelano “El Universal” que só foi permitida ficar dentro do aeroporto pessoas por causa da criança. Ela relatou ainda que muitos dos passageiros, obrigados a deixar o aeroporto, foram procurar o alojamento em hotéis próximos.

Para este sábado, estão programados dois voos com destino a Caracas, e, no domingo, há três voos para a capital venezuelana, quatro para Valencia e para Maracaibo.

PRISÃO DE CHAVISTA

A prisão de Hugo Carvajal, um general aposentado do Exército venezuelano e um dos colaboradores mais próximos do falecido presidente Hugo Chávez ocorreu a pedido do Departamento de Justiça dos EUA, que busca sua extradição. Ele é acusado de colaborar com traficantes e guerrilheiros das FARC.

O governo de Caracas rejeitou a detenção, a classificou de “ilegal”, pois viola a convenção internacional que rege as relações diplomáticas, pois Carvajal, ex-diretor da inteligência militar venezuelana, foi nomeado cônsul em Aruba em janeiro, apesar de ainda não ter recebido a autorização das autoridades locais. A chancelaria venezuelana, já havia antecipado que haveria uma represália pela detenção.

— O Governo da Holanda deveria saber que nós vamos tomar decisões. Aruba, Curaçao e Bonaire mantêm grandes laços econômicos com nosso país — declarou Diosdado Cabello ao jornal “Russia Today”.

As autoridades da ilha negaram o suposto status diplomático de Carvajal e endossaram a decisão adotada por um juiz de mantê-lo detido, enquanto se espera uma petição formal de extradição das autoridades dos Estados Unidos. Os americanos têm 60 dias para pedir a extradição de Carvajal. Se durante esse período não for recebida a petição, o ex-oficial venezuelano será libertado.

A medida é sem precedentes na história recente da Venezuela. Muitas vezes Chávez polemizou e rompeu relações com países da América e da Europa, mas nunca suas decisões afetaram o tráfego entre a Venezuela. Nesse sentido, Nicolás Maduro, deu um passo além.

— Estou ao lado do general Carvajal — afirmou Maduro na noite de quinta-feira em um ato oficial.

Carvajal, ex-diretor da inteligência militar venezuelana, foi nomeado cônsul em Aruba em janeiro, mas ainda não havia recebido a autorização das autoridades locais. Na quarta-feira, ele aterrissou na ilha e logo foi detido. Há vários anos Washington suspeita de que o general colaborou com o tráfico de droga colombiana e no apoio logístico à guerrilha colombiana das FARC, quando Hugo Chávez era vivo.