28/07/2014 08h55 - Atualizado em 28/07/2014 09h31

Novo trecho de vídeo de PMs mostra intenção de fazer novas execuções

Eles comemoram: ‘Menos dois’, após balear dois menores no morro.
Promotora diz que imagens evidenciam a execução no Sumaré.

Do G1 Rio

O Fantástico exibiu neste domingo (27) trechos inéditos do vídeo que incriminou os policiais militares acusados de matar um jovem no Morro do Sumaré, Zona Norte do Rio. Na gravação, os cabos Fábio Magalhães Ferreira e Vinícius Lima Vieira aparecem sozinhos no carro, já sem os três jovens levados para o alto do morro. Os policiais são suspeitos da morte de Matheus Alves dos Santos, de 14 anos, e de balear um outro menor de 15 anos, no dia 11 de junho.

A gravação revela a intenção dos dois de realizar novas execuções, na conversa entre Magalhães e Lima depois de capturar três adolescentes suspeitos de cometer furtos. Eles levaram os jovens até o Morro do Sumaré, um lugar isolado, de difícil acesso. Segundo a investigação, foi lá que eles atiraram em dois dos três jovens.

Cabo Lima: Tem que matar os três. Tô ouvindo nada. Pô, mas o seu foi muito perto.
Cabo Magalhães: Quando eu vi que tu botou ele assim e tirou a mão, falei toma. Toma que é de graça. Não vai ter como fazer balística nem nada. Perdeu tudo no mato.

Em um novo trecho do vídeo, sozinhos no carro, os policiais dizem:
Cabo Lima: Menos dois.
Cabo Magalhães: Menos dois.
Cabo Lima: Se a gente fizer isso toda semana dá pra ir diminuindo. A gente bate meta, né?

Para a promotora Carmen Eliza Bastos de Carvalho, que acompanha o caso, não resta dúvida: “As imagens já evidenciam ali a execução. Embora no momento exato dos disparos, nós não tenhamos essa filmagem porque, segundo as explicações oficiais, a filmagem não teria acontecido porque o carro estava desligado naquele momento. Ela mostra o antes e o depois do crime”.

O vídeo foi interrompido por cerca de dez minutos durante a ação. Nesse intervalo, de acordo com o inquérito, Matheus foi assassinado pelos policiais. O segundo garoto baleado pelos PMs sobreviveu e testemunhou contra eles. O terceiro menor tinha sido liberado antes pelos PMs, e aparentemente não viu nada.

Na semana passada, o corregedor da PM, coronel Sidney Camargo, disse que a falta desse momento específico do vídeo, o da suposta execução, dificultou a investigação. “Nós não temos condição de dizer o que efetivamente eles fizeram e como eles fizeram”, afirmou o corregedor.

“Quando desliga a viatura esse equipamento desliga também por um tempo, voltando a ser ligado, a câmera filma, depois que a viatura liga”, explicou o relações públicas da PM,  tenente-coronel Cláudio Costa.

A empresa responsável pelo sistema afirmou em nota que é impossível editar ou manipular as imagens.

Na última sexta-feira (25), o carro usado pelos PMs apareceu depenado no pátio da Divisão de Homicídios (DH). O Ministério Público quer saber de onde partiu a ordem. “Eu fiquei chocada porque essa viatura é uma prova importante nos autos e totalmente descaracterizada”, disse a promotora.

O HD com as imagens, porém, foi preservado e entregue aos investigadores. A Corregedoria da PM explica que já estava previsto tirar o carro de circulação, para renovar a frota. Só que isso aconteceu no mesmo dia em que os policiais estiveram no Morro do Sumaré. Para a Corregedoria, nada que tenha atrapalhado a investigação.

“A Corregedoria, em 12 horas, conseguiu encontrar, identificar os policiais, a viatura, as imagens da viatura e o GPS, e levamos esses policiais presos para DH. Essa viatura foi feita perícia pela Polícia Civil, os equipamentos foram retirados e ela voltou para empresa”, disse o relações públicas da PM.

No Brasil, a promotora que acompanha o caso do Rio de Janeiro diz que só a tecnologia não adianta: “Tem um equipamento caro, ótimo, excelente, mas se não tiver monitoramento todo dia não resolve nada. Se demorasse mais tempo para elucidar o crime, provavelmente, poderia ter sido apagada a prova de um crime”.

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